Depois de três anos de Patrick Mahomes como titular na NFL, precisamos ficar atentos a uma ocorrência comum quando surgem jogadores de talento fora de série: ele é tão bom que nos acostumamos com isso e deixamos de nos impressionar. E quando ele continua fazendo essas coisas de forma consistente, deixamos de nos impressionar ou de prestar atenção porque ele simplesmente faz isso o tempo inteiro.
Já vi esse fenômeno com outras superestrelas – Lionel Messi no futebol, LeBron James na NBA, enfim, você que está lendo esse texto já se lembrou de vários outros. Quando penso em Patrick Mahomes, que julgo ser o melhor quarterback da NFL na atualidade, procuro ficar atento pra que isso não aconteça. Os três primeiros anos de Mahomes pra mim foram de um nível tão alto que o único quarterback que vi alcançar tal nível foi Aaron Rodgers no começo da última década.
Ele, sozinho, não vai ganhar títulos para o Kansas City Chiefs – e a derrota no último Super Bowl, com Mahomes correndo para quase 500 jardas escapando de sacks ou pressões, foi um bom choque de realidade para a franquia. Que entendeu o recado e se mexeu adequadamente, remontando sua linha ofensiva. Com proteção reforçada, Mahomes larga como o grande favorito na corrida para o prêmio de MVP da NFL em 2021 – que, como sabemos, destoa do nome (Jogador mais valioso, em tradução literal) e premia o melhor jogador da temporada.
Mahomes e Chiefs: motivação extra
Não é como se o time de Andy Reid precisasse de motivação para ser um dos melhores da liga, mas imagine o quanto as memórias do último Super Bowl pesaram na cabeça de todo mundo em Kansas City ao longo dos últimos 7 meses. Mahomes, machucado, precisando correr por sua vida durante quase todos os snaps, enquanto o pass rush dos Buccaneers se deliciava contra os tackles reservas dos Chiefs em toda jogada.
É do instinto natural de um atleta usar as derrotas como motivação, e Mahomes nunca precisou se recuperar de uma derrota tão grande na NFL. Só que a derrota em fevereiro foi além do aspecto psicológico: virou questão de negócios. Mahomes apanhou tanto que os Chiefs remodelaram toda a linha ofensiva, seja via free agency, troca ou via Draft. O grupo atual é muito melhor que o do ano passado, mais jovem e não possui histórico extenso de lesão.
Por melhor que o quarterback dos Chiefs seja quando sai do pocket e lança sem uma boa de lançamento, não dá pra você construir seu ataque a partir disso – e, pelo amor de Deus, não existe necessidade de expor Mahomes desse jeito. Mantê-lo seguro sempre será a melhor forma de utilizá-lo, mesmo que isso signifique menos highlights.
A linha ofensiva de Kansas City nunca foi grande coisa. Tinha muito talento nas pontas, é claro, mas o grupo de 2021 é bastante superior as outras versões desde 2018. O quarterback foi sackado, em média, 25 vezes a cada temporada como titular, só que esse número obviamente é ajudado pela quantidade de vezes que ele sai do pocket e estende a jogada.
Agora com uma linha ofensiva de melhor qualidade, principalmente na proteção para o passe, o ataque irá fluir ainda melhor, seja com Tyreek Hill esticando o campo, seja Travis Kelce encontrando espaço entre as zonas intermediárias, seja Clyde Edwards-Helaire como opção saindo do backfield. Um ótimo ataque à volta de um jogador que lançou 114 touchdowns em 3 anos como titular e que está apenas atingindo seu auge.
É o que diz o ditado: quem bate, esquece, mas quem apanha, jamais. O ataque dos Chiefs deve ser uma versão ainda mais afinada da mesma potência que foi nos últimos 3 anos. Por isso, Mahomes é o grande favorito para o prêmio de MVP em 2021.
Fique de olho
12 anos. Essa é a diferença de idade entre os dois maiores concorrentes de Mahomes ao prêmio de MVP. Josh Allen, quarterback do Buffalo Bills, tem apenas 25 anos de idade assim como Patrick, enquanto que Aaron Rodgers, quarterback do Green Bay Packers e atual vencedor do prêmio, tem 37.
Allen tem um grupo de recebedores ainda mais reforçado e é o principal oponente de Mahomes. Rodgers só começa um pouco atrás por causa das incertezas da linha ofensiva de Green Bay, mas não há razões para acreditar que seu desempenho do ano passado cairá em 2021 – não temos um vencedor em anos consecutivos desde Peyton Manning em 2008-09.
Outros concorrentes que sempre estão na briga mas que possuem menos chances são Russell Wilson, Tom Brady, Lamar Jackson etc., e em uma escala ainda menor, jogadores como Derrick Henry, Dalvin Cook e Alvin Kamara, embora jogadores que não são quarterbacks sejam mais favoritos ao prêmio de Jogador Ofensivo do Ano. A narrativa torna muito improvável que não-quarterbacks sejam MVPs, então a menos que alguém tenha uma temporada tal qual Adrian Peterson em 2012, um passador será considerado o melhor jogador da liga mais uma vez.
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