Jovens e talentosos, Chargers são os azarões ao Super Bowl para ficar de olho em 2018

Leitura Rápida: Depois de um início 0-4 e quase chegar aos playoffs na temporada passada, o Los Angeles Chargers pode aprontar e corre por fora na Conferência Americana.


[dropcap size=big]T[/dropcap]odos os anos algum time hipster, ou seja, fora do grupo de frequentes candidatos ao Super Bowl (Patriots, Steelers, Packers, Seahawks etc.), ganha destaque durante a intertemporada e passa a ser visto como uma potencial ameaça à hegemonia das grandes forças da NFL. Muitas vezes as expectativas não se confirmam e quem apostou nessas “equipes alternativas” acaba quebrando a cara, como foi o caso dos empolgados com os Jaguars em 2016 ou com os Buccaneers na temporada passada. Faz parte.

Enfim, agora chegou a vez de embarcar no bonde do Los Angeles Chargers. Após abrir 2017 com quatro derrotas seguidas, a franquia engrenou, venceu seis dos seus últimos sete compromissos, terminou com um record 9-7 e quase conseguiu uma classificação improvável aos playoffs. Na verdade, não fosse pela instabilidade com seus kickers no início da temporada, entre eles o glorioso Younghoe Koo, Los Angeles provavelmente teria chegado no mata-mata, haja vista field goals desperdiçados terem influenciado diretamente em algumas derrotas.

Durante a arrancada, os Chargers mostraram virtudes que os credenciam ao posto de possíveis grandes surpresas de 2018, quem sabe até ameaçando a supremacia de New England na Conferência Americana. Dentro da AFC West, por sua vez, eles inclusive foram apontados por John Elway como o time a ser batido.

O ataque é bom, mas é a defesa que pode ser diferente e especial

Carregados pela defesa, os Jaguars chegaram à final da AFC ano passado com Blake Bortles under center e um ataque aéreo que perdeu seu melhor recebedor na semana 1. O que esperar então de uma equipe com um potencial defensivo similar, porém com um ataque recheado de playmakers e um discutível Hall of Famer na posição de quarterback?

Essa é a realidade de Los Angeles. A franquia talvez não tenha tanta profundidade e talento defensivo quanto Jacksonville, mas, em todo o caso, não fica muito atrás.

Aos poucos e sem muito alarde, os Chargers montaram uma das melhores secundárias da NFL. Se mantiver o nível de atuação das últimas duas temporadas, Casey Hayward mais cedo ou mais tarde entrará na lista de melhores contratações da história da Free Agency. Não há muito o que dizer de um cornerback que permitiu um passer rating de 58,6 em 2017. Ademais, o safety Jahleel Addae e o slot corner Desmond King são igualmente sólidos.

A unidade terá todos seus titulares de volta em 2018, com exceção do free safety Tre Boston, e deve ficar ainda mais forte com o retorno de Jason Verrett e a adição do calouro Derwin James. Se conseguir ficar saudável (o que está longe de ser uma certeza, diga-se de passagem), Verrett pode fazer uma das melhores duplas de cornerbacks da liga com Hayward. Já James, considerado por alguns como o novo Kam Chancellor, foi uma baita barganha na 17ª posição geral do Draft e já chega para ser titular desde a primeira semana. Seu impacto será sentido tanto no jogo aéreo quanto terrestre.

Contudo, a secundária não foi a única responsável por Los Angeles ter acabado com a terceira melhor defesa contra o passe (197,2 jardas aéreas cedidas em média). Boa parte dos méritos também vai para o pass rush, sobretudo a dupla Joey Bosa e Melvin Ingram, responsável 23 dos 43 sacks da equipe. Ambos são extremamente valiosos porque possibilitam que os Chargers pressionem o quarterback sem precisar mandar blitzes toda hora. Mesmo assim, a franquia selecionou Uchenna Nwosu, outro edge rusher, na segunda rodada Draft, trazendo mais profundidade ao grupo.

O único ponto fraco dessa defesa é o combate ao jogo terrestre. Na temporada passada, os Chargers foram o segundo pior time da NFL no quesito (131,1 jardas pelo chão cedidas por partida). Eles não fizeram muita coisa durante a offseason para mudar a situação, embora ter Derwin James patrulhando o box certamente possa ajudar a melhorar este desempenho sofrível, então isso é algo que pode ser seu calcanhar de Aquiles.

Seja como for, Los Angeles tem nas mãos talvez a próxima grande defesa da liga – na verdade, ela já foi ótima em 2017, cedendo apenas 17 pontos por jogo. O mais incrível é que a maioria desse pessoal citado acima é muito jovem, ainda podendo crescer e render por vários anos. Para você ter uma ideia, os mais veteranos são Ingram e Hayward, respectivamente com 29 e 28 anos – Bosa, por sua vez, ainda nem completou 23 e já é um excelente pass rusher.


Do outro lado da bola, as coisas também vão bem

A base do ataque de Los Angeles seguirá sendo o quarteto trio Philip Rivers, Keenan Allen, Melvin Gordon e Hunter Henry (machucado e fora da temporada). Não há muito de novo a dizer sobre eles, a não ser que Allen, agora saudável, recuperou a boa forma e se consolidou como um dos melhores wide receivers da liga. Henry, por sua vez, enfim teria um papel integral no ataque após a franquia decidir se despedir do veteraníssimo Antonio Gates. Já estava ficando meio ridículo o quanto o tight end era subutilizado, inclusive passando jogos inteiros sem ser alvo de um único lançamento. Uma pena que tenha rompido ligamento do joelho e não jogue em 2018. Será que Gates volta? Cenas dos próximos meses.

O destaque aqui vai para o possível salto de qualidade na linha ofensiva. A contratação do center Mike Pouncey foi boa, embora o veterano não venha de uma das melhores temporadas da carreira. Pouncey já foi eleito três vezes ao Pro Bowl e parece ainda ter lenha para queimar. Além disso, Forrest Lamp, guard escolhido na segunda rodada do Draft 2017, pode finalmente fazer sua estreia depois de perder o ano de calouro inteiro por conta de um ligamento rompido no joelho. Lamp passou por outra pequena cirurgia recentemente, mas a expectativa é que ele esteja recuperado até a temporada começar.

Ambos irão se juntar ao razoável left tackle Russell Okung e ao guard segundanista Dan Freeney, o qual viveu altos e baixos como calouro, porém deve crescer de rendimento com mais experiência profissional. Depois de muito tempo, os Chargers podem voltar a ter uma linha ofensiva confiável, se a unidade não for devastada por lesões como ocorreu frequentemente nos últimos anos.

Por fim, vale lembrar também de Mike Williams. O wide receiver foi bastante discreto em sua temporada de estreia, até porque perdeu tempo lidando com lesões, mas a expectativa é que a sétima escolha geral de 2017 contribua muito mais a partir de agora.


Até onde os Chargers podem ir?

John Elway disse há alguns dias que os Chargers talvez sejam o time a ser batido na AFC West. Declarações assim costumam ter um teor mais político, como o de tirar a pressão da sua própria equipe e colocar nas costas do adversário, mas o general manager dos Broncos não falou nada absurdo. Denver está com um quarterback titular novo e vem de um ano péssimo. Kansas City está passando por uma reformulação no elenco e terá sua primeira experiência com Patrick Mahomes under center. Já Oakland vive um período de revolução e incertezas com a volta de Jon Gruden.

Isso quer dizer que Los Angeles já ganhou a divisão e todos os outros times são um lixo? Óbvio que não. Significa apenas que a sua casa, no momento, está mais arrumada do que a dos concorrentes. Para vencer a AFC West, entretanto, a franquia precisará superar o trauma chamado Kansas City Chiefs. Os Chargers não vencem os rivais desde 2013 – já são oito derrotas consecutivas.

Caso a maioria dessas previsões otimistas se confirmem (título divisional, defesa de elite etc.), aí o céu passa a ser o limite para Los Angeles. Conforme nos mostrou Jacksonville, é possível sim um time visto como periférico antes da temporada começar desafiar uma potência consolidada da liga, mesmo atuando fora de casa. Os Chargers têm o principal para uma ida de sucesso aos playoffs: talento de sobra.

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