Não é assim tão fácil encontrar uma equipe na história da NFL que foi tão dominante quanto o Green Bay Packers em 1996. Tudo bem que o time não criou uma dinastia naquele período, vencendo apenas um Super Bowl, só que a superioridade sobre os oponentes daquele ano era tamanha que lembrava até mesmo o período que Vince Lombardi treinou a equipe na década de 60.
Pra se ter uma ideia, os Packers de 96 foram o primeiro time desde o invicto Miami Dolphins de 1972 a anotar o maior número de pontos durante a temporada (456) ao mesmo tempo que cederam o menor número (210). A equipe teve naquele ano o melhor ataque, a melhor defesa e os melhores special teams da liga. Sério, o nível de dominância foi incrível.
O primeiro ‘campeão da free agency’
A free agency como conhecemos hoje surgiu em 1993. Antes disso, os times eram criados em volta do Draft e das trocas, e mesmo depois da instituição do sistema atual, os títulos foram conquistados por equipes montadas via Draft, como o Dallas Cowboys que marcou uma dinastia na década de 90 ou o San Francisco 49ers com Steve Young.
O Green Bay Packers de 1996 foi o primeiro time campeão que foi montado de uma forma mais equilibrada. Dentre as maiores estrelas da equipe, várias foram contratadas no mercado: o EDGE Reggie White já havia sido indicado ao First Team All-Pro 6x quando chegou em 1993, o tight end Keith Jackson tinha 3 indicações no seu currículo quando contratado em 1995 e Eugene Robinson também tinha uma indicação quando chegou do Seattle Seahawks.
É até irônico porque, até uns anos atrás, os Packers eram um time que tinham como marca organizacional a montagem do elenco quase que inteiramente via Draft – esse cenário mudou com a saída de Ted Thompson do posto de general manager em 2018.
Ainda falando sobre a força daquele elenco, havia também uma porção de estrelas que havia sido originalmente draftada por Green Bay: no ataque, Antonio Freeman, Mark Chmura e Edgar Bennett são alguns dos exemplos que foram essenciais durante aquele ano; na defesa, vale singular LeRoy Butler, um dos safeties mais dominantes da década de 90 e que, além de sua qualidade em campo, é conhecido como o inventor do Lambeau Leap.
Por fim, a maior estrela de todas veio de uma troca lá em 1992. Brett Favre já era uma grande estrela antes do ano do título, e só em 1995 ele acumulou todas as seguintes honras: MVP, All-Pro, Pro Bowler, Jogador Ofensivo do Ano, líder de jardas passadas durante uma temporada e líder de touchdowns passados durante uma temporada. Enfim, dá pra notar que ele já era excelente.
Dominância dentro de campo
Embora eu tenha aberto o texto referenciando os Dolphins de 72, a campanha dos Packers não foi perfeita quanto a dos invictos de Miami. O time teve sua parcela de problemas, como as derrotas consecutivas para o Kansas City Chiefs e o Dallas Cowboys, além das lesões em jogadores importantes, como os recebedores Antonio Freeman e Robert Brooks.
Só que a profundidade do elenco era tanta que nem isso fez Green Bay cair de produção, especialmente nos momentos mais importantes. O time iniciou a campanha com 3-0, anotando 115 pontos e sofrendo 26; nas 5 vitórias pra encerrar a temporada regular, 162 marcados e 45 recebidos.
Na pós-temporada, todas as vitórias vieram por ao menos duas posses de diferença. Recebendo folga na rodada de Wild Card depois da campanha de 13-3 que lhes rendeu o posto de melhor equipe da NFC, os Packers dominaram os 49ers e o recém-criado Carolina Panthers no caminho para a final, onde bateram o New England Patriots por 35-21. O MVP daquele título foi Desmond Howard, que no terceiro quarto retornou um kickoff de 99 jardas para o touchdown; até hoje, ele é o único jogador de special teams a receber o prêmio de MVP do Super Bowl.
Pois bem, esse acabaria sendo o único título da carreira de Brett Favre. No ano seguinte os Packers voltariam ao Super Bowl, sendo surpreendentemente derrotados pelo Denver Broncos por 31-24 num jogo com decisões questionáveis do treinador Mike Holmgren. Apesar de favorito por 11 pontos, Green Bay não conseguiu lidar com o running back Terrell Davis, responsável por 157 jardas terrestres e 3 touchdowns naquele dia. Seria a última aparição da carreira de Favre numa final.
O time não conseguiu construir uma dinastia a partir daquele título, mas depois de décadas de incompetência após a era de superioridade nos anos 60, o Troféu Vince Lombardi voltou pra casa.
Leia também:
Buccaneers, 2002: Jon Gruden se vinga dos Raiders no Super Bowl 🏈
Saints, 2009: A redenção de Brees e de New Orleans após o Katrina 🏈
3 pontos que provam que Julio Jones é um dos melhores WRs da história
🎥 Curti: Gase x Jamal Adams, vem troca por aí?







