O quê os Bears tinham na cabeça ao assinar com Glennon por 15 milhões/ano?

Jay Cutler, segundo o Overthecap, teria uma figura de 17 milhões de dólares no teto salarial dos Bears em 2017. Brian Hoyer assinou com os 49ers na free agency e importará cerca de 7 milhões de dólares no oceano que é o teto salarial de San Francisco – ainda a equipe com mais espaço mesmo depois de várias contratações.

Então por que oferecer 15 milhões por ano para Mike Glennon, apelidado carinhosamente como Girafa Ruiva? A princípio, é uma contratação que não faz sentido, o valor parece assustar. Realmente, considerando que na prática os Bears estavam competindo contra si mesmos faz com que a figura seja um pouco inflacionada. O após da decisão não é o problema.

Temos que ir mais além. Por que assinar com Glennon? Por que não manter Hoyer a 7 milhões e ir atrás de um calouro no Draft 2017? A resposta para isso, como a maior parte das negociações duvidosas da NFL, é a instabilidade no emprego da diretoria e da comissão técnica. Após uma campanha de 3-13, regredindo em relação a 2015, John Fox (head coach) e o general manager Ryan Pace estão com os empregos na linha de fogo. Virginia McCaskey e seus filhos, donos dos Bears, não costumam ter tanta paciência com campanhas ruins. Os Bears são uma das franquias mais vitoriosas da NFL – isto é, considerando apenas o Super Bowl para trás. Estando no terceiro mercado consumidor da liga, com os Blackhawks e os Cubs bem logo do lado, os Bears ativaram novamente o modo “impaciente” que tanto mal faz para os times na NFL.

Em sentido contrário, Bill Belichick pode dar uma pirueta em campo que não seria demitido. Caso John Fox o fizesse, seria no dia seguinte. O exemplo é absurdo, mas mostra como a vida contratual de Fox e Pace estão por um fio. Assim, eles precisam:

a) Limpar a casa ao cortar Jay Cutler, também conhecido como a verruga de Chicago
b) Contratar alguém minimamente funcional para o lugar de Cutler
c) Não terminarem 2017 com campanha abaixo de 5-11

A letra B e C não podem ser executadas apenas com um calouro. Não existe um Dak Prescott nesta classe. Sob o ponto de vista “psicológico”, ao menos, nem de perto. E tampouco os Bears tem uma linha ofensiva ou um jogo corrido como o de Dallas para ajudar um calouro a melhorar a cada jogo. Pelo contrário: um calouro – ainda mais desta classe de 2017, que não é forte na posição de quarterback – seria jogado na fogueira com um dos piores elencos ofensivos da liga. Chicago não tem wide receiver, não tem offensive tackle. Onde você acha que esse calouro iria parar? Numa campanha terrível, possivelmente.

E nessa campanha terrível, Fox e Pace seriam mandados embora. Eles não pensaram no médio/longo prazo como deveria ser feito. Eles pensaram em suas prioridades número um neste momento: eles mesmos. Porque ambos não têm um ano para gastar no cartucho. Daí a contratação de Glennon. Ele vai levar os Bears ao Super Bowl? Possivelmente não. Mas tem capacidade de levar o time a um 8-8, capaz de manter Fox e Pace por mais um ano em seus cargos.

Ademais, o contrato de Glennon não foi nenhum absurdo. Menor do que Cutler e na média do que Colin Kaepernick/Tyrod Taylor receberiam. A título de comparação, Ryan Fitzpatrick recebeu 12 milhões de dólares dos Jets no ano passado em um contrato de um ano. Há, neste momento, 21 quarterbacks recebendo em média mais do que Mike Glennon se consideramos a temporada 2017 (claro, é uma lista que vai diminuir com os cortes de jogadores como Tony Romo)

O contrato de Glennon não impede que os Bears se reconstruam ou que se livrem dele caso ele faça muita besteira – como acontecia com o contrato bizarro de Jay Cutler até o ano passado. Pelo contrário. Em essência, é um contrato de um ano, visto a quantia garantida (19 milhões). Reserva com pouco espaço amostral por reserva, é consideravelmente menos do que os Texans pagaram a Brock Osweiler, o cosplay de poste que fora rainha da free agency no ano passado.


“RODAPE"

E, ainda, é um contrato que não impede que os Bears draftem um calouro na primeira ou segunda rodada. Glennon pode ser jogado na fogueira, com campanha 8-8, enquanto esse calouro não o é (e não faz com que a atual diretoria seja mandada embora).

Resumindo: na pior das hipóteses, Glennon é um lixo de quarterback titular ou se machuca e os Bears demitem Fox e Pace – o que deveria acontecer com um quarterback calouro, seja DeShaun Watson, DeShone Kizer, Mitch Trubisky, Brad Kaaya ou qualquer outro – que ainda podem vir pelo Draft mesmo com Glennon contratado. Na melhor das hipóteses, ele leva o time aos playoffs. E isso tudo por menos do que outros 21 quarterbacks em 2017. Ainda, considerando que Chicago tem bastante espaço no teto salarial, não foi tão absurdo.

E mais importante: qualquer coisa, sob o aspecto psicológico e de química de vestiário, é melhor do que a camisa 6 vestida por Jay Cutler.

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