Por que Patriots e Seahawks seguiram caminhos tão distintos pós-Super Bowl XLIX?

O destino de New England e Seattle esteve separado por apenas uma jarda em 2014, só que depois da final, o caminho das equipes foi muito diferente

Bill Belichick e Pete Carroll são dois dos maiores treinadores da história da NFL e possuem diversas ligações em comum, nenhuma maior do que a interceptação decisiva de Malcolm Butler no Super Bowl XLIX. New England Patriots e Seattle Seahawks estiveram dentre as duas franquias que mais venceram jogos na última década, mas só uma delas conseguiu manter seu sucesso de forma contínua.

A esse ponto, você certamente sabe o que aconteceu no Super Bowl disputado pelas duas equipes. Só que, desde aquela fatídica chamada, um dos times se manteve como a grande força de sua conferência, enquanto o outro não conseguiu voltar à final. Por que Patriots e Seahawks seguiram caminhos tão diferentes após aquele jogo?

Os Patriots abraçaram a mentalidade ‘No Days Off’

Pode até não parecer, mas a vitória dos Patriots há seis anos representou o fim de um jejum de 10 anos da dupla Tom Brady-Bill Belichick. Dentro desse período, New England chegou duas vezes ao Super Bowl, porém, sofreu duas derrotas surpreendentes para o New York Giants de Eli Manning. 

Com a interceptação de Butler e o quarto título assegurado, New England aproveitou o vácuo de talento existia na Conferência Americana, especialmente com o declínio e a subsequente aposentadoria de Peyton Manning, que encerrou a carreira no Denver Broncos. Tudo bem que os Patriots foram derrotados pelos Broncos nos playoffs em 2015, só que nas três temporadas seguintes o time foi o representante da AFC no Super Bowl, vencendo mais dois campeonatos.

O sistema de New England continuou o mesmo durante os anos em que o time não conseguiu ser campeão. O estilo consistente de Belichick e a mentalidade do ‘Faça seu trabalho’ não permitiriam questionamentos se o time fizesse a mesma chamada na linha de uma jarda. Os Patriots continuaram executando o mesmo plano e no mesmo modo de operar por várias e várias vezes, independente do resultado final.

A grande mudança nos últimos anos foi justamente o ‘cansaço’ de Tom Brady com esse sistema. Os primeiros relatos surgiram em 2017 – fortemente negados na época -, sobre a insatisfação de Brady com a falta de reconhecimento de seu treinador. Com seu desejo público de jogar até os 45 anos, o quarterback queria uma extensão contratual de longo prazo com os Patriots. Belichick nunca deu essa extensão, mas o jogador continuou na organização por mais duas temporadas.

Ele assinou um novo acordo em 2019 que aumentava seu salário, entretanto, ele se tornaria um free agent em 2020. Depois de Brady e Belichick falharem novamente em chegar a um acordo para mais um contrato – boatos apontam que Brady, que sempre aceitou salários menores para reforçar outros setores da equipe, não estava disposto a ceder descontos dessa vez -, ele assinou com o Tampa Bay Buccaneers em março. Depois de muito sucesso recente, a dinastia chegou ao fim.

Por outro lado, os Seahawks nunca superaram a chamada de passe

Não dar a bola para Marshawn Lynch foi uma decisão polêmica. Enquanto apenas uma jarda foi o que separou Patriots e Seahawks no Super Bowl, a dinâmica entre as equipes não poderia ser mais diferente: Pete Carroll tem uma personalidade mais amigável e permissível com seus jogadores, muito do que resultou no sucesso – e na implosão – da Legion of Boom.

Os jogadores do lendário grupo sempre sentiram que Russell Wilson era privilegiado no tratamento por parte de Carroll e, quando os problemas no vestiário se tornaram grandes demais, o treinador escolheu o lado de seu quarterback e não de seus defensores. O ambiente em Seattle era extremamente competitivo; como Wilson ganhava uma passada de pano por sua inconsistência, isso irritava muito os outros jogadores.

O momento que basicamente definiu o final dessa dinâmica da Legion of Boom foi a discussão entre Richard Sherman e o coordenador ofensivo Darrell Bevell nas sidelines durante um jogo vencido tranquilamente pelos Seahawks. O motivo foi uma chamada na linha de uma jarda onde Wilson passou a bola e quase foi interceptado, o que gerou a reação do cornerback. Jogadores defensivos jamais deveriam agir assim com um treinador do ataque, o que só reforça o fato da briga ser resultado de uma insatisfação que já vinha há muito tempo.

Enfim, a Legion of Boom foi gradativamente destruída. Wilson se desenvolveu num quarterback de elite, o problema é que o próprio Carroll é quem o limita hoje. Assim, todo ano ficamos na expectativa da volta de Seattle ao Super Bowl, mas ainda não aconteceu.

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