O péssimo histórico de primeira rodada dos Seahawks

Jordyn Brooks foi apenas mais um na recente lista de escolhas ruins de Seattle no primeiro dia.

Que a escolha de Jordyn Brooks na primeira noite do Draft por parte do Seattle Seahawks foi ruim, já falamos em mais de um texto – aqui, e aqui -, mas não chega a ser necessariamente uma surpresa. A cotação do linebacker estava na metade da terceira rodada, e mesmo que ele possa ser um bom encaixe pro sistema da equipe, isso não altera que ele foi um reach.

Digo que não foi uma surpresa porque, desde 2011, dá pra dizer que somente em 2012 os Seahawks conseguiram fazer uma escolha decente no primeiro dia. Tá bom que Bruce Irvin não se transformou na estrela que Seattle esperava depois de escolhê-lo na pick 15 daquele ano, mas ao menos ele teve uma carreira sólida na sua primeira passagem pela equipe: 22 sacks em 4 anos e o título do Super Bowl como segundanista. Todos os outros anos, a noite inicial do Draft foi, no mínimo, desapontante para os torcedores da organização.

Histórico de trocas não é favorável para a franquia

Já se passaram oito Drafts desde a supracitada seleção de Bruce Irvin, e em 4 deles os Seahawks não fizeram nenhuma escolha no primeiro dia. Trocar pra baixo para acumular escolhas, em tese, é uma boa estratégia, ainda mais se considerarmos o número de equipes dispostas a subir para o fim da primeira rodada com o objetivo de garantir a opção de quinto ano dos jogadores selecionados – o grande problema é que Seattle é um fracasso quando o faz.

Vamos partir de 2013. O time trocou escolhas de primeira, terceira (2014) e sétima rodada com o Minnesota Vikings pra adquirir o recebedor Percy Harvin, e a única contribuição decente do jogador para a equipe no seu período na Costa Oeste foi um retorno de kickoff para touchdown no Super Bowl XLVIII. Eu sei que parece um grande feito, mas como eu disse, foi a única vez em que Harvin foi decisivo, e o preço pago por John Schneider foi altíssimo – mais do que isso, relatos da época apontam que o jogador era um pé no saco, tendo brigado com Golden Tate na véspera desse Super Bowl e se recusando a entrar em campo em outra ocasião.

No ano seguinte, o time trocou a escolha 32 com o Minnesota Vikings e depois desceu de novo num acordo com o Detroit Lions, essencialmente tendo sua primeira escolha com a pick 45, usada para escolher Paul Richardson, que passou longe de produzir o esperado de um jogador de top 50; a escolha de 2015 foi parte do acordo para adquirir Jimmy Graham, então dá pra passar, porém, as duas trocas para baixo em 2017 resultaram em Malik McDowell escolhido no começo da segunda rodada, e ele não chegou a jogar nenhum snap pela equipe.

Quando o time escolhe, o resultado não é muito melhor

Costumamos pensar nos Seahawks como um time que opera num modo old school, e já discutimos várias vezes se isso é o certo a se fazer tendo Russell Wilson como quarterback numa NFL moderna onde o jogo aéreo tem comprovadamente a maior eficiência no ataque. O que não dá pra negar é que, correto ou não, o time é coerente entre o modo arcaico de pensar e suas escolhas de Draft, afinal, o conceito de valor posicional é sumariamente ignorado quando Pete Carroll e John Schneider estão no relógio.

Em 2018, o time desceu no Draft (de novo) e escolheu o running back Rashaad Penny na primeira rodada, um jogador cuja cotação estava bem abaixo disso. Não dá pra negar a eficiência do corredor quando ele tem a bola nas mãos (5.3 jardas por carregada desde que entrou na liga), contudo, dá pra dizer que haviam jogadores mais talentosos e que seriam muito mais úteis de modo geral. Ademais, Penny sofreu uma grave lesão no joelho no último ano, e este tipo de contusão costuma afetar bastante o desempenho dos running backs, encurtando ainda mais sua carreira na liga.

No ano seguinte, L. J. Collier foi selecionado na escolha 29. Na teoria, um EDGE na primeira rodada não é um problema em termos de valor posicional, só que Collier é mais efetivo defendendo a corrida; pior ainda, vimos no ano passado o quanto o pass rush dos Seahawks sofreu enquanto sua escolha de primeiro dia não produzia nada e não ajudou o time ao longo do ano. Seguindo na lista de movimentos ruins do time, a seleção de Collier cumpre os critérios de troca para baixo e reach. Pode não ser bom, ou útil, mas é coerente.

Já falamos extensivamente sobre a escolha de Brooks, que também é ruim pelas óticas de valor posicional e cotação do jogador, então não vamos abordá-la aqui. Mas dá pra terminar essa seção relembrando o infame Germain Ifedi, tackle escolhido na primeira rodada e que pouco contribuiu para melhorar a proteção de Russell Wilson em seus 4 anos em Seattle – vale lembrar que ele liderou a liga em faltas cometidas em 2017, com incríveis 16. Ele deixou a equipe em março e se juntou ao Chicago Bears.

Boas escolhas existem, mas não compensam os vários erros

Falamos da escolha de Bruce Irvin no Draft de 2012 ali em cima, mas aquela classe vai ficar marcada mesmo pelas duas seleções que vieram no dia seguinte: Bobby Wagner se juntou aos Seahawks na segunda rodada, e talvez você já tenha ouvido falar de um tal Russell Wilson, que a equipe conseguiu na terceira. Em 2016, Ifedi foi uma escolha ruim na primeira noite, mas Jarran Reed e Quinton Jefferson se tornaram em jogadores muito sólidos provindos daquele mesmo recrutamento.

Só que, pra ser sincero, todo time consegue bons valores no Draft vez ou outra – e eles não precisam sacrificar todo ano sua chance de melhorar o time de forma instantânea desperdiçando a primeira escolha. Seattle o faz, e não dá pra deixar de imaginar o quão melhor esse time poderia ser.

Ok, o time terminou todos os anos da era Russell Wilson com campanhas positivas. Só que, tendo um jogador desse calibre na posição mais importante do jogo, dá pra se contentar só com isso? Quero dizer, se você tem o melhor quarterback da conferência, achar que chegar ao Wild Card ou a Semifinal da NFC não deveria ser o suficiente, não? É um time que, se fosse melhor gerido, poderia alçar vôos mais altos. Por outro lado, não existe perspectiva de saída ou insatisfação com John Schneider e Pete Carroll – honestamente, este só sai do cargo quando for de seu desejo -, então, o torcedor tem de se contentar com a frustração e a sensação anual de que o time pode mais.

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