McVay e Nagy: o que aconteceu depois de fazerem seus ataques brilharem?

Ambos foram muito aplaudidos após 2018, mas não mantiveram resultados em 2019. É justo colocar os dois no mesmo pote?

Fim da temporada de 2018 da NFL: Matt Nagy vence o prêmio de treinador do ano pelo desempenho frente ao Chicago Bears. Sean McVay chega ao Super Bowl LIII com o Los Angeles Rams e, mesmo sendo batido no jogo decisivo pelo New England Patriots, é tido por todos como o futuro da liga, em especial pela performance ofensiva de seu time. Dois técnicos jovens que são amplamente propagados como a “nova geração” de treinadores da NFL – aquela que trará um sopro de modernidade e iniciará uma era.

Dezembro, 2019: nenhum dos dois consegue a classificação aos playoffs. Matt Nagy é duramente criticado por não ter encontrado uma solução ou mesmo substituído o quarterback Mitchell Trubisky. McVay também não encontrou respostas quando viu seu sistema mapeado. Salvo raros momentos na temporada, a falta de ajustes que colocassem Jared Goff em situações confortáveis fez o time desandar e dessa forma o ano foi para o ralo, numa NFC West que fica cada vez mais forte. Rápida mudança não? Mas será que Nagy e McVay mereciam tanto crédito ou a empolgação aconteceu excessivamente cedo?

McVay é bom, mas seu ego lhe cegou

Não discuto a qualidade de McVay. Sua chega aos Rams fez um time que vinha de constantes fracassos com o ultrapassado Jeff Fisher, ter uma sobrevida na NFL. Ao encaixar um sistema repleto de corridas com bloqueios em zona, motions e screens, o treinador facilitou a vida de Goff. A ideia de ir rapidamente para linha de scrimmage, para que ele pudesse chamar os audibles, em vez de seu quarterback funcionou muito bem e fez com que vários confrontos favoráveis fossem produzidos a favor de seu time.

O problema é que na NFL ninguém é bobo: com um ano do sistema dos Rams todo em tape, os coordenadores defensivos o mapearam. O que o treinador do time de Los Angeles fez? Nada. Usou tudo exatamente da mesma maneira. Além disso, juntamente com o general manager Les Snead, foi responsável pela renovação de Goff com um contrato milionário. Em nenhum momento o miolo da linha ofensiva foi qualificado da maneira que merecia e a pressão pelo meio acabou com Goff. Ou seja, McVay acreditou que resolveria tudo simplesmente por ser ele. Se focar em ser criativo e tiver humildade, tem talento para voltar aos bons resultados.

Nagy traz muito mais dúvidas

Matt Nagy chegou ao Chicago Bears credenciado por bons anos como coordenador ofensivo do Kansas City Chiefs. Claro que ter Mitchell Trubisky como seu quarterback é um (enorme) limitador, mas o que ele fez frente ao ataque de sua equipe? Pouco, muito pouco. Apesar de ter sido o nono ataque que mais anotou pontos, foi apenas o vigésimo primeiro em jardas. Ou seja, se aproveitou de campos curtos e turnovers, cortesia da melhor defesa da liga naquele ano. Em várias partidas, abdicou do jogo terrestre e Trubisky passou dos 30 passes – claramente longe do ideal, considerando o quarterback que tem. 

Mérito seu na montagem defensiva então? Nem tanto: a unidade já era preparada pelo coordenador Vic Fangio desde 2015. Em 2019, após sua saída, a queda foi evidente. O ataque desmoronou de vez, sendo um dos cinco piores de toda liga. Colocar 100% da responsabilidade nas costas de Trubisky, de toda forma, seria injusto: grandes treinadores trazem soluções que minimizem o problema. Não foi isso o visto na última temporada: o ataque dos Bears era modorrento e sem qualquer traço de criatividade. Sendo bem realista, Nagy pouco provou e 2020 pode ser sua última chance no comando do time de Chicago.

Controlar a empolgação é fundamental

A necessidade do novo, do diferente, é comum em qualquer atividade e a NFL não seria exceção. O problema é que a busca pela novidade em alguns momentos gera empolgação excessiva. Isso faz com que joio e trigo sejam colocados no mesmo balaio e vendidos como se fossem a mesma coisa. É preciso mais tempo antes de propagar novos “gênios” e maior parcimônia na hora de separar e entender quem é quem. Caso contrário, erros como colocar McVay e Nagy na mesma prateleira irão acontecer de novo.

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