Os últimos anos não foram fáceis para Tua Tagovailoa. Após aparecer como grande promessa em Alabama, o quarterback sofreu uma grave lesão no quadril em 2019. Mesmo assim, o Miami Dolphins o selecionou na quinta escolha geral do Draft, mas ao que tudo indica por mais vontade do general manager Chris Grier que do então head coach Brian Flores, que nunca montou uma linha ofensiva minimamente decente e nem um sistema favorável a ele. Com a chegada de Mike McDaniel para o lugar de Flores, isso deve mudar tomar rumo.
Todavia, tecnicamente Tagovailoa também não correspondeu como esperado. Claro que esquecer os fatores citados no seu desenvolvimento seria errôneo, mas não é como se ele fosse o primeiro quarterback da história a ser colocado em situações ruins quando chega na liga. Mesmo quando teve um pouco mais de tranquilidade, Tua não encheu os olhos – notem, ele até jogou de maneira sólida, mas longe do que se esperava dele, em pontos que passavam exclusivamente por ele.
Sob pressão, a tomada de decisão ainda é frágil
A desgraça da linha ofensiva dos Dolphins era tanta, que o ataque foi um dos mais limitados aos passes curtos e rápidos: Tagovailoa soltou em 2,52 segundos de média e foi um dos que menos tentou passes para mais de 20 jardas, com apenas 29, menor número entre os titulares[foot]Pro Football Focus[/foot]. Assim, a pressão foi por diversas vezes evitada, fazendo com que os Dolphins ficassem exatamente no meio da tabela em pressões cedidas. Contudo, é impossível jogar na NFL e esperar que em nenhum momento seu quarterback seja assolado por pass rushers. E quando isso aconteceu, Tua ainda pecou na tomada de decisão.
Quando pressionado, ele teve o pior número em turnovers worth play – jogadas pobres, que podem terminar em turnovers – entre todos titulares da liga, além de ser o quarto no mesmo quesito contra a blitz. É evidente que Tua foi por diversas vezes um quarterback assustado e mais preocupado em se livrar da bola do que identificar a cobertura defensiva adversária. Será preciso um trabalho de retomada de confiança na linha ofensiva, para que o camisa 1 possa evoluir nesse quesito. Numa AFC tão equilibrada, não dar chances do oponente recuperar a bola é fundamental.
Ritmo é um problema maior que o braço
Discordo de quem pensa que Tua não tem braço para jogar na NFL. Claro que ele não é um Josh Allen ou Justin Herbert da vida, com um talento de braço incontestável. Entretanto, vejo nele qualidade para fazer todos os lançamentos que um quarterback precisa na liga. Atacar o fundo do campo passará longe de ser sua maior virtude, mas quando isso for necessário, o braço deve corresponder. O que falta mais para Tagovailoa e que me incomoda é ritmo. Até o momento ele não conseguiu ter um ataque seu, que rode na sua velocidade e ele comande.
Para começar, o problema de sistema + linha ofensiva sempre deixou um vácuo em seu desenvolvimento: Tua raramente pode trabalhar o campo todo com tranquilidade – como dito, quem muito apanha, sempre tem medo de levar outra bordoada. Isso fez com que nunca tivesse perfeita sintonia com seus recebedores em todas as faixas do campo. Além deste drama, foram 3 lesões na NFL, sendo duas na mão de lançamento.
Basicamente, Tua precisará de um combo, mas nada complicado: encontrar o ritmo, recuperar a confiança e com isso tomar decisões melhores. Evoluindo nesses pontos – que são mais mentais que técnicos em sua essência -, ele pode dar o salto de qualidade. Se tornar um quarterback da primeira prateleira? Não é minha aposta. Mas ainda assim acredito que Tagovailoa pode se tornar um quarterback acima da linha média, capaz de liderar Miami por longos anos na NFL.
Para saber mais:
Os melhores dias dos Titans ficaram no passado?
5 lições, offseason: O plano dos 49ers sempre esteve nos trilhos
Curti: Arizona atrela-se por 6 anos a Kyler Murray, que não é um QB top 10







