O carregador de piano em Oakland: o papel de Crabtree nos Raiders

Décima escolha geral do Draft de 2009. Uma esperança de um alvo decente para Alex Smith se desenvolver e, posteriormente, Colin Kaepernick ter o seu alvo principal. Alguém com muito talento, habilidade para fazer recepções difíceis e atleticismo considerável, só que nunca deslanchou por causa da combinação quarterback com pouco poder ofensivo e falta de colocar a cabeça no lugar – até chegar a Oakland.

Lembro que um dos textos que mais fui criticado na época do The Concussion foi aquele em que falei que o San Francisco 49ers precisava valorizar o seu wide receiver mais valioso para o futuro, que era Crabtree. A relação de amor e ódio dele na franquia foi visível durante muito tempo. No começo da carreira, Michael Crabtree não era um jogador exímio recepcionando a bola, com uma média de 7% de passes dropados nos três primeiros anos da carreira.

Com um início devagar, longe do status de décima escolha geral, era óbvio que o jogador precisa produzir muito para apagar a má impressão deixada. Em 2012 ele foi muito bem, porém em 2013 sua temporada terminou mais cedo e era inevitável ir para a Free Agency buscar um novo contrato.

Neste ponto é importante deixar claro: Crabtree nunca justificou a sua décima escolha geral – foi até considerado um reach na época. Mesmo em sua melhor temporada da carreira, em 2012, ele teve 85 recepções e 1105 jardas aéreas – números bons, mas que deveriam ser a média de uma escolha de top 10 e não o melhor da vida dele. Ele sempre foi um jogador no estilo de posse, que recebe tudo que vem em sua direção e consegue first downs. Seu status no Draft acabou atrapalhando muito a sua carreira em San Francisco, até chegar a Oakland… onde ele está fazendo toda a diferença.

A mudança nos drops e sua importância em campo

De 7% de passes dropados para, apenas, 5,5%. A evolução na carreira de Michael Crabtree em Oakland foi visível e a sua presença dentro de campo é um dos principais motivos para este ataque ser tão explosivo hoje – são 44 passes com mais de 20 jardas na temporada, sétima melhor marca da liga.

Em vez de ser o principal pivô do ataque (com a sombra de um veterano como Anquan Boldin), Michael Crabtree virou a sombra veterana que dá o suporte necessário para a dupla Derek Carr (que merece estar na corrida do MVP e deve ganhar um texto próprio nas próximas semanas) e Amari Cooper. Não basta para um quarterback ter um alvo primário dentro de campo: é preciso diversidade, para abrir as defesas adversárias e tornar o ataque fluido e dinâmico.

Neste papel, Crabtree transformou completamente o seu estilo de jogo. Em vez de ter uma média próxima das 13 jardas por recepção, ele começou a ser um wide receiver #2 de mais posse e ter uma média de pouco mais de 10 jardas por recepção. Era preciso confiar em sua habilidade de fazer catches duvidosos e não ser um playmaker explosivo que resolve tudo dentro de campo. Mesmo com poucas jardas conquistadas, por causa dessa filosofia, o wide receiver estourou a fazer touchdowns (mostrando sua importância em campo): já são 16 com a camisa de Oakland, sendo que Cooper teve 10 no mesmo período.

Já ficou claro qual é o estilo de Oakland e o porquê de ele dar tão certo. Aqui, o wide receiver #1 de Carr é o cara explosivo (média de quase 15 jardas por recepção), super talentoso e que foi escolhido dentro de casa. O cara #2 é o recebedor de posse, que faz o trabalho sujo na red zone e abre espaço para o seu companheiro convertendo terceiras descidas constantemente. Associado a um jogo terrestre de qualidade (e uma linha ofensiva que é a melhor da liga protegendo contra o passe graças ao seu entrosamento de longa data), Carr possui todas as peças necessárias para transformar este ataque em um dos mais explosivos da NFL.

Michael Crabtree é o perfeito exemplo que não basta escolher talentos; é preciso saber utilizá-los

Um dos principais motivos para esta campanha histórica dos Raiders é o desempenho de Michael Crabtree dentro de campo. Sem ele, com certeza as defesas adversárias teriam mais foco em Amari Cooper e dificultaria ainda mais o trabalho dentro de campo. Como Matthew Stafford provou para todos durante esta temporada, ter um alvo que destoa de todos os outros de campo é ruim, pois o signal caller sempre vai tentar forçar a bola para a estrela do time.

Mudando totalmente o estilo (de um jogador completo e explosivo para um cara de posse), o coordenador ofensivo Bill Musgrave (aqui vale um parenteses: incrível como Chip Kelly achou bons técnicos ofensivos pela sua breve passagem no Philadelphia Eagles) e sua staff mostraram que é preciso saber trabalhar os talentos e ajustar o seu papel dentro de campo. Não adianta apenas colocar o jogador em campo, é preciso ensiná-lo. E é isso que fez a diferença para Michael Crabtree voltar a produzir em alto nível e os Raiders tornarem-se um dos times mais perigosos da AFC.

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