Se tem um time que vem se destacando positivamente durante o Training Camp e os jogos de pré-temporada, esse time é o Pittsburgh Steelers. Claro, boas performances em treinos e partidas sem importância não são capazes de apagar a má impressão deixada pela implosão na reta final de 2020, contudo são um indicativo de que os Steelers outra vez vêm forte para competir na AFC North e dar trabalho na Conferência Americana.
No caso, os maiores elogios devem ser dirigidos ao ataque, sobretudo ao novo coordenador Matt Canada. No último sábado, tivemos a oportunidade de assistir a estreia de Ben Roethlisberger operando o sistema de Canada e foi bonito de ver. Big Ben atuou três campanhas contra o Detroit Lions, conduzindo Pittsburgh a 14 pontos e completando oito de 10 passes para 137 jardas – seria ainda melhor se Eric Ebron, sempre ele, não tivesse dropado um belo lançamento em uma terceira descida.
Mais play-actions e motions, menos previsibilidade
Já comentamos em textos anteriores sobre a aversão do ex-coordenador ofensivo Randy Fichtner pelo play-action. Os Steelers, por exemplo, foram quem menos usou o recurso no ano passado, tentando-o em apenas 10% das jogadas – 7% a menos em relação o segundo colocado da lista. Em suma, o ataque de Fichtner era Big Ben no shotgun lançando um passe atrás do outro. Era basicamente eu jogando Madden. Isso significava uma alta previsibilidade, embora, justiça seja feita, tenha ajudado a franquia a vencer várias partidas.
As coisas são diferentes com Canada. Ele tem a fama de ser um técnico bastante criativo desde seus tempos de College Football. Já estamos vendo os play-actions florescerem e se tornarem uma arma importante do ataque, primeiro com Mason Rudolph e Dwayne Haskins, agora com Roethlisberger. O lance mais explosivo diante dos Lions, aliás, aconteceu após um play-action, quando Najee Harris recebeu um passe curto e avançou 46 jardas depois da recepção.
Outro ponto interessante são as famosas movimentações pré-snap. Segundo as estatísticas do Pro Football Focus, Pittsburgh foi a 23ª equipe a mais utilizar motions em 2020. A esse respeito, o site Steelers Depot dissecou as chamadas de Fichtner, revelando uma tendência curiosa: ele começava usando muitos motions na primeira etapa dos confrontos, porém a frequência despencava no segundo tempo.
Canada, por sua vez, foi o segundo treinador mais adepto de motions no College Football em 2018, quando comandou a universidade de Maryland. Não por acaso, temos visto alguma movimentação antes da bola ser colocada em jogo durante quase todos os snaps. Isso ajuda a disfarçar as intenções do ataque e atrapalhar os marcadores, confundindo defesas mal treinadas e indisciplinadas devido ao fator de imprevisibilidade adicionado.
Também espere ver Big Ben mais vezes fora do shotgun
Por fim, um último aspecto a destacar é uma provável mudança no alinhamento de Roethlisberger. O quarterback alinhou no shotgun em 78,5% dos snaps da temporada passada, quarta maior marca da liga. Contra Detroit, no entanto, foram 37,5% dos snaps recebidos under center. Tudo bem, estamos falando só de 16 jogadas, mas mesmo assim esse dado indica uma possível troca de paradigma.
Por exemplo, Maryland foi um dos times do College que menos usou a formação shotgun em 2018, último ano de Canada por lá – exatamente o 117º do país. Ou seja, vemos que o treinador não é um grande fã da formação. O alinhamento under center favorece a realização de play-actions e também é melhor para a efetividade do jogo terrestre, quesito no qual Pittsburgh acabou sendo o pior da liga em 2020.
Enfim, Big Ben obviamente continuará no shotgun em várias ocasiões, pois Canada não precisa nem tentará reinventar a roda. Em todo o caso, essa mudança no alinhamento do signal caller, somada à maior ênfase em play-actions e motions, são ajustes necessários e que podem fazer o ataque dos Steelers muito mais perigoso. O espaço amostral ainda é pequeno para tiramos conclusões definitivas pensando na temporada regular, entretanto a impressão inicial foi ótima.
Para saber mais:
Prévias 2021: Broncos precisam provar que passar Fields foi o certo
Prévias 2021: Fields dá esperança aos Bears, mas a encomenda ficou retida no correio
Zach Wilson dá bons sinais na pré-temporada, mas é preciso paciência
Prévias 2021: Sem estrelas no ataque, é hora do recomeço para os Saints
