O Declínio das Linhas Ofensivas da NFL: Tem explicação?

Observação: O texto acima foi escrito como parte da 3ª fase do XI Processo Seletivo para novos Redatores do ProFootball. NÃO REPRESENTA A OPINIÃO EDITORIAL DO SITE. Aproveitando, nos ajude dizendo o que achou. Seu autor é Thiago Loss.

Você está satisfeito com a linha ofensiva do seu time favorito na NFL? Se você não for torcedor de times como Dallas Cowboys ou Oakland Raiders, a resposta é provavelmente a mesma: um enfático não. Foi-se o tempo de linhas ofensivas dominantes, impenetráveis, que carregavam times inteiros nas costas. O que vemos hoje em dia são unidades vistas muito mais como fardos a serem carregados, do que como trunfos no futebol americano professional.

Essa queda no nível das linhas ofensivas pode ser percebida a olho nu, mas é ainda mais flagrante ao analisarmos os números. Na temporada do ano passado, 10 times deixaram seus quarterbacks serem atingidos pelo menos 100 vezes, gerando um total de 2870 pancadas, de acordo com o site da NFL. Se compararmos com a temporada de 2010, apenas cinco anos atrás, os números caem para 3 times que permitiram o mesmo número de pancadas, sendo 2340 no total.

O jogo corrido não fica atrás. Apenas sete jogadores conseguiram chegar a marca de 1000 jardas corridas em 2015. Em 2010, esse número era 17. Se formos ainda mais longe, em 2006, 23 jogadores alcançaram a marca, mais de três vezes mais do que no ano passado.

Mas a pergunta que fica é o que causou essa queda?

O jogo evoluiu

Desde que futebol americano é futebol americano, ter bons Center, Guards e Tackles é indispensável para um time vitorioso. No entanto, o motivo para que essa afirmação seja verdade já não é mais o mesmo que era há 20 anos. Times que dependem principalmente do jogo corrido ainda existem, mas são cada vez mais raros, e o passe é mais importante a cada temporada. Essa mudança pede que jogadores de linha joguem menos como tratores e mais como protetores.

É muito mais difícil para um jogador segurar uma blitz, ou impedir um sack, do que bloquear para o seu corredor. E quanto mais coordenadores ofensivos chamarem jogadas de passe, mais expostos estarão os jogadores de linha, e por consequência, mais propensos a erros eles vão estar.

A culpa não é só dos jogadores de linha, isso é bem verdade. Quarterbacks que têm o costume de segurar mais a bola antes do passe é um fator determinante no número de sacks de um time. Da mesma maneira, o número de jardas corridas de uma equipe sofre a influência dos running backs do time, e do número de jogadas terrestres chamadas pelo coordenador ofensivo. Jogadores saindo do draft hoje em dia precisam ser mais versáteis, e precisam estar mais preparados para proteger o jogo de passe do que no passado, o que nos leva ao nosso segundo ponto:

Distanciamento entre a NFL e o Futebol Americano Universitário

A discussão travada por muitos de que o Futebol Americano Universitário deve ser utilizado apenas como escola para os profissionais não é o objetivo deste texto, mas afeta a conversa.

O futebol americano praticado hoje pelas universidades americanas, em sua maioria, difere muito daquele praticado pelos profissionais. Muitas vezes jogadores de linha chegam à NFL sem estarem prontos para jogar nesse novo estilo, o que explicaria por que jovens jogadores que demonstram tanto talento na universidade têm enfrentado tanta dificuldade na liga professional – muito mais do que em anos passados.

Ao chegar na NFL, esses jogadores são submetidos a novos esquemas, mais complexos do que aqueles que estavam familiarizados, e são obrigados a dedicar os seus treinos quase que integralmente ao aprendizado deles. O desenvolvimento da técnica é deixado para segundo plano.

Antigamente, selecionar um jogador de linha nas primeiras posições do draft era dado como retorno técnico quase garantido; hoje isso não é mais verdade. De 2010 até 2015, 13 jogadores de linha foram selecionados entre 10 primeiras escolhas de cada draft e apenas 4 desses jogadores chegaram ao jogo das estrelas da NFL. Desses 4, nenhum foi selecionado depois da temporada de 2012.

Falta de continuidade e repetição

Se a falta de continuidade entre o Futebol Americano Universitário e a NFL não fosse suficiente, ela continua durante toda a carreira esportiva do atleta.

As posições de linha ofensiva são, entre todas as posições do futebol americano, as que mais precisam de repetição e entrosamento. Conhecer seus companheiros de linha é fundamental para o sucesso da unidade como todo, e as técnicas utilizadas por esses jogadores dependem de treinamentos contínuos para serem dominadas.

Porém, devido a novas regras de segurança da NFL, o número de treinamentos dados aos atletas durante o training camp – treinamentos no início de cada temporada – diminuiu consideravelmente na última década, e acredita-se que isto tenha impacto direto no nível do jogo.

O ex-jogador de linha ofensiva Tony Boselli disse o seguinte sobre o assunto:

“O cara que joga hoje tem a metade das repetições que eu tive durante o training camp. Talvez até menos. Então agora você tem uma posição que não se treina como professionais na universidade, e você espera que os professionais corrijam isso, mas eles não têm tempo para ensinar. Eles têm pouco tempo no campo. Eles têm que treinar o esquema e o ataque e tentar ensinar as nuances necessárias da posição. A evolução natural não é a mesma que já foi um dia.”

Mas e aí? Como corrigir os problemas?

A NFL vai continuar a evoluir, como sempre fez. Está na hora do universo da linha ofensiva fazer o mesmo.

Jogadores em desenvolvimento precisam focar ainda mais na proteção do passe, e os técnicos, sejam eles universitários ou profissionais, precisam dar o tempo necessário para esses jogadores requintar as suas habilidades; voltar ao básico, dominar todas as técnicas necessárias.

Além disso, medidas de segurança são importantes e devem ser respeitadas, mas é possível dar repetições aos jogadores de linha de maneira segura e dentro das regras. Novos métodos de treino existem e podem ser utilizados por times profissionais.

A discussão é ampla e mudanças não vão ocorrer da noite para o dia; a evolução deve ser demorada, suada, e você pode se acostumar a ver seu quarterback favorito correndo da blitz por mais algumas temporadas, mas vai valer a pena. O jogo da linha ofensiva é uma arte para poucos, e será um prazer ver ele ter uma influência positiva nos campos da NFL de novo.

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