Você que acompanha o ProFootball já deve saber a opinião predominante de nossa redação sobre pagar contratos altos para running backs. Por mais que esteja claro nossa posição em relação a isso, é notório que grandes acordos seguem sendo fechados com atletas da função, como a renovação de Christian McCaffrey com o Carolina Panthers por quatro anos, com uma média salarial de US$ 16 milhões. Neste artigo, o objetivo é fugir dessa celeuma, afinal os argumentos de ambas as partes já são bem conhecidos.
O propósito é outro: mostrar o porquê o Minnesota Vikings não deve pagar um contrato milionário a Dalvin Cook, independente de sua posição. O jogador, que está em seu último ano de contrato, já deixou claro que não participará das atividades do time até ter uma extensão contratual. Segundo Courtney Cronin, repórter da ESPN que cobre os Vikings, Cook persegue um acordo semelhante ao de McCaffrey, mas aceita menos, desde que fique no top 5 da posição. Para isso, ele precisaria ganhar pelo menos US$ 13 milhões por ano.
Os Vikings tem a faca e o queijo na mão
Com espaço de pouco mais de US$ 11 milhões na folha salarial deste ano, conforme projeção do site Spotrac, Minnesota não precisa se precipitar com Cook. O novo contrato coletivo ajudou os times a se prevenirem em relação a situações como essas. O jogador agora precisa se apresentar para o training camp e jogar pelo menos seis partidas da temporada regular. Caso não cumpra um dos requisitos, não será agente livre irrestrito e sim restrito. Caso isso aconteça, os Vikings têm poder de igualar a proposta de qualquer equipe pelo running back.
Nesse cenário, colocam antes da negociação a “tender”, que será uma escolha de Draft que o time que contrate o jogador terá que lhe dar em compensação. Por exemplo: Minnesota coloca uma tender de segunda rodada em Cook – mais o contrato equivalente a essa tender. O time X oferece um contrato de 4 anos e US$ 15 milhões de média salarial e a oferta não é igualada pelos Vikings. Automaticamente, os Vikings recebem a escolha de segunda rodada daquela equipe. Ou seja, além dos valores monetários, custaria capital de draft. Bastante caro, por sinal.
Fora isso, o mercado de 2021 estará lotado de bons nomes: Alvin Kamara, Joe Mixon, Derrick Henry, Leonard Fournette, Aaron Jones, James Conner, Matt Breida, Marlon Mack, Kenyan Drake, Todd Gurley e Kareem Hunt. Todos estes tem seu vínculo contratual terminando em 2020 e a maioria deve chegar ao mercado. Com tanta oferta, o preço deve cair bruscamente – ainda mais se Cook for agente livre restrito. O Draft também trará nomes interessantes como Travis Etienne, Chuba Hubbard e Najee Harris. Ou seja, um cenário nada animador para quem quer um grande contrato.
Argumentos não faltam para que os Vikings não sejam reféns de Cook
Não estou discutindo a qualidade técnica de Cook, é um ótimo jogador e foi um dos melhores running backs da NFL no ano passado. Mas, sem pensar na posição e sim como atleta: como ele pode exigir um contrato tão grande tendo perdido 40% jogos nos seus 3 anos de liga, por conta de contusões? O site especializado em lesões esportivas Sports Injury Predictor tem uma escala de 1 a 5, onde 5 é o máximo de durabilidade. Cook está listado como 1. Eles também preveem 57% de chances de o jogador se machucar e perder pelo menos 2 jogos em 2021. Com a idade aumentando, a aposta é que as ausências se tornem mais constantes.
Cook também segue tendo problemas na proteção da bola: na temporada passada foram 5 fumbles. Em três anos, são 8, uma média de 1 a cada 75 toques na bola. Considerando seus números por partida, é como se a cada 3 jogos o running back dos Vikings soltasse a bola uma vez. Para efeito de comparação, o já citado McCaffrey tem a média de 1 fumble a cada 134 toques na bola. Joe Mixon, outro contemporâneo seu do Draft de 2017, não sofreu nenhum depois do ano de calouro.
O segundanista Alexander Mattison fez um sólido trabalho no seu ano de calouro, tendo bons números. Mike Boone e Ameer Abdullah tiveram marca de quase 5 jardas por tentativa e o último traz boa contribuição no jogo aéreo. Claro que todos tiveram participação menor que Cook, mas tudo leva a crer que um comitê formado por eles tenha bom desempenho. O jogo aéreo também tem bons nomes para auxiliar Kirk Cousins, como Adam Thielen, Kyle Rudolph e o recém draftado Justin Jefferson. Se os Vikings agirem com racionalidade, não irão pagar uma fortuna a Cook, afinal, motivos para isso não faltam.
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