Opinião: A greve de Joey Bosa continua – e tanto ele quanto os Chargers estão errados

São 13 dias de uma novela que por enquanto ainda não tem perspectiva de um final feliz. “Estamos indo e vindo nessa situação, eu vou treinar os caras que estão aqui. Quando ele vier, será parte de nosso time”, disse Mike McCoy, técnico do San Diego Chargers, à imprensa. O cara que “não está aqui” é Joey Bosa, defensive end de Ohio State que fora a escolha de primeira rodada dos Chargers no Draft de 2016. Falando em primeira rodada, Bosa é o único dos calouros escolhidos nas 31 primeiras escolhas que não tem contrato com a equipe que o escolheu.


“A próxima novidade é quando tudo estiver pronto, não importa agora se está longe ou perto, não está pronto”, disse o general manager dos Chargers em entrevista à FOX Sports Radio de San Diego. Longe ou perto, já é a maior greve de um calouro desde que o sistema de contratos mudou após o acordo coletivo-trabalhista de 2011. Desde então, os contratos são como blocos “pré-moldados” de construção. Há pouca coisa para ser abordada em negociações entre o jogador e as franquias, visto que em valores, há quase que uma fixação em função de qual escolha o atleta saiu – e em duração, são quatro anos com opção da franquia por mais um ano extra.

Mesmo assim, Chargers e Bosa divergem no que diz respeito, principalmente, a quando o bônus seria pago para o defensive end. Agora ou em março do ano que vem. De modo secundário, há algumas divergências em relação à offset language – algumas cláusulas que, grosso modo, podem ajudar com que a dada franquia economize dinheiro caso haja um corte no quarto ano. Nesse sentido, duas escolhas no topo do Draft – Jared Goff e Jalen Ramsey – tiveram essa offset retirada do contrato, segundo a ESPN americana. O fato de San Diego – uma equipe com problema crônico em pass rush – não o fazer é, indiretamente, uma demonstração que não confia tanto assim no potencial do end.

Agora, Bosa e San Diego não tem outra opção para 2016 a não ser acabar com essa história. Na última terça-feira, os Chargers viram o término do prazo para trocar os direitos de Draft (algo como passe, por assim dizer) do atleta. Até houve um boato de que Dallas – equipe que está bastante fragilizada no front seven por conta de lesões e suspensões – pudesse fazer um movimento. Ele não veio e, quase que ao mesmo tempo, a mãe de Bosa fez comentários um tanto quanto desagradáveis para o torcedor dos Chargers. “Quisera eu que ele tivesse dado uma de Eli Manning no Draft”. Em 2004, Eli, como se sabe, era reputado como o melhor quarterback da classe e San Diego tinha a primeira escolha. Ele bateu o pé e disse que não jogaria no sul da Califórnia – conseguindo, assim, ser trocado para Nova York.


As declarações da mãe de Joey Bosa acabam fazendo sentido de modo que, sim, os Chargers estão sendo duros na queda. É o histórico da franquia, aliás. General Managers vão e vem, mas a família Spanos – que é quem assina os cheques – é dona da franquia desde 1984. Além do caso de Eli, há o caso da greve de Antonio Gates em 2005. Philip Rivers é outro que fez greve após o Draft – assinando seu contrato de calouro com San Diego apenas ao final do mês de agosto de 2004. Não bastasse esse histórico dos próprios Chargers, ainda temos o caso do pai de Joey, John Bosa, escolha número 16 do Draft de 1987 pelo Miami Dolphins. Também jogador de linha defensiva, John fez greve de 41 dias antes de assinar seu contrato de calouro com Miami naquele ano.

O caso de Joey, portanto, tem vários elementos que dificultam a chegada a um acordo final. O grande problema é que os Chargers agora sequer poder de barganha, têm. Se não assinar contrato com Bosa, o jogador pode entrar novamente no Draft no ano que vem – e San Diego não é diretamente compensado por tanto. Já ocorreu uma vez na história do Draft: o Tampa Bay Buccaneers não queria deixar Bo Jackson jogar beisebol e futebol americano. Aí, ele simplesmente não assinou com a equipe da Flórida e entrou no Draft novamente em 1986, sendo escolhido pelos Raiders. A torcida de San Diego espera que a situação não chegue a esse ponto.

Sobretudo porque são detalhes mínimos. Com o dito acima, o problema não é a duração do contrato ou os valores. São coisas que todos os outros calouros desde 2011 acertaram. É esperado que um jogador que jogou futebol americano a vida toda sem ganhar salário (atletas universitários da FBS ganham como “compensação” uma bolsa de estudos integral) queira o dinheiro antes, agora. Da mesma forma, é esperado que os Chargers queiram tentar se precaver e tentar economizar eventualmente. Mas para os dois lados, não são objeções contratuais que sejam justas para uma greve, por Bosa, ou essa dureza de negociar por parte de San Diego.

Ambos os lados estão errados. E os dois têm que ceder. Ao menos um pouco e o quanto antes.

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