O que fez os 49ers candidatos à primeira escolha do Draft de 2017?

Na parte de baixo dos rankings da NFL em 2016 certamente teremos sempre como principal destaque o Cleveland Browns. E não é para menos, até aqui a equipe ainda não conseguiu vencer – são doze jogos e doze derrotas. Todavia, a discussão acaba se polarizando em Ohio, e acabamos nos esquecendo um pouco da tragédia que vem acontecendo em San Francisco.

Mais do que a péssima temporada, o que destaca é a queda repentina da equipe em tão pouco tempo; é difícil imaginar que desde de 2011 foram 3 temporadas com 11 ou mais vitórias e uma aparição no Super Bowl. Já do lado de Cleveland, aposto que pouquíssimos leitores se lembram quem era o quarterback na última temporada em que a franquia teve mais vitórias do que derrotas; era Derek Anderson no ano de 2007, quando terminou 10-6.

A propósito, desde a “reativação” dos Browns em 1999, foram míseras duas temporadas com mais vitórias do que derrotas, e quatro em que o time não acabou em último na divisão. Dito tudo isso, novamente voltamos o foco para a meteórica decadência dos 49ers. Pode-se dizer que o único momento realmente bom na temporada foi na primeira partida do ano, contra o Los Angeles Rams em casa – maiúscula vitória por 28-0 e um sinal de que Blaine Gabbert poderia vingar under-center. Contudo, de lá pra cá as coisas só desandaram (em vários aspectos) e parece não haver esperança de melhora num futuro próximo.

Onde está o problema?

Comecemos pela defesa, principal destaque do time que saiu derrotado para o Baltimore Ravens no Super Bowl da temporada 2012. Se em 2011 a unidade liderou a NFL em menos jardas terrestres cedidas (foram 1236 em 16 jogos), neste ano a unidade vai muito mal: é a pior da NFL, com 1890 jardas cedidas em 11 jogos (200 a mais que a segunda pior) e uma péssima média de 5.1 jardas por tentativa.

São assustadoras 171.8 jardas por partida, mais de 30 acima da segunda pior marca. Nesse ritmo, os Niners terminam a temporada com 2749 e terão a pior defesa terrestre desde 1985, quando o Houston Oilers permitiu 2814 jardas.

E mais: são 14 touchdowns terrestres cedidos (terceira pior marca) e incríveis 49 corridas de mais de 10 jardas, disparada pior marca da liga. Ainda sobre a péssima defesa terrestre, alguns pontos valem ser destacados. Em apenas 3 jogos a equipe cedeu menos que 100 jardas para os running backs adversários: na vitória contra os Rams e nas derrotas para Dolphins e Cardinals. Além da virada sofrida para os Cowboys depois de estar ganhando por 14 pontos, esses jogos foram os que San Francisco esteve realmente próximo de conseguir a vitória – em ambas a diferença foi de uma posse de bola. Mais do que isso, tanto David Johnson quanto Jay Ajayi tiveram uma média abaixo de 3 jardas por carregada.

Uma justificativa para tamanho desastre está nas várias lesões de importantes peças: os dois inside linebackers, NaVorro Bowman e Ray-Ray Armstrong, estão lesionados.  E não bastasse a situação ruim, o safety Eric Reid – o qual estava atuando no box em diversas formações – rompeu o biceps na partida contra o Patriots e não joga mais em 2016. Ainda assim, mesmo quando Reid e Bowman estiveram em campo (este último até início de outubro), o time já não conseguia parar os ataques adversários. Basicamente temos um diagnóstico bem claro do grande problema defensivo.

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O insucesso nas trincheiras acaba minando totalmente a atuação defensiva. Até aqui, a defesa da equipe foi a que mais apareceu em campo – são 141 drives defendidos – e segunda que mais teve jogadas ofensivas de adversários, sendo a terceira pior marca em jardas por jogada (6.0 por tentativa). Isso faz com que o time não domine o relógio; apenas contra Patriots e Rams teve mais posse de bola que o adversário. Enfim, basicamente os adversários correm muito bem com a bola, dominam o jogo e obrigam a defesa dos 49ers a ficar muito tempo em campo. Tudo reflete o número de pontos cedidos: 31.3 por partida, sendo que cedeu menos que 30 pontos apenas 3 vezes, contra Rams, Cowboys e Cardinals.

Ok, e o ataque?

Do outro lado da bola, temos Colin Kaepernick e Carlos Hyde tentando carregar o ataque. O jogo terrestre, por sinal, vai muito bem; San Francisco tem a quarta melhor marca da liga em jardas por partida, com 126.5, sendo a oitava em jardas por tentativa (4.4). Contudo, o ataque aéreo é o terceiro que menos conquista jardas por jogo (198) e quarto por tentativa (6.5). São 20.7 pontos por jogo, 22ª marca da NFL, mesmo sendo o time com menos posse de bola. Apesar de Kaepernick não ter boa precisão (apenas 55.3% de passes completos), são apenas 3 interceptações – ou seja, ao menos está protegendo a bola. A realidade é que em termos de passe os Niners melhoraram bastante após Blaine Gabbert. Este lançou apenas 5 touchdowns e falhou em proteger a bola: foram 6 interceptações em 5 jogos. Mais do que pontos, Kaepernick tem uma média de jardas por passe de 6.9 contra 5.9 daquele; ou seja, não há justificativa técnica para Gabbert estar em campo.

Além disso, este não representa um potencial risco nas corridas. Em um ataque sem muitos recursos – o corpo de recebedores é bem limitado -, é válido considerar a capacidade do quarterback resolver com as pernas. De qualquer forma, é fato que nenhum dos dois representa um franchise quarterback para o futuro.

Enfim, está claro que o grande problema de San Francisco não está no ataque. Este não é o melhor da NFL – mas, ao mesmo tempo, não é o responsável principal pela campanha pífia. Os números mostram isso, aliás. A verdade é que a defesa compromete totalmente o funcionamento de todo o time. Sofrendo mais que 30 pontos por jogo fica extremamente complicado vencer jogos. Por tudo isso acredito que os Niners são fortíssimos candidatos a ter a primeira escolha do draft de 2017 – resta saber se Cleveland atrapalha isso ou não.

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