Um movimento surpreendeu o mundo da NFL na última semana: o New England Patriots renovou com Cam Newton, com um contrato de apenas uma temporada. A forma como o acordo foi costurado é digna de aplausos. New England conseguiu um compromisso de apenas US$ 3,5 milhões garantidos e 1 ano, um valor irrisório. As nuances que importam: caso Cam chegue com o time ao Super Bowl, vença o prêmio de MVP e consiga alguns outros feitos individuais, o valor final pode chegar a US$ 14 milhões. Podem ter certeza que se ele conseguir tudo que está no contrato, a franquia ficará muito feliz em pagar o contrato cheio – que seria uma barganha nesse cenário.
O espanto fica por conta dos maus resultados na parceria em 2020. Cercado de expectativas, Newton não conseguiu entregar o que se esperava, sendo um dos piores titulares da temporada passada. Claro que muitos fatores influenciaram nessas performances: o ex-Carolina Panthers teve COVID-19 no meio da temporada, os Patriots tiveram diversos desfalques por conta da pandemia e o ataque era uma dos mais pobres em termos de talento na posição de wide receiver.
Continuidade é a esperança
A verdade é que o cenário em New England é bem mais animador que o encontrado por Newton em 2020. A franquia já se moveu trazendo o offensive tackle Trent Brown, numa troca com o Las Vegas Raiders. Fora isso, o time comandado por Bill Belichick é um dos que está em melhor situação para atacar na free agency: com mais de US$ 60 milhões de espaço na folha salarial, a expectativa é que os Patriots ataquem fortemente opções ofensivas, evitando os problemas da temporada passada. Pelo menos um wide receiver de bom gabarito é esperado. No Draft, a situação também é interessante. São 5 escolhas dentro do top-150 e isso pode aumentar caso Belichick resolva trocar algum veterano.
Outro ponto importante é que Newton não precisará se adaptar ao sistema ofensivo e nem a forma de trabalhar dos Patriots. No ano passado Cam chegou ao elenco apenas em julho, num momento completamente atípico, onde pré-temporada foi limitada por conta da pandemia. Por mais que já fosse um quarterback rodado, a falta de entrosamento e timing foram claramente sentidos. É como se Newton ainda não estivesse confortável. Obviamente isso não pode funcionar como muleta para suas atuações abaixo da média, mas são fatores que influenciam.
A renovação não impede concorrência
Pela duração do contrato acordado, fica evidente que New England não tem certeza que Newton é seu futuro. Apesar de ter apenas 32 anos quando a temporada começar, o MVP da temporada de 2015 tem um histórico de lesões de assustar. Lesões no ombro e no pé tem sido frequentes nos últimos anos e são associadas a queda de produção. Inclusive Cam teve uma tentativa frustrada de mudar sua mecânica de lançamento, prejudicada pela dificuldade em plantar o pé por completo. Não funcionou e por vezes vimos passes tendo a precisão abalada por isso.
Se no mercado existem poucas opções como agentes livres, Belichick pode apostar em alguma troca por um quarterback que esteja em situação ruim na sua franquia. Olhando por esse lado, uma troca por Gardner Minshew (Jacksonville Jaguars) ou Marcus Mariota (Las Vegas Raiders) podem ser viáveis, custando pouco e podendo trazer um retorno interessante. No Draft, os Patriots selecionam na posição 15 na primeira rodada, o que não é exatamente um lugar confortável quando se precisa encontrar o seu franchise quarterback.
Porém, nada impede que a franquia se mova para cima, indo atrás de um jogador que agrade Bill Belichick. Já foi inclusive reportado na mídia que New England está trabalhando fortemente na avaliação dos prospectos da posição, um indicativo que é visto como uma necessidade vital. Ou seja, Cam está de volta aos Patriots, mas nada garante que o lugar atrás do center será seu em 2021.
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