Dentro de dois dias, Carolina Panthers e Denver Broncos se enfrentam no Super Bowl. Com a proximidade do jogo, cada vez mais nos perguntamos sobre os aspectos que pode fazer a diferença no confronto.
Todos as batalhas dentro de campo têm sua parcela de importância, mas aqui vamos focar em cinco duelos dentro das quatro linhas que têm tudo para ditar o ritmo da partida.
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Linha Ofensiva dos Panthers vs. Pass Rush dos Broncos
Tema já bastante abordado por aqui, o duelo nas trincheiras é sem dúvida o mais importante. De um lado temos uma linha ofensiva sólida que, na maioria das vezes, ofereceu para Cam Newton uma excelente proteção. Do outro lado temos o melhor pass rush da NFL, com talento em todas as posições.
Não tem como elaborar um ponto fraco no pass rush dos Broncos. Tanto pelas extremas, com Von Miller e DeMarcus Ware, quanto no miolo, com Derek Wolfe e Malik Jackson, eles podem ferir o adversário. Miller dispensa comentários e, sendo um dos melhores defensores da NFL, deverá ter grande papel. A principal questão deste jogador é que ele não precisa exatamente render conseguindo sacks. Sua mera presença em campo faz com que o adversário tenha que se preocupar com seu talento e, assim, deixar espaços para os demais. Com essa atenção redobrada em cima do principal pass rusher, outros jogadores aparecem. Wolfe, por exemplo, vem jogando muito bem, principalmente na reta final da temporada. Se alinhando ao lado de Miller na parte esquerda da linha, conseguiu, nos últimos nove jogos (contando os dois dos Playoffs), anotar 7,5 sacks – sendo dois destes nos Playoffs –, mostrando sua importância em momentos decisivos. Mas e se focar no lado esquerdo, o que fazer com resto?
Como dito anteriormente, o front seven dos Broncos é extremamente capacitado. No lado direito temos Ware que, mesmo com certa idade (33 anos), continua rendendo bastante (nos dois jogos dos Playoffs conseguiu 1,5 sack). Ao seu lado, na parte interna, entra Jackson. Jackson é mais jovem, tem apenas 26 anos, e possui muita habilidade para passar pelos bloqueadores no pass rush.
No lado dos Panthers será necessário um envolvimento muito maior de outros jogadores que não os da linha ofensiva para que possam se sobressair. Parar os defensores de Denver contando só com os cinco jogadores de linha não deve funcionar, e um engajamento tanto dos running backs quanto dos tight ends – e até em dinâmica com o próprio Newton – será necessário. Grande problema para Carolina é que seu right tackle, Mike Remmers, deve ser o encarregado de duelar contra Von Miller, e isso pode se tornar trágico – assim como obrigar o time a mandar ainda mais ajuda na sua cobertura.
Vencer o duelo nas trincheiras não será bom somente para proteger seu quarterback e evitar o temido pass rush, mas também para conseguir abrir espaços para as corridas. O running back Jonathan Stewart vem tendo uma temporada muito boa, e uma boa atuação no Super Bowl pode tirar a pressão de Newton e fazer a defesa se empenhar mais para pará-lo.
Demaryius Thomas (WR/Broncos) vs. Josh Norman (CB/Panthers)
Não é novidade para ninguém que Josh Norman foi um dos melhores defensores desta temporada na NFL. Para demonstrar sua capacidade vamos dar uma olhada em uma estatística: quarterbacks adversários tiveram um rating de apenas 54.0 quando resolveram lançar a bola na direção do cornerback – este foi o melhor número dentro todos os jogadores da posição, de acordo com o Pro Football Focus.
Para bater Norman, Denver vai precisar que seu, em tese, mais talentoso recebedor, Demaryius Thomas, renda mais do que vem rendendo em 2015 – ou, em outras palavras, que ele renda como em 2013 e 2014. O principal problema de Thomas são os drops: algo que já vinha sendo comum na temporada regular acabou evidenciado nos Playoffs. Thomas tem, até aqui, 10 drops registrados na temporada, mas os números não dizem a história inteira. O problema apareceu com tudo na final da AFC, contra os Patriots, quando o wide receiver parecia não conseguir produzir nada – foram apenas duas recepções para 12 jardas – e várias recepções deixadas pelo caminho.
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Se a vida não estava tão fácil contra outros times, jogar contra o melhor cornerback da temporada não deve facilitar o processo. O que os Broncos esperam é que Thomas consiga repetir o que fez dois anos atrás contra os Seahawks, onde conseguiu 13 recepções, 118 jardas e um touchdown – apesar do resultado ter sido humilhante para o time de Colorado. Mas, com todos os problemas que Thomas vem enfrentando, é outro wide receiver que pode aparecer: Emmanuel Sanders. A dupla, que na temporada passada foi simplesmente sensacional, caiu em rendimento na atual. Se ambos se destacaram, tanto o sucesso ofensivo quanto as chances de vitória aumentam.
A verdade é que Peyton Manning precisará de ambos os seus recebedores funcionando para poder ter uma boa partida e, talvez, se despedir da NFL com a conquista do Super Bowl.
Jogo Terrestre dos Broncos vs. Front Seven dos Panthers
Ronnie Hillman e C.J. Anderson dividiram as atenções do jogo terrestre de Denver nesta temporada. O segundo foi o titular no ataque até a semana sete, quando abriu espaço para que o primeiro conquistasse seu lugar. No entanto, em nenhum momento as corridas deixaram de ser divididas entre ambos, e isso deve continuar acontecendo.
Já falamos sobre o front seven de Denver, mas os Panthers não ficam muito atrás. Na linha defensiva contam com um dos melhores defensive tackles da liga em Kawann Short – apesar do jogador ser extremamente menosprezado por mídia e torcedores. Short, que também se destaca no pass rush, é muito eficiente parando o jogo terrestre adversário, sendo quem alavancou a defesa para ser a quarta melhor contra corridas na temporada regular.
O problema para Carolina é que, sem contar Short, só um outro jogador da linha defensiva se destaca no quesito parar o jogo terrestre adversário: o defensive end Charles Johnson. Mesmo não estando no mesmo nível do companheiro, Johnson consegue dar o suporte necessário para que não se abram muitos espaços. Complementando a linha defensiva temos o linebacker Luke Kuechly. Kuechly é o melhor linebacker da NFL, e consegue se sobressair tanto na cobertura aérea quanto terrestre. Sendo assim, sua presença na linha de scrimmage pode ser essencial para parar os corredores de Denver.
Mas será isso o suficiente para controlar os corredores dos Broncos? Hillman e Anderson se complementam em campo e mudam completamente o estilo ofensivo dependendo de quem está no gramado. Nos Playoffs é Anderson quem vai tendo mais sucesso (foram 144 jardas em 31 carregadas nos dois jogos), mas a velocidade de Hillman pode atrapalhar os planos de Carolina. Com Peyton Manning não tendo atuações como as que costumava ter, colocar o ataque nas costas dele não é a melhor opção, e o jogo terrestre precisa se impor.
Greg Olsen vs. T.J. Ward
A questão sobre como parar Greg Olsen é discutida em todos os jogo de Carolina, mas, mesmo assim, os times não parecem encontrar respostas. Denver já teve alguns problemas contra o New England Patriots na final da AFC, quando o tight end Rob Gronkowski conseguiu 144 jardas em oito recepções, além de um touchdown. Será que Denver utilizará a mesma fórmula no Super Bowl?
O duelo não seria exatamente Olsen contra T.J. Ward sozinho, mas este deve ser o principal encarregado da tarefa. Ward é um strong safety atlético, que cobre muito bem o jogo terrestre e também se sustenta bem na cobertura do passe. Contudo, somente sua presença não deve ser o suficiente. Um auxílio do grupo de linebackers, principalmente de Danny Travathan, pode ser essencial para parar o jogador adversário. Algo que não pode ser esquecido também é que Von Miller pode, esporadicamente, aparecer na cobertura. Contra New England, o pass rusher foi responsável por 2,5 sacks em cima de Tom Brady, mas não se pode deixar de lado que ele também conseguiu uma interceptação, e pode continuar surpreendendo caso o ataque não se prepare.
O lado bom para os Panthers, como já dito, é que ninguém parece conseguir parar Olsen. O jogador contabilizou 77 recepções, 1,104 jardas e sete touchdowns na temporada regular e foi a principal válvula de escape de Newton durante toda a campanha. No início da temporada se falava na falta de recebedores do Carolina Panthers, e como isso poderia prejudicar o time. A verdade foi que Olsen deu conta do recado pelo, atraindo mais marcação para si e abrindo espaços para os demais jogadores ofensivos.
Se a temporada regular foi monstruosa para Olsen, o mesmo também pode se dizer da sua participação nos Playoffs. Em dois jogos foram 12 recepções para 190 jardas e um touchdown, e ele não deve diminuir a marcha neste jogo decisivo.
Recebedores dos Panthers vs. Secundária dos Broncos
Já falamos da importância do tight end Greg Olsen para o plano ofensivo dos Panthers, mas não podemos ignorar a presença dos demais recebedores. Sem ter nenhum grande nome, que se destaque e coloque medo no adversário, Carolina parece se virar muito bem com o que tem ao seu dispor.
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Ted Ginn Jr., por exemplo, que sempre foi visto muito mais como um retornador do que um recebedor, teve a melhor temporada da sua carreira com 44 recepções, 739 jardas e incríveis 10 touchdowns. Mas não foi só Ginn que se destacou. Corey Brown teve boa participação na final da NFC, contra o Arizona Cardinals, conseguindo 113 jardas e um touchdown. Sem dúvidas é um grupo de recebedores muito explosivo, com jogadores que pode fazer estragos em rotas longas – mas esse não deve ser o caso no Super Bowl, pois a pressão em cima do de Newton deve fazer com que Carolina trabalhe mais com rotas curtas e jogadas de rápida leitura.
Denver, que, como já falamos, tem o melhor pass rush da liga, também tem uma das melhores secundárias – se não a melhor. O grupo de cornerbacks é sensacional: Aqib Talib lidera a unidade, tendo Bradley Roby jogando do lado oposto e Chris Harris Jr. na posição de nickel cornerback. Outro jogador que, muitas vezes, acaba sendo esquecido é o free safety Darian Stewart, que também pode ser decisivo. Na temporada regular Stewart conseguiu defender 10 passes e, além disso, ajuda bastante no jogo terrestre. Junta, a unidade permitiu o menor número de jardas aéreas por jogo durante a temporada regular, com os adversários conseguindo passar para apenas 200 jardas em média.
Juntando o forte pass rush com uma qualificada secundária, Denver tem uma combinação mortal para bater os adversários. Se Cam Newton estiver sendo pressionado e os recebedores enfrentarem dificuldades para se desvencilhar da marcação a vitória pode escapar dos Panthers.
O Super Bowl chegou, e tem tudo para ser um confronto eletrizante com vários duelos interessantes acontecendo ao mesmo tempo. A vitória de Carolina Panthers ou Denver Broncos passa justamente pelo sucesso ou não nestes duelos.
