Superar as expectativas tornou-se algo comum para Patrick Mahomes. Em seu quinto ano como titular na liga, ele enfrentaria uma adversidade que mesmo bons quarterbacks teriam dificuldade de lidar. Tyreek Hill, um dos grandes responsáveis pela dinâmica ofensiva vista no ataque do Kansas City Chiefs nos últimos anos, deixou a equipe.
Impossível de lidar? Obviamente que não. No entanto, nunca é fácil perder um alvo como Hill, pois é preciso remodelar a forma como se pensa o ataque – perde-se uma arma veloz que, por si, já coloca um medo individual nas defesas. Já imaginávamos como seria a estratégia de Andy Reid: com Travis Kelce sendo a única estrela no corpo de recebedores, distribuir a bola entre todos os alvos seria a toada do ataque. O resultado veio de forma mais rápida e eficiente do que se poderia esperar.
De bom recebedor, todo mundo tem um pouco
Dez jogadores diferentes receberam um passe de Mahomes no último domingo e todos foram bem distribuídos. Kelce, obviamente o ponto focal, foi alvo em 23% das tentativas de Patrick, seguido de perto por JuJu Smith-Schuster. O interessante é que essa média do tight end foi semelhante à que era observada nas últimas temporadas, indicando que seu (alto) uso se manteve o mesmo, ao passo que o quarterback soube distribuir o restante do jogo com seus novos alvos.
As ideias básicas do ataque de Reid permanecem lá: variações nas formações, movimentações pré-snap, um uso um pouco melhor do jogo corrido. Faltava apenas executar a nova ideia de passar a bola para todo mundo, pois todos podem contribuir da sua forma. Smith-Schuster, em um ano no qual precisa reviver sua carreira, fez sólida estreia, mesmo mudando de função – ele atuou mais aberto do que no slot, alterando a tendência de seu passado. Clyde Edwards-Helaire, dividindo snaps no jogo corrido para manter sua saúde em dia, contribuiu com dois touchdowns recebidos nas dez jardas finais do campo, dando um exemplo de como esse ataque é criativo e potente no setor mais necessário.
Mahomes sequer precisou soltar o braço. 64% de seus passes se deram até as 10 jardas ou antes da linha de scrimmage. Apenas 7% dos lançamentos viajaram mais de 20 jardas. Nos últimos anos, este último valor sempre se manteve na casa dos 10%.[foot]Pro Football Focus[/foot] Esse número deve aumentar um pouco nas próximas semanas conforme o ataque engrenar ainda mais e as oportunidades surgirem. De toda forma, fica o alerta: Patrick não precisa soltar seus famosos mísseis, sempre, para vencer a partida. Pelo contrário, pode jogar um “jogo curto”, distribuindo bem seus alvos.
A impressão que eu tive vendo o jogo e o condensado depois é que a defesa de Arizona se sentia impotente, pois não sabia quem marcar. Não adianta colocar a pressão em um ou dois nomes específicos, pois Mahomes sabia distribuir a bola com maestria. E, o principal, confiava que seus recebedores poderiam fazer um bom trabalho. Isso é o principal para não perder a dinâmica ao longo da partida.





