O Refém de Dallas – a atualização dos últimos capítulos da novela Romo

Quando você troca o principal jogador de sua franquia por uma tonelada de escolhas que começou uma dinastia (viu, eu também sei começar dinastias) nos anos 1990, seu cérebro provavelmente deve agir no piloto automático caso situações como a deste mês de março ocorram novamente. Jerry Jones e Jimmy Johnson arquitetaram a melhor troca da história da NFL ao final dos anos 1980 – ou, como deve ser conhecida em Minnesota, Roubo do Século.

Herschel Walker foi despachado para os Vikings na esperança que, para estes, fossem o último pedaço de quebra-cabeça da primeira conquista de Super Bowl da franquia. Soa familiar a história? Bom, Walker havia sido All-Pro e Pro Bowler no ano anterior. Seu valor, por tabela, era bem maior do que o de Tony Romo para Dallas hoje. Antecipando a tendência atual de se livrar de running backs na segunda metade da carreira por conta de sua inevitável decadência física e consequente queda de produtividade, os Cowboys conseguiram três escolhas de primeira rodada, entre outra cacetada de escolhas que não vou colocar aqui porque não é o foco. Com uma delas, draftaram Emmitt Smith, o substituto de Walker e eixo motor do America’s Team nos anos 1990.

Daí o porquê deste lenga-lenga todo, na minha opinião. Ou pelo menos um dos motivos. Romo é considerado a “peça que falta no quebra-cabeça” de um time – seja Kansas City, seja Denver, seja Houston. Jerry Jones quer capitalizar em cima dessa demanda. O problema é que ele já perdeu um pouco do poder de barganha quando os Cowboys anteciparam o ROMO CORTADO AMANHà – que, tal como os outros “verbo no particípio AMANHÔ, nos prendeu numa corrente eterna de nada acontece.

Faz duas semanas que estamos nesta situação. Ou melhor: que Tony Romo é refém de não saber o que vai ser de sua vida. E o pior: não há possibilidade de curto prazo de que isso acabe. Teoricamente, o Draft – com Houston, principalmente, escolhendo um quarterback na primeira rodada – seria o limite. Até lá, Romo pode continuar em Dallas e podemos continuar sem notícias no Reino de Arlington.

Sabe o que vai acontecer? Eis minha previsão

Nas próximas semanas, você vai ouvir um burburinho de que emissoras de TV dos Estados Unidos estão atrás de Romo para que ele seja analista de estúdio no pré-jogo. Isto já está acontecendo, em realidade, com Adam Schefter reportando que a CBS e a FOX – as detentoras do pacote de jogos da tarde nos Estados Unidos – estão atrás dos serviços do quarterback nesta nobre profissão de analista – tenho que vender meu próprio peixe também, afinal.

Ao mesmo tempo, Jones – principalmente por conta da troca de Walker – ainda acha que consegue assaltar algum time como fez com Minnesota em 1989. Surpresa, Jerry: você não vai conseguir mais do que uma escolha de segunda rodada num quarterback que seu time já havia dito que iria cortar. Ademais, os interessados para eventual troca – Denver e Houston – são exatamente os times que já seriam alvo de Romo na Free Agency.


“RODAPE"

Ou seja: não tem por que eles gastarem escolha de Draft para trocar por Romo sendo que não há vantagem nenhuma nisso. Fosse um time para onde o camisa 9 não iria querer ir – Chicago, San Francisco, New York Jets – a troca faria sentido porque forçaria a vinda de Romo. Texans e Broncos não precisam forçar a vinda, eles podem negociar.

A tendência mais forte é que Romo fique no Texas. Ele parece um pai bastante dedicado e, jogando em Houston, sequer precisaria se mudar de Dallas com a família – sendo o prazo curto, vi reports na internet sobre isso. Denver também está teoricamente perto de Dallas, para os padrões americanos de distância no sudoeste/oeste. Aliás, vale lembrar que a esposa do quarterback está gravida, então provavelmente a distância seria levada em conta. Então, se eu pudesse dar um palpite, seria que Romo estaria num uniforme do Houston Texans em setembro. E como free agent, não como troca – só vai demorar um pouco para isso acontecer, muito provavelmente.

Dallas foi uma das mais bem sucedidas séries da história da TV americana. Sua sequência involuntária no futebol americano, nem tanto. A novela Romo se arrasta pelas últimas semanas e se você, ao contrário de Romo e da torcida dos Texans, não quer que ela acabe, pegue a pipoca e continue esperando conosco. Seria bom se ao menos Jerry Jones instalasse uma chaminé no CT dos Cowboys que nem tem no Vaticano para anunciar um novo Papa. Facilitaria nossa vida para saber se alguma coisa (finalmente) aconteceu.

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