Kirk Cousins e a free agency: quais os prós e contras de cada time?

[dropcap size=big]O[/dropcap] período de free agency é sempre agitado, mas a ausência de quarterbacks de alto nível no mercado é comum. Nada nos esportes americanos é tão importante quanto possuir um franchise quarterback e, por esse motivo, é extremamente raro vermos bons jogadores na posição disponíveis no mercado (ao fim do contrato) quando o novo ano da NFL se inicia em março – a última vez que isso ocorreu, por exemplo, foi com Peyton Manning em 2012 – também com Drew Brees em 2006 – e eles estavam se recuperando de cirurgia.

Doze anos depois, Kirk Cousins quase que certamente atingirá o mercado como um free agent irrestrito (e saudável, algo ainda mais raro) em 14 de março. Depois de dois anos jogando sob a franchise tag com Washington e com a organização adquirindo Alex Smith por meio de troca – e dando-lhe uma gigante extensão contratual -, é irrisória a possibilidade da franquia aplicar a tag pela terceira vez consecutiva buscando trocar o quarterback, já que os riscos financeiros seriam grandes demais.

Dessa forma, equipes que procuram um novo líder na posição mais importante do esporte tem a chance de obtê-lo antes do Draft. São sete as opções plausíveis para assinar com o jogador e, nesse texto, nós as classificamos, apresentando prós e contras a decisão do jogador. Aqui, é como se você brincasse de Kirk Cousins. Analise cada cenário junto com a gente.



IMPORTANTE: Para fins de cálculos sobre o espaço disponível na folha salarial, utilizaremos a projeção do OverTheCap.com para o Ano Fiscal de 2018 – 178 milhões de dólares.

7. Arizona Cardinals

Pros:

  •  Uma boa comissão técnica no lado ofensivo da bola (Mike McCoy, Byron Leftwich);
  •  Elenco com boas peças sob contrato

Contras:

  • Não tem espaço suficiente no teto salarial para reforçar o elenco se contratar o quarterback;
  • Jogará numa das divisões mais difíceis da liga (NFC West)
  • Pouca ou nenhuma familiaridade com o sistema ofensivo

Arizona é um time que certamente estará buscando por um passador quando a free agency se iniciar, já que a aposentadoria de Carson Palmer deixou a equipe com nenhum quarterback sob contrato. A chance de Cousins rumar ao deserto existe, e o novo head coach Steve Wilks já declarou que a equipe pretende ser agressiva no mercado.

O grande problema com relação à contratação do jogador é justamente dinheiro. O Cardinals deve ter perto de 23 milhões disponíveis para gastar, e sabe-se que será impossível contratar Cousins por um valor que não tenha 25 milhões anuais como mínimo. É claro que Steve Keim pode cortar laços/reestruturar o contrato de alguns jogadores e abrir espaço na folha salarial, mas é mais provável imaginar que Kirk simplesmente não jogará por Arizona em 2018. Daí o último lugar aqui.

6. Buffalo Bills

Pros: 

  • Time recém-chegado à pós-temporada com nova coaching staff/front office

Contras:

  • Não tem espaço suficiente no teto salarial para reforçar o elenco se contratar o quarterback;
  • Duas escolhas de primeira rodada para a equipe, pode investir numa subida no Draft e buscar QB;
  • Divisão quase impossível de conquistar – a dinastia continua em Foxboro;

O Buffalo Bills nesse momento tem o pior grupo de recebedores da liga, e a saída de Jordan Matthews rumo à free agency somada a aposentadoria de Eric Wood desfalcam ainda mais o que foi um dos ataques mais inefetivos da NFL em 2017. Com aproximadamente 30 milhões de dólares disponíveis na folha salarial, se a equipe supostamente assinar com o jogador, faltará espaço para reforçar outros setores que muito precisam de melhorar. Para que este improvável casamento role mesmo, os Bills precisariam se desfazer de Tyrod Taylor (foto acima).

Com duas escolhas de primeira rodada graças à troca com o Kansas City Chiefs no Draft passado, Buffalo tem munição suficiente para subir no primeiro dia de seleções e adquirir um quarterback. Mesmo com Sean McDermott e Brandon Beane impressionando no primeiro ano juntos em Orchard Park, o Bills é outro time que possui chances ínfimas de contar com Cousins em 2018.

5. Cleveland Browns

Pros: 

  • Maior espaço na folha salarial disponível em toda a liga;
  • Pode ser atraído pela premissa de “ser o jogador que mudou a história do Browns”.

Contras: 

  • O time manteve o treinador responsável pela campanha de 1-31 nas últimas duas temporadas;
  • Os Browns têm duas escolhas no top 5 do Draft e devem ir atrás de um quarterback;
  • Elenco ainda longe de competir.

Exceto pelo espaço disponível na folha salarial, não há uma enxurrada de motivos suficientes para atrair Cousins para Cleveland. Acredita-se que o Browns escolherá um quarterback do futuro com a primeira escolha geral e a chegada de John Dorsey foi vista com bons olhos pelos círculos da NFL; contudo, após duas décadas repletas de fracassos, não serão esperanças que mudarão as expectativas em Ohio, e sim resultados. Talvez um alto salário junto a ser reconhecido como “o quarterback que mudou a história de Cleveland” possa causar algum interesse em Kirk, mas é bastante improvável que ele seja um jogador dos Browns em 2018.



4. Denver Broncos

Pros: 

  • Pode pagar ao jogador o que ele deseja;
  • Time com uma forte defesa;
  • A AFC West é um mar de incertezas.
  • Time parece disposto a se livrar de salários caros para trazer Cousins (Aqib Talib, por exemplo)

Contras:

  • Time envelhecido, no fim da janela de Super Bowl
  • Pressão mais forte do que em todas as outras opções, vide os desastres de 2017 na posição
  • Prováveis cortes/trocas dos principais recebedores do time

A primeira equipe com possibilidades reais de assinar com o jogador é o Denver Broncos, que já tirou a sorte grande com um quarterback na free agency no início da década quando Peyton Manning foi dispensado do Indianapolis Colts para que Andrew Luck pudesse tomar às rédeas do futuro. John Elway é um fã declarado de Cousins e depois de ver seus dois últimos anos jogados no lixo por falta de um passador competente, é bastante alta a chance de Denver investir pesado nessa contratação.

Os Broncos, de momento, têm apenas 26 milhões disponíveis, mas acredita-se que esse espaço subirá bastante com alguns movimentações no elenco. O problema é que alguns desses movimentos provavelmente envolverão os dois principais recebedores da equipe: Demaryius Thomas e Emmanuel Sanders representam dois dos quatro contratos mais caros da organização e, depois de um ano abaixo da média de ambos, nenhum deles permanecerá no time com um salário tão alto.

A equipe possui ainda diversos remanescentes da conquista do Super Bowl 50, mas a idade de vários jogadores já é avançada e a janela para a conquista de mais um título está chegando perto do fim. O problema é que, em Denver, os fãs não são assim tão pacientes com o desempenho do time. Jogar na AFC West pode ajudar aqui, já que a divisão possui incertezas em todos os times e não há um claro favorito atualmente.

3. New York Jets

Pros: 

  • Pode pagar a Cousins o quanto ele desejar;
  • Equipe com MUITO espaço na folha salarial;
  • Familiaridade com o sistema do novo coordenador ofensivo Jeremy Bates;
  • Munição suficiente para reforçar o ataque;
  • Estabilidade na coaching staff
  • Oportunidades comerciais por jogar na maior cidade do país

Contras:

  • Elenco ainda longe de competir;
  • Divisão quase impossível de conquistar;
  • Prefere um estilo mais calmo do que o frenesi nova-iorquino
  • Tabloides e imprensa de Nova York vão cair matando se ele não jogar bem
  • AFC East e os Patriots colocando o sarrafo lá no alto ano sim, ano também

Os Jets surgem como boa opção para assinar com Cousins por já terem passado da primeira e mais difícil fase da reconstrução. Sim, sabemos, as cinco vitórias em 2017 foram além da expectativa, e isso diz muito sobre o nível da equipe. Ainda assim, sabe-se que Todd Bowles é um bom técnico e que seus jogadores o adoram.

Tirando o óbvio fator financeiro, que pode ser a única coisa importante na cabeça de Cousins e não sabemos, algo que deve pesar positivamente sob o New York Jets é que o novo coordenador ofensivo Jeremy Bates faz parte da coaching tree de Mike Shanahan, pai do atual treinador do San Francisco 49ers Kyle Shanahan e antigo coordenador ofensivo de Washington. Os sistemas ofensivos imprimidos por Kyle e por Jeremy são semelhantes.



Os Jets possuem perto de 80 milhões disponíveis para gastar e, numa conta rápida, o valor disponível se Cousins assinar deve ficar perto dos 50 milhões. É bastante espaço, claro, mas o time está ainda muito longe de competir. Com uma escolha extra de segunda rodada e algumas contratações no mercado, New York deve diminuir a distância para as equipes que foram para a pós-temporada.

Por fim, algo que pode pesar contra é que Cousins é notoriamente um jogador de estilo mais calmo, e após lidar por seis temporadas com a disfuncionalidade característica da franquia de Washington, ter de enfrentar a mídia de New York não deve ser algo muito atrativo.

2. Jacksonville Jaguars

Pros:

  • Discutivelmente, a um quarterback de se tornarem favoritos na AFC;
  • Cousins não teria total pressão, já que a defesa é a fortaleza do time
  • Jacksonville pode sim manobrar a folha salarial de modo a suportar o quarterback.

Contras:

  • Existe a chance do salário de Bortles se tornar garantido por conta de sua cirurgia (e, consequentemente, a ativação da cláusula que o protege em caso de lesão).

É uma discussão justa se o Jacksonville Jaguars teria saído de New England com a vitória na final de conferência se tivesse um quarterback mais capaz do que Blake Bortles. Seja como for, os Jaguars têm boas possibilidades de manobrar a folha salarial de modo a acomodar o passador e transformar a equipe na maior ameaça contra os Patriots na AFC.

O time da Florida possui a melhor defesa da liga, além de um elenco recheado de jovens playmakers. O único fator que pesa contra a contratação do jogador é a incerteza quanto à Blake Bortles: seria fácil para Jacksonville cortar o jogador e salvar 19 milhões na folha salarial… Se Bortles não tivesse passado recentemente por cirurgia no punho e, caso não passe nos testes físicos até 14 de março, seu salário anual se torna garantido – e se assim ficar, não sobra espaço para contratar Kirk Cousins. Escolher um novo passador no Draft é uma possibilidade distante, pois a escolha dos Jaguars encontra-se no fim da primeira rodada.

1. Minnesota Vikings

Pros: 

  • Bastidores indicam que é a opção #1 de Cousins;
  • Time mais perto do Super Bowl dentre todas as opções;
  • Além de um excelente time, o Vikings possui espaço na folha salarial para investir em Cousins;
  • O playbook de John DeFilippo tem similaridades com o de Kyle Shanahan.

Contras:

  • Diversos contratos de jogadores bons e jovens perto de expirar (sobretudo na defesa)

Imagine-se na pele de Kirk Cousins. Depois de três temporadas como titular na bagunça de Washington, Rick Spielman te apresenta sua visão para levá-lo à Minneapolis: uma excelente comissão técnica, instalações dentre as mais impressionantes da liga e um time jovem, favorito na NFC North e que esteve a apenas um jogo de disputar o último Super Bowl. Como isso não pode atrair algum quarterback?

Cousins tem de pensar mais no time do que em si mesmo aqui. O Vikings tem em torno de 50 milhões de dólares disponíveis na folha salarial, mas quatro free agents importantíssimos (Barr, Hunter, Diggs e Kendricks) terão em 2018 seu último ano de contrato. O que ele prefere: mais dinheiro ou uma chance maior de um anel?

Kirk nunca teve uma chance real de vencer em Washington. Com um coordenador que certamente terá um impacto positivíssimo sob o jogador e com um time dentre a elite da liga, Minnesota apresenta a melhor opção para o jogador. Resta saber se Cousins estará disposto a reduzir seus ganhos em alguns milhões por ano.

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