Os Eagles acertaram em contratar Chase Daniel gastando tanto?

As últimas intertemporadas vem sendo extremamente movimentadas para o Philadelphia Eagles. Desde a saída de Andy Reid os Eagles não possuem sossego algum. Chip Kelly quer mais poder, grandes contratações, corte de jogadores importantes, Kelly demitido e a busca por uma nova comissão técnica – com Howie Roseman de volta no comando como general manager de fato. Conhecida por ser uma franquia estável, os Eagles viraram um carrossel de emoções e esta Free Agency deveria ser o momento de limpar a casa e tentar se livrar das heranças de Chip Kelly. Foi.

Roseman começou o período muito bem. Além de ter adotado a tática de renovar o contrato dos pratas da casa e fazer contratações pontuais, ele conseguiu se livrar dos péssimos contratos de Byron Maxwell e DeMarco Murray – e ainda ganhar algo em troca, o que é mais surpreendente. Decisões acertadas e um clima muito favorável, contudo uma contratação chamou a atenção: Chase Daniel. E não foi só pelo nome, mas sim pelas cifras: três anos, 21 milhões de dólares – que podem chegar a 35 milhões em incentivos. E isso depois de renovar com Sam Bradford por outra bolada: dois anos e 36 milhões de dólares, sendo 22 milhões totalmente garantidos.

Novos sistemas pedem novos quarterbacks

Para quem não o conhece, Daniel tem 29 anos e entrou como undrafted free agent na liga. Jogou pelo New Orleans Saints e Kansas City Chiefs e conseguiu lançar 77 passes e um touchdown… em sete anos de NFL. Daniel pode ser mais um jogador a sofrer do efeito “Matt Flynn”. Para quem não se lembra de Flynn, ele apareceu em um jogo de temporada regular pelo Green Bay Packers, lançou seis touchdowns e todos queriam contratá-lo.

Confira aqui a cobertura completa do Mercado Livre 2016 da NFL

Acabou parando em Seattle, nos Seahawks, com um contrato de 26 milhões de dólares ganhos em três anos – números quase idênticos aos de Daniel. Desde sempre, franquias desesperadas tentam caçar quarterbacks reservas que sejam os salvadores da pátria. Não que os Eagles estejam tão desesperados assim – ainda existe o contrato-ponte de Bradford. Mas, mais uma vez, verificamos que “novos sistemas, novos quarterbacks” é um axioma verificado ano sim, ano também na NFL. Resta saber de que lado da moeda Chase estará. Mais um Flynn? O contrato é muito gordo.

Doug Pederson quer um quarterback novo ou não? Está confuso.

Com esse negócio incrível, o Philadelphia Eagles agora é a décima terceira equipe da liga com mais dinheiro investido na posição. Isso não pode não parecer tão ruim, mas é: com uma combinação de um veterano ex-first overall que sempre jogou abaixo do esperado e de um outro veterano que nunca provou nada na liga, os Eagles estão a frente de Chicago Bears, New England Patriots, Cincinnati Bengals e outros. Além disso, a equipe terá comprometido 30,5 milhões de dólares na posição em 2017 – caso Bradford não seja cortado. Isso indica que a disputa de posição entre os dois quarterbacks TEM que ser resolvida neste ano – caso contrário os efeitos financeiros serão complicados para Philadelphia. Chase Daniel terá um impacto de oito milhões de dólares no cap ano que vem. Coloque isso em perspectiva: o impacto de Daniel será o mesmo de um guard (ou um safety) titular – por exemplo.

Mas a ideia é competir na posição e que o melhor vença, certo? Mesmo assim não faz sentido: você está pagando 22 milhões garantidos para um quarterback disputar posição? Nem o próprio Pederson acredita em tal fato. A ideia toda me parece ruim desde o início e não há um argumento plausível de que Daniel seja o jogador do futuro para os Eagles. Se a intenção era confundir a todos e esconder que quer um calouro, a missão foi bem sucedida.

O que pensou a franquia então?

A única lógica é que os Eagles querem desenvolver um signal caller dentro da franquia. Selecionando na oitava posição geral, a chance de ir atrás de um dos dois melhores da posição (Carson Wentz e Jared Goff) são muito altas. Como os dois precisam de muito trabalho antes de ir para campo (para diminuir as chances de falharem), Bradford jogaria um ano, seria cortado e… Chase Daniel assumiria a posição por um ano? Não faz o menor sentido colocar um cara de 30 anos (na época) de titular por um ano, sendo que nunca jogou uma temporada como titular, para proteger seu segundanista. A lógica também se aplica para qualquer atleta de mid round, com a adição que as chances de uma escolha de terceira ou quarta rodada falhar são muito mais altas.

O Philadelphia Eagles não soube administrar a posição.

Normalmente, novos sistemas precisam de novos quarterbacks e não dá para perder a chance de escolher um bom valor no Draft. Doug Pederson querer um outro veterano faz  sentido, mas não dá para entender o porquê de colocar tanta grana na posição em dois atletas. Comparando com o Seattle Seahawks da época de Flynn, no Training Camp eram três jogadores disputando a posição: o produto dos Packers, Russell Wilson e Tarvaris Jackson. Ninguém estava custando tantas cifras e foi fácil sair da situação. No caso de Philadelphia, Daniel não tem muitas chances de virar titular e tornou-se o reserva mais caro da posição. Bradford é um quarterback mais adaptável a sistemas spread. Daniel, à West Coast de Pederson.

Foi uma movimentação muito estranha. Roseman, um cara conhecido por ser tão bom com o salary cap, jogou um contrato supervalorizado em alguém que não provou nada até aqui. Mesmo que Pederson achasse Daniel um possível titular, o veterano não conseguiu ameaçar nem Alex Smith. Sabe qual o grande problema?

Essa contratação sem nexo pode afetar na extensão de Fletcher Cox, discutivelmente o melhor jogador do elenco.

A esperança é que Philadelphia não ignore os melhores quarterbacks da classe somente por causa de dois contratos combinados. Claro que a regra deve ser sempre manter-se fiel ao seu draft board, porém é preciso reforçar a necessidade de não ignorar Goff ou Wentz. O melhor seria achar alguém para aprender atrás de Sam Bradford e com Chase Daniel ensinando a segurar a prancheta. O ponto é que são dois professores de custo alto. Todas as decisões certas tomadas até este momento (e as trocas inacreditáveis) vão por ralo abaixo caso a equipe não tome a decisão correta com relação a posição de quarterback – e que não é tão difícil de ver. Uma decisão errada e os empregos de Howie Roseman e Doug Pederson vão estar na linha – ainda mais depois de reverem a confusão feita com a posição mais importante do esporte.

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