5 coisas que os Browns podem fazer para voltar aos playoffs em 2018

[dropcap size=big]S[/dropcap]im, eu sei que vindo de um 0-16 na temporada e 1-31 na soma das duas últimas, o título do texto possa parecer loucura. Mas posso provar que não é tão impossível.

Dos 12 times que estiveram nos playoffs em 2017, oito não estavam em estiveram nos na temporada anterior. Rams e Jaguars saíram de quatro e três vitórias respectivamente. Os Jaguars chegaram inclusive a final da AFC e estiveram dois minutos de um Super Bowl, até Tom Brady virar o jogo para os Patriots.

O Cleveland Browns não tem um elenco tão ruim quanto seu recente recorde – e as trapalhadas de Hue Jackson – nos fazem acreditar. Muitas falhas em pontos chaves aconteceram, mas se corrigidos o time pode sim ir a pós temporada já neste ano e eu vou enumerar as mais relevantes.

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1- Passar o bastão no ataque

A primeira medida é entregar as chaves do ataque para o novo coordenador ofensivo, Todd Haley. Você pode até torcer o nariz para ele, lembrar de suas desavenças com Ben Roethlisberger ou do seu não sucesso como head coach em Kansas City. Mas não há como negar sua competência como coordenador ofensivo. Em oito temporadas na função, seus ataques estiveram entre os que mais pontuaram em seis delas. Hue Jackson acumulou a função junto a de head coach nas duas últimas temporadas e não deu certo. O time teve o pior ataque da liga e Haley tem condições de consertar isso.

Com Tyrod Taylor como seu quarterback, o primeiro ponto que Haley deve corrigir são os turnovers. Foram 41 na temporada passada, o maior número da NFL por larga margem (quase 20% a mais que o Denver Broncos, segundo pior no quesito).

Taylor é um quarterback que protege muito bem a bola, tendo sofrido apenas quatro interceptações e dois fumbles na temporada passada. Seu estilo casa muito bem com o que Haley gosta, com muitos passes para os running backs e tight ends. Na temporada passada pelo Bills, 60% dos passes completos por Taylor foram para jogadores das posições citadas.

Com a boa sincronia entre o que o coordenador ofensivo quer e o quarterback sabe fazer, a chance dos turnovers diminuírem é grande e será fundamental para uma melhoria do time.

2- Melhorar a eficiência na red zone

Também deve melhorar a eficiência da equipe na red zone. O time conseguiu touchdowns em apenas 48% das vezes que chegou nas últimas 20 jardas do campo. Isso é um problema crônico. Apenas para efeito comparativo, os Eagles (campeões da temporada passada) entraram na end zone em 64% das vezes que chegaram à mesma situação. Em 2016, quando tiveram 49% de aproveitamento, os Eagles ficaram fora dos playoffs com um recorde de 7-9.

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Carlos Hyde teve oito touchdowns correndo anotados na red zone pelos 49ers e vem para suprir esse problema na parte final do campo. Jarvis Landry recebeu para nove pelos Dolphins. Tyrod Taylor teve 11 dos seus 14 touchdowns anotados em passes começando a partir da linha de 20 jardas. A eficiência tende a aumentar.

3- Evoluir nos times de cobertura de chutes nos special teams

Os times de coberturas de chute muitas vezes tem sua importância subestimada na NFL. Os Browns foram o quinto time que mais cedeu jardas por média de retorno em kickoffs e o terceiro em punts. Isso fez com que os Browns começassem suas campanhas em média na linha de 26 jardas do seu campo, a 28° pior marca da liga. Em compensação, seus oponentes geralmente começavam já na linha de 30 jardas, quarta pior situação na NFL.

Pode parecer pouco, mas dois dos seus principais de divisão tiveram performance muito superior na última temporada: os Ravens começavam na sua linha de 32 jardas e colocavam o ataque adversário na de 26 do seu próprio campo, enquanto os Steelers cediam a mesma posição de campo da equipe de Baltimore, mas começavam na de 29.

Se formos falar em coberturas de kickoffs o número é alarmante por mais um motivo: os Browns foram o quarto time que menos teve de cobrir chutes. Foram apenas 20, em face de sua pouca produtividade ofensiva, o que dificilmente o obrigava a chutar kickoffs. Vale ainda a ressalva que a equipe teve Zane Gonzalez tendo um trabalho decente em conseguir touchbacks (57%, 13° da liga), caso contrário o estrago poderia ter sido maior.

Duas escolhas do último draft tem potencial para impactar imediatamente: Denzel Ward foi muito produtivo nesta função em Ohio State e mesmo sendo uma escolha de primeira rodada pode aparecer na função. O linebacker Genard Avery foi apontado pelo head coach Hue Jackson como adição interessante a unidade. Na época Jackson disse “Obviamente, ele vai ser um cara diferenciado nos times de especialistas. Há muitas coisas diferentes que ele pode fazer”. O time ainda trouxe Jeff Janis, um dos principais gunners do Green Bay Packers e esse deverá ser seu maior papel no roster.

Amos Jones foi contratado para coordenar o grupo, vindo do Arizona Cardinals. Fica claro que os Browns têm a preocupação em melhorar a situação do time cobrindo chutes e é realmente necessário uma evolução neste ponto.

Se formos olhar o número de jardas cedidas, a defesa dos Browns em 2017 não foi ruim. Décima que menos cedeu jardas por jogada, foi muitas vezes vítima de posições de campo ruins cedidas por turnovers do seu ataque (líder na NFL com 41) ou de trabalhos pouco efetivos dos times de coberturas de chutes. Dos 48 touchdowns que a equipe sofreu na temporada, quatro foram diretamente anotados em turnovers e dois nos times de especialistas. Isso representa 12,5%, um número muito alto.

Do outro lado, a equipe foi a que menos conseguiu roubar a bola dos seus adversários. Somente 13 vezes uma posse ofensivo adversário foi retomada pelos Browns. A média dos times que foram aos playoffs na AFC foi de aproximadamente fica 24 turnovers recuperados.

Myles Garrett saudável e com ritmo total pode ser uma peça fundamental na criação dos turnovers. Após perder 5 jogos na temporada passada, ele liderou o time em sacks, mas forçou apenas um fumble. Na universidade de Texas A&M foram 7 e espera-se que ele possa voltar a produzir, além de apressar o passe.

Damarious Randall também é um jogador que poderá ajudar. Em três anos de carreira ele coleciona o respeitável número de 10 interceptações, mesmo não sendo um titular em tempo integral em Green Bay.

Jamie Collins é um linebacker com boa capacidade de interceptações, tendo pelo menos uma em todos os anos de sua carreira e Mychal Kendricks deve utilizar sua força em blitz para forçar fumbles, como nos primeiros anos pelos Eagles. Os Browns precisam ter a bola e a balança precisa pesar a seu favor na soma de turnovers cedidos/conquistados. Esse ponto será fundamental para ir aos playoffs.

5- Atitude

Perder não é normal. Se acostumar a perder é terrível. Os Browns precisam sair dessa cultura de aceitar a derrota a qualquer custo. O time tem uma vitória nos últimos 32 jogos. Já imaginaram isso acontecendo em New England, Pittsburgh, Green Bay ou Dallas? Não aconteceria! A postura é outra.


O time foi o último colocado da AFC North nas últimas sete temporadas e teve pouco mais de 20% de vitórias neste período. Dentro da divisão, chega a ser humilhante: 35 derrotas e apenas 7 vitórias no período.

A mentalidade precisa ser de devolver a dignidade a franquia a qualquer custo e a substituição de Sashi Brown por John Dorsey é um ponto de início. Brown é extremamente inteligente, com uso de analytics e tudo mais. Não me entenda errado, eu acho a racionalidade e o uso de números e estatísticas extremamente favoráveis e de ampla importância no futebol americano. Não tem nenhum Jon Gruden escrevendo aqui, pensando que Spider 2 Y Banana é ainda é eficiente.

Mas o vestiário requer mais disso. Atletas são seres complexos, que muitas vezes precisam de algo mais de quem o comanda. Dorsey traz isso. Ele é conhecido por tomar decisões duras como trocar nomes conhecidos, mas também por ser vencedor e levar times a um bom patamar. Em quatro anos de Kansas City Chiefs, foram três idas aos playoffs. Com ele o alerta é claro: Ou você produz e nos ajuda a vencer ou eu te mandarei embora, seja quem você for. Isso aumenta o nível de competitividade e esforço.

As peças selecionadas no primeiro round no último draft também demonstram isso. Baker Mayfield era conhecido por ser até certo ponto arrogante, tamanha sua confiança em vencer. Não havia no último ano em toda NCAA jogador com maior espírito vencedor e de luta. Em alguns momentos, polêmicas desnecessárias foram criadas pelo mesmo, como colocar a bandeira de Oklahoma no centro do campo de Ohio State após vencer a mesma. Claro que isso poderia ser evitado, mas estava lá sua alegria e entusiasmo por ter vencido um rival que era o favorito.

Denzel Ward veio de Ohio State e conserva a mesma característica de Mayfield, porém menos vocal. Sua energia em campo contra Penn State, na bela virada de seu time sobre o rival ano passado demonstra seu comprometimento com a vitória. Somados, Mayfield e Ward tiveram 46 vitórias e 8 derrotas em suas carreiras universitárias.

Nomes que vieram de outras equipes também somam nessa equação. Jarvis Landry reclamou publicamente na temporada passada quando os Dolphins tiveram uma sequência de derrotas. Em Hard Knocks, Landry já deu uma bronca coletiva no elenco de wide receivers, que não estava treinando com intensidade.

Mychal Kendricks acabou de vencer um Super Bowl pelos Eagles e pediu para sair, pois achava que poderia contribuir mais em outra equipe, estando mais dentro de campo. Jamie Collins jogou por anos com Bill Belichick, onde se acostumou a vencer. Voltando de lesão e contagiado por algo maior, Collins pode voltar a ser o jogador produtivo que éramos acostumados a ver.

Não menos importante é lembrar que Todd Haley é um coordenador com fama de buscar a vitória a qualquer preço. Grande parte dos seus atritos em Pittsburgh se devia ao seu alto nível de cobrança dos jogadores e isso é um fator positivo em um vestiário acostumado a morosidade.

É impossível afirmar que os Browns seguirão o caminho certo e chegarão aos playoffs este ano. Os percalços aparecem e a credibilidade da franquia não anda alta (por motivos justos). O caminho é árduo e anos de derrotas cobram seu preço, nem sempre sendo possível uma retomada rápida. Mas ações para retomar a dignidade da franquia foram tomadas e isso sim é um bom ponto de partida para alimentar voos maiores.




Chegar a pós temporada já em 2018, apesar de improvável, é possível e seria a retomada ideal para que a torcida volte a ter esperanças num futuro melhor.

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