Por que a NFL aprovou a diminuição no tempo de prorrogação de 15 para 10 minutos?

A NFL não brinca em serviço: ela sabe que o público é seu consumidor. E, pensando nisso, a liga anualmente modifica algumas regras para continuar trazendo a cereja do bolo quando o assunto é futebol americano. Ao mesmo tempo, faz isso em maio de cada ano com o intuito de trazer a liga de volta aos noticiários no auge da intertemporada.

Em fevereiro, na primeira das Reuniões de Primavera dos donos de franquia da NFL, algumas novas regras foram criadas ou antigas foram modificadas. O destaque foi para a proibição do pulo sobre o center para bloquear chutes – sim, eu sei que você não gostou, mas apenas três chutes (de 41 bloqueados) foram dessa forma, então o mundo não acabou. Além disso, recebedores em rota desde então são considerados “jogadores indefesos” para efeitos da regra de hits na cabeça que gera expulsão. Em outras palavras, a NFL vem tentando reduzir as concussões já há algum tempo.

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Agora em maio, o principal que foi alterado é na prorrogação de temporada regular e de pré-temporada. Após a epidemia de empates na temporada 2016 – ou de jogos indo praticamente até o fim dos 15 minutos da prorrogação, como foi o caso de Tampa Bay e Oakland – fez com que a liga se mexesse. Playoffs, como o caso do Super Bowl LI, ainda terão 15 minutos de eventual prorrogação.

Por quê?  

Há dois objetivos básicos aqui. O primeiro é proteger a grade de televisão aberta nos Estados Unidos. A maior parte dos jogos da NFL ocorrem na CBS ou na FOX durante o domingo à tarde. Depois da segunda janela (ou seja, por volta das 19h, horário da costa leste), ambas as emissoras têm programação “pesada” no domingo. A CBS tem o 60 Minutes (espécie de Fantástico) e a FOX tem animações, com destaque para Os Simpsons, a série que colocou a emissora de Robert Murdoch no mapa. Ninguém vai ter falar que é por causa disso também, mas nas entrelinhas é um fator importante. A TV manda – já que a maior parte do lucro da NFL vem dos contratos com redes de TV aberta dos EUA.

A justificativa oficial da liga – e que também conta, claro – diz respeito à segurança dos atletas. Com o Thursday Night Football reduzindo a semana de vários times, é literalmente doloroso para vários atletas jogar um tempo extra completo. Para nós, no conforto do ar condicionado, é fácil criticar e chamá-los de molengas. Mas, honestamente, qualquer um que já jogou ou treinou futebol americano (me encaixo na segunda modalidade) sabe como o esporte demanda fisicamente de seus participantes. No ano passado, Seattle jogou um tempo inteiro contra os Cardinals na prorrogação, que terminou empatada. Na semana seguinte, era nítido como a defesa estava desgastada – o time perdeu para New Orleans e parecia sem fôlego algum.

Ah, Curti, por que não tiram o TNF de vez então? Bom, o jogo já está estabelecido como fonte de renda para a liga. O teto salarial sobe em função do lucro – contratos de TV, principalmente. Se tirar o TNF, derruba o teto e o salário dos atletas (e obviamente estes não vão querer isso). É a triste realidade.

Assim, a liga busca soluções paliativas para que no médio e longo prazo o nível dos jogos não caia. Neste ano, por exemplo, Browns e Jaguars não jogarão em nenhum jogo noturno – é a primeira vez que isso acontece desde a criação do Thursday Night.

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Reduzindo o tempo de prorrogação, há um estímulo maior para os times arriscarem no final do tempo regulamentar e no início da prorrogação – fazendo com que o jogo fique, em teoria, mais emocionante. Com menos tempo de prorrogação jogado, os atletas ficam mais saudáveis e mais descansados para a semana seguinte, ao mesmo tempo que a grade da TV aberta dos EUA fica protegida.

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Ainda, americanos DETESTAM empates. No beisebol sequer há essa possibilidade. Menor tempo de prorrogação pode indicar mais… Ousadia dos times, incorrendo em menos empates. E mesmo que isso não aconteça, na pior das hipóteses o “estrago” não seria tão grande. Nos últimos cinco anos tivemos 83 prorrogações. Apenas 22 delas estouraram o tempo de 10 minutos e hoje virariam empate (26%, portanto).

Pode parecer pouca coisa, mas já que não dá para derrubar o TNF de vez, já é algo.

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