O jogador mais valioso de cada um dos 8 times no Divisional Round

O conceito de jogador mais valioso  (Most Valuable Player, ou MVP) ainda confunde grande parte das pessoas que acompanham a NFL – seja um fã ou até mesmo um jornalista. Dizer que o jogador foi o MVP não é falar que ele teve as melhores atuações, e sim que ele foi o mais importante de todos. Explico.

A maioria dos esquemas são montados em cima de algumas posições que são fundamentais. O Seattle Seahawks, por exemplo, adora jogar em cover 3 e o papel do single high safety é fundamental. Quando Earl Thomas saiu por lesão, ficou visível a queda considerável na produção defensiva da franquia. Logo, existem alguns jogadores que são peças fundamentais em cada equipe, sendo o diferencial entre a vitória e a derrota.

Como o Pro Football sempre pensa em conceitos práticos (como foi o caso das kriptonitas), resolvemos escolher o MVP de cada uma das equipes que estão no Divisional Round – e não quem foi o melhor jogador de cada uma delas. O conceito de melhor jogador é muito mais abstrato na NFL do que se pensa: como comparar um linha ofensiva com um safety ou um quarterback com um linebacker? Como ver quem jogou melhor ou pior se ninguém faz a mesma função em campo? Já o conceito de mais valioso permite esta comparação muito mais facilmente: sem este jogador, quantos jogos a equipe ganharia? Qual o impacto dele na defesa e/ou no ataque?

Como você já deve ter percebido, claramente os quarterbacks possuem uma vantagem para ser o jogador mais valioso, porém mesmo assim tentamos sair do óbvio e escolher jogadores de outras posições. Por causa disso, tivemos quatro quarterbacks (inevitável), só que um cornerback, um defensive end e dois running backs completam a lista. São estes jogadores as chaves de cada equipe e, se eles não tiverem bons desempenhos, dificilmente vão jogar o Super Bowl.

AFC

Houston Texans – Jadeveon Clowney (outside linebacker)

Um dos exercícios mais precoces que se pode fazer é revisitar o Draft em menos de três anos. Muita gente fez isso e apontou o dedo para os Texans, dizendo que erraram feio em não escolher Khalil Mack como primeira escolha geral naquele fatídico ano de 2014. Apesar de Mack ter um talento absurdo saindo da universidade e ter totais condições de ser a primeira escolha geral, pegar Jadeveon Clowney não foi condenável e isto se mostra agora.

Qualquer um que assistiu a partida contra os Raiders viu como Clowney foi dominante. E isto não foi por causa que o adversário estava com o left tackle reserva não. Clowney rodou na linha, fez stunts, enfrentou guards e mesmo assim ninguém conseguiu pará-lo. Com a lesão de J.J. Watt, o edge rusher (ele está jogando como defensive end em um 3-4 1-gap, logo sua principal função ainda continua sendo ir atrás do quarterback) finalmente conseguiu aparecer, principalmente na parte final da temporada. Aliás, esta defesa teve vários destaques individuais durante o ano, principalmente na secundária – com destaque para A.J. Bouye surgindo do além -, mostrando que esta unidade defensiva é muito talentosa – o que tornou complicado escolher apenas um jogador destaque defensivo.

Pittsburgh Steelers – Le’Veon Bell (running back)

Ezekiel Elliott pode ter sido o running back com mais jardas terrestres, mas foi Le’Veon Bell o melhor da posição. Bell ganhou partidas sozinho, como contra o Buffalo Bills na neve. Além disso, ele teve papel fundamental na vitória contra o Baltimore Ravens – que rendeu o título da NFC North. Mesmo perdendo quatro jogos por suspensão, ele teve mais de 1000 jardas terrestres e repetiu o feito de ter 4,9 jardas por carregada no ano.

Não foi apenas a contribuição ao jogo terrestre que colocou Le’Veon Bell como o cara dos Steelers – o que ele fez recebendo a bola também merece muito destaque. Foram 75 recepções para 616 jardas (ambas segunda melhores marcas da equipe), desafogando um ataque que começou muito bem a temporada, teve uma queda brusca de produção e, depois, terminou o ano em alta novamente. O principal fator para Pittsburgh ter ganho a divisão foi as atuações de Le’Veon Bell. E ele também terá que ser o principal fator na pós-temporada para esta franquia poder retornar ao Super Bowl.

Kansas City Chiefs – Marcus Peters (cornerback)

Como já dissemos, a defesa de Kansas City foi montada visando roubar a bola dos adversários a qualquer custo. Com a lesão de Justin Houston, era preciso mudar um pouco o plano de jogo e colocar mais pressão na secundária – e apostar na agressividade deles. E isto encaixou perfeitamente com o estilo de jogo de Marcus Peters, que acabou tornando-se um dos melhores cornerbacks da NFL.

Com seu estilo ou vai ou racha, ele até pode ceder muitas jardas, mas é a sua capacidade de playmaker que proporcionou o título de divisão para os Chiefs. São oito interceptações no ano, sendo duas pick six e mais alguns retornos que posicionaram Kansas City na boca da endzone. Peters é a peça fundamental neste esquema defensivo que permite Bob Sutton a ser agressivo na linha de scrimmage e poder focar em outras áreas do campo. Ele nunca vai ser um shutdown corner, aquele cara que não permite recepções; ele está em sua melhor forma quando é permitido atacar a bola e conseguir os turnovers – que é o que importa no fim das contas.

New England Patriots – Tom Brady (quarterback)

Mais um ano se passa e mais uma vez Tom Brady joga o fino da bola. Não há muito o que falar aqui, a não ser voltar a bater na tecla que ele é (discutivelmente) o melhor jogador da história da liga. Mesmo com 39 anos e dois jogos a menos, ele bateu o recorde na razão touchdown/interceptação com o seu 28/2 – o recorde anterior era de Nick Foles com a temporada 27/2. Você consegue ver o quão absurdo é isto? Mesmo com 17 anos de videotapes, sendo uns bons cinco anos no mesmo esquema, as defesas adversárias só conseguiram interceptar Tom Brady duas vezes… no ano!

O mais absurdo é que, estatisticamente, Brady teve uma das melhores temporadas da carreira. Com 67,4% de passes completos e 8,2 jardas conquistadas por passe completo (segunda e terceira melhores marcas da carreira, respectivamente), ele dissecou todas as defesas e mostrou que os quatro jogos perdidos não tiveram nenhum efeito em sua preparação. Uma lenda viva que, novamente, foi o cara dos Patriots. Na realidade, Tom Brady tem todos os requisitos para ser eleito o MVP do século XXI – se este prêmio existisse, obviamente.

NFC

Green Bay Packers – Aaron Rodgers (quarterback)

Virar a mesa e tornar-se o melhor jogador da NFL em dezembro. Rodgers está pegando fogo por alguns motivos. O primeiro é o surgimento de Ty Montgomery como running back, aliviando a pressão no jogo aéreo e permitindo situações de terceiras descidas muito mais fáceis de se lidar.

O segundo é que Mike McCarthy abriu mais o seu playbook, sendo menos conservador e o resultado apareceu rapidamente: desde a partida contra os Eagles, Rodgers lançou 19 touchdowns e nenhuma interceptação. Contra os Giants, só faltou ele fazer chover – ou nevar, no caso. Mesmo contra um pass rusher forte e uma secundária agressiva, ele conseguiu ganhar tempo com os pés e teve um dia perto da perfeição – contra uma defesa que teve mais interceptações (17) do que touchdowns cedidos (15); somente eles e os Broncos conseguiram este feito na temporada regular.

Se McCarthy não desacelerar e continuar com a mesma tática do fim da temporada regular, Rodgers será capaz de esconder todas as falhas defensivas da franquia. A grande questão é se McCarthy vai continuar com a mesma postura agressiva fora de casa, principalmente se ele tiver a liderança no placar – basta lembrar de como ele atuou na derrota para o Seattle Seahawks dois Playoffs atrás. Rodgers está no melhor momento quando é agressivo em campo.

Seattle Seahawks – Russell Wilson (quarterback)

Se não fosse Wilson, este time de Seattle não estaria perto da pós-temporada. Talvez Aaron Rodgers seja o outro quarterback do planeta que consiga sobreviver atrás desta linha ofensiva. Mesmo com tanta pressão, Wilson levou o ataque nas costas. A pressão sob o ataque aumentou ainda mais com a lesão de Earl Thomas, que dificultou muito o trabalho da secundária e fez com que o ataque tivesse que produzir ainda mais, apesar da atuação convincente contra o Detroit Lions – mesmo considerando a lesão de Matthew Stafford.

Contra um time que sofre para gerar pressão, esta linha sofreu da mesma maneira. Foram 3 sacks, 9 hits em um Wilson que mesmo assim pareceu confortável, ainda mais confiando no jogo terrestre que apareceu. A fórmula de sucesso dos Seahawks, em todos estes anos, foi exatamente esta: muito jogo corrido e confiar na capacidade de Wilson decidir. A dúvida fica por conta se o ataque vai conseguir manter este padrão de jogo terrestre aparecendo e aliviando a pressão do jogador mais importante da franquia.

Atlanta Falcons – Matt Ryan (quarterback)

Matt Ryan não foi só a peça mais importante dos Falcons, ele foi o MVP da temporada. Foram 13 jogadores diferentes com recepções para touchdown e apenas oito interceptações. O mais incrível é que Ryan, em nenhum momento, foi o senhor checkdown para conservar os seus números: média de 9,3 jardas por passe completo e quase 70% dos passes completos! Esses são números insanos, ainda mais pensando que Julio Jones, Devonta Freeman e Tevin Coleman perderam tempo durante a temporada por lesão e mesmo assim ele não perdeu o ritmo.

O segredo foi o equilíbrio adotado por Kyle Shanahan em suas chamadas. Mesmo em momentos de pressão, Shanahan tentou distribuir ao máximo o ataque, transformando Ryan em um armador. O resultado foi uma temporada digna de MVP, com direito a 38 touchdowns e o ataque mais completo da liga.

Dallas Cowboys – Ezekiel Elliott (running back)

Líder de jardas terrestres, provável calouro do ano e primeiro time All-Pro. Ezekiel Elliott tornou tudo mais fácil para os Cowboys neste ano: a defesa, questionada no início do ano pela falta de pass rushers de nome, teve que jogar, na maior parte do tempo, na frente do placar – e isto tornou a vida de Rod Marinelli muito mais fácil. Jogando com a vantagem, Dallas não teve que enfrentar tanto o jogo terrestre dos adversários e o resultado foi uma secundária que brilhou o ano inteiro.

Esta é a definição clara de MVP: um jogador que transforma a equipe. E foi exatamente esta a postura de Elliott. Troque Dak Prescott pelo seu reserva (Tony Romo) e o desempenho de Dallas não vai cair muito. Troque Elliott pelo seu reserva (Alfred Morris) e a franquia vai ter que mudar totalmente o seu estilo de jogar. O cenário ideal para finalmente um quarterback calouro chegar ao Super Bowl é aquele em que Elliott domina na pós-temporada e carrega este time nas costas.

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