Manning ou Osweiler, qual a melhor opção para Denver?

Não é segredo para ninguém que, à partir da segunda metade da temporada de 2014, Peyton Manning não era mais o lendário quarterback de anos passados. Menos de um ano depois de obliterar recordes de touchdowns passados e jardas aéreas para sua posição, estava claro que as habilidades do futuro jogador de Hall da Fama não eram as mesmas. Em 2015, ao invés de melhorar – tendo uma offseason para descansar -, Manning regrediu. E muito.

Sim, a troca de técnicos forçou o jogador a aprender um novo esquema, com novos termos e conceitos, o que explicaria algumas performances abaixo da média. O que vimos até o ponto da lesão de Manning, contudo, não pode ser justificado apenas pela troca de técnicos. Enquanto a força no braço do jogador não é a mesma, Manning também não está tomando as decisões corretas – do ponto de vista mental do jogo mesmo. Lança a bola em coberturas duplas, não vê linebackers cobrindo rotas intermediárias, enfim, mostra que há muito mais por trás de suas performances ruins do que apenas a idade.

Mesmo sem jogar há 5 semanas, Manning lidera a NFL com 17 interceptações, ante apenas 9 touchdowns. É verdade que durante o tempo que foi titular, os Broncos mantiveram-se invictos até a semana 9, mas pouco crédito de fato poderia ser dado ao lendário lançador. Com a melhor defesa da NFL – não cedia 300 jardas a um quarterback até enfrentar o potente ataque de Pittsburgh no último domingo -, o que Denver precisava era de um clássico game-manager, alguém que minimizasse erros e desse poucas oportunidades “gratuitas” para os oponentes. Como citado anteriormente, Manning era o inverso disso. A performance que sacramentou isso foi a da semana 10, contra Kansas City. Manning saiu da partida após postar uma stat sheet de 5/20, para 35 jardas e 4 interceptações. Ali já estava claro: Manning, lesionado ou não, precisava sair. Para o seu lugar, entra Brock Osweiler.

Como Brock se saiu como titular?

Após a derrota contra Kansas City, Osweiler, escolha de 2ª rodada do Draft de 2012 por Denver, assumiu como titular, e levou Denver ao caminho das vitórias novamente. Mais seguro com a bola, o jogador não lançou interceptações contra Chicago, completando pouco menos de 80% de seus passes. Contra New England, Osweiler, apesar da surpreendente vitória, deu indícios de um grande problema que, no fim das contas, poderá decidir a discussão entre ele e Manning: performance no segundo tempo. Depois de um primeiro completando mais de 2/3 de seus passes, Osweiler teve um segundo tempo bastante inefetivo, completando apenas cerca de 50% dos passes, sendo decisivo apenas nos minutos finais da partida (Tim Tebow, alguém?). O que seria apenas um indício ante New England, tornou-se realidade nas partidas seguintes.

Contra Oakland, na semana seguinte, Osweiler mostrou bom comando do ataque no primeiro tempo, apesar de ser pouco efetivo na red zone, fazendo sua equipe chutar 4 field goals e não anotar nenhum touchdown. No segundo tempo, contudo, a produção de Brock não foi a mesma. Claramente abalado pela pressão constante da linha defensiva de Oakland – liderada por Khalil Mack -, o quarterback não conseguiu fazer o ataque pontuar, tendo inúmeras campanhas de 3 & out (três jogadas e punt). Inclusive, da semana 11 (quando Osweiler jogou sua primeira partida como titular) até a partida contra Pittsburgh, Denver liderava a NFL com dezoito 3 & outs, e não haviam chegado à end zone adversária nas últimas 23 (!) campanhas. “Eu não estava fazendo as leituras corretas muitas vezes” disse Osweiller, em entrevista após a partida.

Para sacramentar a narrativa, chegou a partida contra Pittsburgh. Não cabe aqui analisar, com profundidade, se o sucesso de Osweiler no primeiro tempo foi devido à seu próprio talento, ao gameplan montado por Gary Kubiak ou à incrível falta de talento na secundária adversária. A realidade que vimos foi uma só: um quarterback realizando leituras corretas, lançando passes precisos – tanto curtos quanto intermediários e longos – e com boa movimentação no pocket, fugindo da pressão e utilizando as pernas quando necessário. Não pra menos, liderou a equipe para incríveis 27 pontos no primeiro tempo, no que parecia ser uma vitória tranquila. Parecia.

Após ajustes – que, diga-se de passagem, todas equipes fazem no intervalo -, Pittsburgh conseguiu anular o ataque de Denver, que não ofereceu nenhum perigo à frágil defesa dos Steelers. Com punt após punt, a torcida dos Broncos viu o potente ataque adversário dominar a partida, de modo que não era mais possível apoiar-se apenas na defesa. Com o jogo empatado, Osweiler – após ter outras interceptações dropadas -, lançou uma interceptação para o linebacker Ryan Shazier, a qual os Steelers aproveitaram para converter em touchdown e assumir, de forma definitiva, a liderança no placar.

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Ficou claro que, apesar de ter algumas qualidades, Brock ainda não é capaz de jogar 4 quartos consistentes contra boas equipes. No primeiro tempo das partidas, Osweiler completa 73% de seus passes. No segundo tempo? 47%. Além disso, o quarterback não lança um touchdown no segundo tempo das partidas desde o jogo contra New England. A culpa nesse caso não é só do jogador, contudo. A comissão técnica também tem que antecipar os ajustes que as defesas fazem no intervalo, trabalhando para que o jogador não fique desconfortável. Sim, Brock deve ser mais consistente do que vem sendo para Denver ter alguma chance nos Playoffs – caso seja o caso dele jogar. Ao mesmo tempo, a comissão técnica tem que estar mais atenta aos ajustes do adversário.

E então?

Enquanto isso, temos um Manning que não tem mais a força nos braços necessária para jogar a posição, além de se mostrar completamente imóvel ante a pressão adversária e, para completar, totalmente frágil e exposto a lesões. É seguro afirmar que, até aqui, Gary Kubiak não teve de tomar uma decisão difícil para a posição. Todas as ações dos técnicos eram óbvias: tirar Peyton Manning do jogo contra Kansas City para que ele se recuperasse da lesão no pé, além de seguir com Osweiler como titular até aqui, foram movimentações bastante fáceis de se fazer. Agora, contudo, Kubiak precisa medir: contar com um Manning que já assumiu que não estará 100% nessa temporada e que possivelmente terá de fazer uma cirurgia na offseason, ou rezar para que Brock Osweiler aprenda a jogar dois tempos consistentes de uma partida na NFL?

Não tem como, aqui, agora, saber qual será a decisão correta – se alguém soubesse, essa pessoa estaria ganhando muito dinheiro no momento. O que sabemos até aqui é que Manning, quando jogou, cometeu diversos turnovers, os quais foram “suavizados” pelas performances espetaculares da defesa. Sabemos também que ele não está 100% fisicamente e provavelmente nunca mais estará. Para Osweiller, sabemos que ele cuida mais da bola do que Manning vinha cuidando, mas, como ainda não tem muita experiência, sofre com ajustes dos adversários, faltando-lhe, acima de tudo, maturidade. Sabemos também que, em momentos cruciais, Osweiler viu seus recebedores droparem passes ridículos. E que, além disso, diante de uma linha ofensiva questionável, Osweiler tem a vantagem de saber fugir da pressão com as pernas e, ocasionalmente, consegue jardas valiosas pelo chão. Diante desses fatos, é difícil imaginar que Manning dá a Denver mais chances de vitória no futuro do que Osweiler.

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