Ao contrário do general manager Dave Gettleman e do coordenador ofensivo Jason Garrett, o head coach Joe Judge começou a temporada gozando de algum prestígio junto à imprensa e aos torcedores. Não que ele fosse imune às críticas, mas a sequência de vitórias e a briga pelos playoffs na reta final de 2020 passaram a impressão de um time ganhando corpo e achando um caminho.
Pura ilusão. Com apenas duas vitórias em oito semanas e já praticamente eliminado da disputa por título de divisão ou mesmo Wild Card, o New York Giants parece de volta à estaca zero sob a batuta de Judge. Na verdade, parece pior em comparação a quando ele chegou. A constrangedora derrota diante do Kansas City Chiefs, por exemplo, escancarou os problemas de comando da equipe, incluindo decisões questionáveis da comissão técnica, péssimo gerenciamento do relógio e indisciplina dos jogadores.
Dois anos depois, ainda não sabemos quem é Joe Judge
A contratação de Judge em janeiro de 2020 foi no mínimo curiosa. Na época treinador dos wide receivers e coordenador dos especialistas do New England Patriots, ele não estava no radar de ninguém para assumir uma posição de head coach.
De fato, até agora não sabemos ao certo o que seduziu o front office de New York. Judge é um técnico de mentalidade ofensiva ou defensiva? Qual tipo de ideia de jogo ele possui? Provavelmente ninguém sabe, afinal as pessoas não dizem “a defesa de Joe Judge” ou o “ataque de Joe Judge”, elas dizem “a defesa de Patrick Graham” e o “ataque de Jason Garrett”. Em suma, os Giants não possuem uma identidade relacionada ao seu treinador principal, nada similar às impressões digitais de Kevin Stefanski no Cleveland Browns ou Matt Rhule no Carolina Panthers, outros nomes da classe de 2020.
Fica cada vez mais óbvio que a franquia apostou todas suas fichas na grife “discípulo de Bill Belichick”. No caso, o plano era trazer alguém para mudar a mentalidade da organização e implantar a cultura vencedora dos Patriots em New York. Daí o discurso linha dura de Judge em sua apresentação e seu método exótico de trabalho, o qual inclui prender bolas de tênis nas mãos dos defensive backs para ensiná-los a não cometer faltas ou obrigar atletas indisciplinados a correrem em volta do campo.
É a versão futebol americano dos times de futebol que hoje em dia contratam alguém como Felipão ou Vanderlei Luxemburgo, acreditando que experiência e motivação podem compensar falta de preparo e ideias. Não costuma dar resultado no mundo da bola redonda, não teria porque dar certo no mundo da bola oval.
Batata de Judge está no forno
A pior coisa é contratar um técnico com fama de disciplinador e a equipe continuar indisciplinada, seja fazendo uma falta atrás da outra, seja cometendo erros mentais em momentos cruciais das partidas. Ademais, a tal cultura vencedora também foi uma miragem, haja vista Judge ter ganhado apenas 8 de 24 jogos disputados até aqui. Esse número representa um aproveitamento de 33%; como base de comparação, o criticadíssimo Matt Patricia – outra cria de Bill Belichick – teve 31% no Detroit Lions.
A paciência dos fãs e da mídia com o head coach parece ter chegado ao limite após a atuação ruim no último Monday Night Football, sobretudo depois de ele ter apontado um defeito nos headsets como a razão para ter desperdiçado dois timeouts. Por mais que não tenha sido a sua intenção, Judge acabou sendo acusado de inventar desculpas esfarrapadas, mesmo porque a NFL negou que houvesse algum problema nos aparelhos de comunicação.
Enfim, os Giants são uma das franquias historicamente mais tolerantes com seus profissionais, tanto que Dave Gettleman segue desafiando a lógica e segurando seu emprego de general manager, porém mais uma temporada de derrotas e fracassos tende a significar a cabeça de muita gente rolando e um enorme reboot. Gettleman, Garrett e Judge estão com os seus cargos em risco e, sinceramente, é difícil achar motivos para justificar a permanência de qualquer um deles em 2022.
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