Contexto importa em absolutamente todas as fases da vida. Você já se perguntou sobre como algo que você disse pode ser interpretado de diversas formas se tirado dentro do contexto em específico? Explicações e diálogos são coisas necessárias na sociedade atual.
Hm, tá, contexto. Essa divagação completamente aleatória no início do texto é pra dizer, basicamente, que esse texto está inteiramente baseado em contexto ao invés de analisarmos detalhes frios. O talento de um quarterback é obviamente a parte mais importante pra entrarmos nessa lista, mas a percepção das pessoas sobre o mesmo pode ser diferente se levarmos em consideração a situação em que ele está inserido.
Um bom exemplo disso é Matt Ryan. O nível do jogador caiu nos últimos dois anos se comparamos em relação à 2016, mas sua queda, produtivamente falando, é muito menor do que a queda estatística, no entanto, a percepção acerca de Steve Sarkisian era tão ruim (justificadamente) que as pessoas não contemplavam o quão bem Ryan ainda estava jogando, por menos favorável que fosse sua situação com seu novo coordenador ofensivo.
Como você já possivelmente notou, ao longo das últimas semanas estamos divulgando listas posicionais aqui no Pro Football. Primeiro, divulgamos por grupos – fronts defensivos, recebedores, linhas ofensivas, secundárias etc. Depois, passamos para a fase dos jogadores individuais, iniciadas pelo Gabriel falando sobre os melhores recebedores de 2019 e depois o Roberto comentando sobre os melhores EDGEs da próxima temporada. Ainda tivemos o Gabriel falando sobre os melhores técnicos visando o ano que se aproxima. Conteúdo não faltou, não é? E ainda tem mais listas pra vir (e muito mais outras coisas).
Por fim, voltemos a falar sobre contexto. Você já entendeu que não estamos julgando apenas o quarterback, mas tudo que está à sua volta e que pode ter peso na sua produção em 2019, certo? Então ok, vamos lá.
10. Deshaun Watson, Houston Texans
Primeiro, a explicação dessa posição: escolher entre Watson, Newton e Roethlisberger foi complicado. Excluí Roethlisberger por não ter certeza de como ele vai lidar com um ataque sem Antonio Brown em 2019, além de seu número de interceptações estar altíssimo. Por fim, Watson não ganhou tantos reforços na linha ofensiva quando se era necessário, mas Newton vem de uma lesão no ombro que afetou bastante seu 2018 e uma alteração na mecânica de passe. O terceiranista era o mais seguro aqui.
Pra começar: eu não confio nada na “nova” linha ofensiva dos Texans. Num primeiro momento, a tendência é que os cinco titulares do ano passado se mantenham, mas com Matt Kalil, Tytus Howard e Max Scharping chegando via free agency e Draft (os dois últimos foram escolhas de primeira e segunda rodada), é impossível que vejamos o mesmo desempenho fraco de Houston na proteção à Watson sem imaginar que acontecerá alguma mudança ali.
Se essa mudança acontecer, Watson não precisará sair tanto do pocket quanto se viu nos últimos dois anos. Ele não saia do pocket por caprichos, e sim para salvar sua vida, já que, como dito, a linha ofensiva de Houston era (é?) pútrida. É bem verdade que ele tem atleticismo e a capacidade de ganhar jardas por terra como atributos, mas isso tem de ser um fator extra, e nunca a principal qualidade de um quarterback.
Uma mudança na linha ofensiva terá um efeito dominó maravilhoso em toda a equipe. Isso porque, com mais tempo no pocket, Watson poderá utilizar com mais frequência seus excelentes lançamentos verticais, particularmente buscando Will Fuller em profundidade. Não há dúvida que ele terá um desempenho mais do que satisfatório se os Texans ajudarem-no a tal – e mesmo em seus dois primeiros anos com péssimas proteções, ele teve números impressionantes. Por que isso seria diferente?
9. Tom Brady, New England Patriots
2018 representou segundo a métrica ANY/A a pior temporada de Tom Brady desde o ano de 2014. Existe uma coincidência óbvia que o torcedor dos Patriots certamente apontará em relação à esses dois anos – e deveriam. Mas existem também diferenças, e essas são notáveis.
Você pode negar, os Patriots podem negar, mas é fato que o braço de Tom Brady já não está mais em seu melhor momento. Ele tem 41 anos, não teve desempenhos de encher os olhos e que candidatassem-no ao prêmio de MVP (ou ao menos a disputar o mesmo) em 2018 e sim, seu desempenho está em queda. Não é uma queda livre, vertical e sem resistência do ar, mas ainda é uma queda.
Ao mesmo tempo… e daí? Os Patriots possuem um sistema excelente à sua volta e que tiram bastante da necessidade de que Brady seja perfeito para que a equipe tenha chance de ganhar jogos – vide Drew Brees na primeira metade da década. O jogo corrido funciona, a linha ofensiva é excelente, a defesa está entre as melhores da liga. Brady não precisa ser o MVP todo ano para que New England chegue ao Super Bowl: mesmo em 2017, quando seu braço claramente dava sinais de cansaço ao fim da temporada regular, sua equipe alcançou a final da liga. Em 2018, mesmo num desempenho ruim, foram campeões.
Não é nada absurdo dizer que Brady está na posição que está nesse ranking, assim como não é nada absurdo dizer que mesmo assim os Patriots são mais uma vez os favoritos dentro da AFC mesmo se aproximando de 20 (!!!) anos da parceria Brady-Belichick. O quarterback ainda é o mais inteligente da liga, a alcunha de clutch ainda lhe é justa e não há nada que indique que 2019 será seu último ano na liga. Mas numa base de jogo-a-jogo, ele não seria minha primeira opção.
8. Carson Wentz, Philadelphia Eagles
Contrato renovado, saudável e com um caminhão de novas peças no ataque. É com animação que os torcedores dos Eagles olham para o 2019 que se aproxima com relação à Carson Wentz, e é bem capaz que ele esteja bem acima quando refizermos essa lista ao longo da temporada. Por ora, vindo de um 2018 não tão animador, Wentz fica atrás de outros jogadores mais renomados dessa lista e que tiveram atuações mais produtivas no último ano.
É difícil singular um momento no qual Wentz esteve 100% saudável ao longo de 2018, especialmente porque eu acredito que esse momento não aconteceu. Você não simplesmente se recupera de uma lesão tão grave no joelho e tudo volta ao normal – ainda mais para um quarterback cujo atleticismo e mobilidade são atributos tão importantes em seu jogo. Depois, a fratura nas costas, a qual ele pareça estar recuperado após um bom período de treinos nos minicamps – mas que haviam dúvidas que precisavam ser respondidas sobre as mesmas ainda em maio.
Então, durabilidade é a primeira questão aqui: Wentz teve problemas com lesões em seu último ano no futebol americano universitário, uma lesão grave em seu segundo ano na liga e uma lesão não tão simples no terceiro. Ele pode estar perfeitamente recuperado de todas essas? Sim – e a bem da verdade ele deve estar. Mas temos de ter cautela, já que o corpo do mesmo já demonstrou ser vulnerável.
Os Eagles possuem as armas. O treinador possui uma ótima mente ofensiva, a linha ofensiva é de elite, os recebedores são bons, os tight ends são de elite e até o grupo de corredores tem alto potencial esse ano. No fim das contas, tudo reside sobre Wentz: ele pode voltar a forma de MVP em 2019? Tudo indica que sim.
Para isso, ele terá de demonstrar uma maior evolução nos passes longos, assim como limpar algumas de suas tomadas de decisão. O segundo item vem com a experiência, o primeiro necessita de treino e mais treino. Ele apresentou intensa melhora nesse aspecto em 2017 e não há nada que nos mostre que ele não pode repetir tal nível. Outra melhora que poderia ocorrer, mas em menor necessidade, é limpar alguns de seus atributos em sua mecânica de passe – Wentz precisa de um pouco mais de consistência em seu trabalho de pés se quiser ascender à elite da liga mais uma vez.
7. Russell Wilson, Seattle Seahawks
Falar tanto sobre contexto no início do texto me leva à Russell Wilson. Pessoalmente falando, a opinião desse escritor é de que ele tem talento para estar, no mínimo, dentro do top 5 dessa lista, contudo, como apostar num ano em que Wilson possa voar quando seu coordenador ofensivo tem a mentalidade arcaica de que se é necessário estabelecer o jogo terrestre para dominar a partida?
O que mais ajuda Wilson é o fato de ele finalmente ter algo parecido com proteção vindo de sua linha ofensiva. Depois da saída de Tom Cable, o grupo responsável por manter Wilson protegido não só deixou de ser uma fraqueza evidente no time como até mesmo está se desenvolvendo numa fortaleza, cheia de jogadores jovens e que agora possuem alguém capaz de desenvolvê-los. A troca pelo left tackle Duane Brown também muito facilitou a vida de Wilson.
Russell, aliás, foi feito o quarterback mais bem pago da história da NFL em algum momento da intertemporada, e é estranho pensar na decisão (indubitavelmente acertada) tomada pelos Seahawks sabendo que quem planeja o sistema ofensivo do time gosta mais de correr com a bola do que passá-la. Eu poderia ficar a tarde inteira criticando Brian Schottenheimer aqui? Sim. Isso seria produtivo? Não. Então vamos além.
Wilson precisa operar melhor dentro do pocket de modo a preservar sua saúde – e agora a desculpa da linha ofensiva já não cola tanto assim. Elusividade, improvisação etc, todos esses termos que já ouvimos (e utilizamos) pra definir o quarterback são bons, mas é importante que isso seja apenas um algo a mais do que a própria tônica do jogador. Sabemos que ele tem um bom braço. Sabemos que ele tem um ótimo passe longo. Sabemos que ele toma boas decisões com a bola. Ele só precisa ser um pouco mais inteligente ao olhar para o plano maior – sua durabilidade é notável e elogiável, mas na NFL, cada jogador está há apenas um hit de sofrer uma grave lesão. Quanto menos riscos, melhor.
6. Aaron Rodgers, Green Bay Packers
Essa é, para o escritor que vos fala, a mais difícil de avaliar. Não o jogador – já falei no Twitter várias e várias vezes sobre como Rodgers está abaixo apenas de Marino na lista de melhores passadores da história -, mas a situação em que ele está inserido. A lista de questões sobre Aaron Rodgers adentrando a temporada de 2019 é MUITO extensa, e é por isso que escrever esse texto se torna tão gostoso.
Aaron está adentrando em um território completamente novo: essa é a primeira vez em sua carreira em que ele terá um técnico diferente de Mike McCarthy desde que ele assumiu a titularidade da posição, em 2008. Vimos ao longo do último ano o quão desgastada estava a relação dentre treinador e jogador, então a mudança é positiva. O ponto é que Rodgers agora será treinado por Matt LaFleur, um treinador ainda bastante jovem e que está adentrando seu primeiro cargo como treinador principal de alguma franquia. A contratação de LaFleur é interessantíssima pelas questões que levanta e dentre elas, a principal: como um líder jovem e em sua experiência lidará com um quarterback ultra talentoso, mas que demonstrou num passado recente problemas para lidar com “ordens superiores” quando não concorda com as mesmas?
O talento de Rodgers é indiscutível. Como isso vai se adaptar ao sistema de LaFleur é uma parte importante. Nem tanto pela questão do audible no pré-snap – Rodgers, historicamente, teve liberdade de mudar as chamadas dentro de campo, mas o sistema de LaFleur é rígido quanto a esse quesito -, mas sim com relação a estrutura. Apostaria minha casa que o quarterback está aliviado de não ter seu playbook restrito à um combo de slants e flats como no que víamos no último ano, mas ao mesmo tempo ainda é um pouco difícil de julgarmos o que veremos no sistema ofensivo dos Packers quando este estiver em ação. Afinal de contas, LaFleur só teve um ano como playcaller de facto de alguma equipe, e mesmo que as estatísticas não tenham sido animadoras (o ataque dos Titans terminou 2018 como 25º em jardas conquistadas e 27º em pontos anotados), o contexto da lesão de Marcus Mariota serve como passada de pano do escritor explicação para que se possa dar uma melhor oportunidade ao treinador.
Nada disso vai funcionar, é claro, se a química entre jogador e treinador não for bem desenvolvida. Se Rodgers, que mais de uma vez criticou abertamente seus recebedores e também teve participação direta na demissão de McCarthy no último ano, não se sentir confortável com o sistema de LaFleur, tudo o que foi escrito acima vai para o vinagre e esse casamento não vai dar certo. Acho que essa é uma das histórias mais interessante de se acompanhar na offseason atual, pois estamos tratando de um dos jogadores mais talentosos em toda a história da liga e que vem de um ano ruim. Mais do que isso, é um jogador difícil de se lidar e o novo comandante não possui um histórico grande na liga.
Se avaliamos a última temporada do jogador, fica claro a distinção de seu desempenho nos seus 10 primeiros jogos e os 6 finais. Ele estava sendo excelente e os Packers estavam 4-5-1. Certamente o mau desempenho do time apesar dos ótimos números do jogador teve um pouco de peso em seu desânimo e em seus problemas com McCarthy, contudo, ao mesmo tempo, ele foi muito menos efetivo nos seis jogos finais; Green Bay precisa (e muito) do jogador da primeira metade de 2018.
Em resumo, não vamos nos esquecer do mais importante aqui: Rodgers é incrivelmente talentoso. Se um treinador não consegue adaptar seu esquema de modo a tirar o melhor de um jogador como ele, esse treinador não deveria estar na liga. É missão de LaFleur lidar com esse problema. Pior do que 2018 não se pode ficar, certo?

5. Philip Rivers, Los Angeles Chargers
Se lembram quando, em determinado ponto da temporada passada, estávamos com a possibilidade de quatro quarterbacks terem em 2018 um ano que se qualificasse (segundo a métrica ANY/A) como um dos dez melhores da história da NFL? Rivers era um deles. É bem verdade que seu desempenho caiu no último quarto da temporada, mas tudo bem, nem sempre se pode manter um nível tão alto de forma tão consistente.
O ponto chave sobre Rivers é: sua mobilidade está longe de ser das melhores, e os Chargers sofreram (muito) com pressões pelo interior da linha ofensiva em 2018. Poucos esforços foram feitos para se conter o problema, então como o veterano fará para lidar com esse problema? Se tem tempo no pocket, ele é maravilhoso explorando o campo e encontrando seus recebedores, especialmente um saudável Keenan Allen. Mas lidar com esse problema não será fácil.
Outra coisa importante se levarmos em consideração é a idade dele: aos 37 anos, Rivers não é mais nenhum menino, embora ele não tenha sofrido com lesões de forma consistente ao longo de sua carreira. A proteção da linha ofensiva será mais importante do que nunca no desempenho dele que, ao que tudo indica, pode ser fenomenal assim como em 2018. Mas existem questões importantes que precisam ser solucionadas para que isso aconteça.
4. Matt Ryan, Atlanta Falcons
É, eu sei que você acha que Matt Ryan está alto demais aqui. E eu não o julgo, dado que ele vem de uma temporada com apenas sete vitórias em Atlanta, bem longe do time tão potente que teve um dos melhores ataques da história da NFL em 2016 e que lhe rendeu o título de MVP da liga. Ryan não voltará a atuar num nível tão alto quanto o daquela temporada, especialmente se considerarmos que o ataque de Shanahan hoje está em San Francisco, e não em Atlanta. Mas há motivos de sobra para crer que ele vem para um ano destruidor.
Primeiro e mais importante: a percepção pública é de que Ryan caiu de produção desde a saída de Shanahan para os 49ers em 2017. Sim, é verdade, mas existem dois tipos de queda aqui: a primeira é a queda nos números, que foi acentuada; a segunda é a queda no nível de jogo, que foi muito menor do que se diz. A real queda foi no nível do coordenador: enquanto Shanahan possui uma mente brilhante que orquestra ataques complexos e extremamente produtivos, as chamadas de Steve Sarkisian eram inconclusivas, não aparentavam ser parte de um plano de jogo conciso e em muito limitaram o ataque dos Falcons – que, acredite: ainda está recheado de talento.
Com a volta de Dirk Koetter para o posto de coordenador ofensivo – ele montou o ataque dos Falcons durante os anos de 2012 e 2014 -, Ryan possui de novo alguém capaz de moldar uma ofensiva capaz de extrair o melhor de suas qualidades. O quarterback teve em 2012 o melhor ano de sua carreira se retirarmos a anomalia que foi o mágico 2016, e aquele ataque à sua volta nem era assim tão recheado. 2013 e 2014, anos assim não tão bons, o ataque à sua volta era pífio. Atlanta possui peças suficientes para fazer desse ataque um dos melhores da NFL; mais do que tudo, possuem um líder capaz de executar todo o plano de forma magistral.
Não é culpa de Matt Ryan o fato dos Falcons não terem sido capazes de montar um sistema eficiente à sua volta de forma consistente ao longo de sua carreira. Depois do excelente 2012, os times de 2013 e 2014 eram fraquíssimos; após a temporada de MVP em 2016, Shanahan partiu e a reposição foi péssima. Um dos melhores anos de Ryan foi justamente com Koetter; a tendência é que, agora munido de boas peças, o quarterback de Atlanta traduza em vitórias o bom desempenho que apresentou nos últimos dois anos e que passou despercebido pelo público em geral por conta do péssimo Steve Sarkisian.
3. Andrew Luck, Indianapolis Colts
Luck não teve a melhor temporada da carreira em 2018 (ainda que tenha sido um bom ano), algo esperado após perder 2017 inteiro (e toda a complicação em volta) por conta de sua lesão no ombro. Sua mecânica de passe é boa e ele continua sendo um jogador atlético com excelente capacidade de se ajustar no pocket, explorando de forma magistral as famosas seams (tipo de rota que explora um buraco aberto por uma defesa, geralmente em zona; a seam route mais conhecida é a explorada dentre o linebacker e um safety).
Aliás, expandindo no ano de 2018 de Andrew Luck, que bela reviravolta, não? Na terceira semana, questionamentos acerca do nível de recuperação do seu ombro surgiram após o quarterback deixar o campo no último lance contra o Philadelphia Eagles para que Jacoby Brissett lançasse a hail mary. Os Colts perderam cinco de seus seis primeiros jogos. Mesmo com uma primeira metade tenebrosa, Luck liderou Indianapolis a uma vaga nos playoffs junto de belíssimas atuações e de um plano de jogo ofensivo coerente orquestrado por Frank Reich.
Existem duas coisas que, em minha opinião, limitam Luck de disputar o topo dessa lista com os dois nomes que estão à sua frente. A primeira é que ainda continuamos a ver o jogador forçando alguns passes em janelas minúsculas (ou que nem mesmo existem), gerando turnovers – foram 15 interceptações em 2018. A segunda é que existe algum questionamento sobre a saúde do jogador ao longo dessa intertemporada, já que ele não participou dos OTAs e nem mesmo do minicamp obrigatório por conta de uma lesão na panturrilha. Acredita-se que ele possa estar totalmente recuperado nos training camps, mas isso só poderá ser certeza no mês que vem – e mesmo assim, com um calendário tão enxuto de treinos após o novo CBA, qualquer tempo que se perca com sua equipe é uma perda notável.
Existem várias razões para imaginar que Luck terá um excelente 2019 – iria até mais longe e chutaria que será a melhor temporada de sua carreira. Ele está completamente adaptado ao excelente sistema ofensivo de Frank Reich, as incertezas sobre a saúde de seu ombro não pairam mais no ar e a linha ofensiva à sua frente não é mais uma peneira. O fã de Indianapolis tem todos os motivos para se empolgar.
2. Patrick Mahomes, Kansas City Chiefs
O 2018 de Patrick Mahomes foi uma anomalia dadas as condições envolvidas, e por mais que eu ame Mahomes – e reforce isso até mais do que o aceitável as vezes -, a tendência é de regressão. No último ano, o primeiro do jogador como titular em Kansas City, o segundanista conseguiu a sexta melhor temporada da história de um quarterback por meio da métrica ANY/A. Não é a intenção desse texto discutir sobre regras da prorrogação, mas sim, Mahomes merecia o título dado suas atuações (curiosidade: assim como Patrick, nenhum dos cinco passadores com temporadas melhores que a do quarterback dos Chiefs venceu o título no ano em questão; apenas Marino/84 e Ryan/16 chegaram ao Super Bowl).
Por que acreditar que essa regressão virá? Bem, primeiro que os times agora terão material para analisar Mahomes e montar estratégias para contê-lo. Um jogo em 2017 não era nada suficiente para dar as equipes base suficiente para montar um plano de jogo capaz de limitar o elétrico passador dos Chiefs, e por melhor que seja seu elemento de imprevisibilidade, você sempre pode montar estratégias para parar um jogador. Segundo, que os Chiefs perderam peças importantes no ataque se comparadas ao ano passado: Kareem Hunt foi dispensado, Mitch Morse rumou à free agency e ainda vale citar a incógnita que se segue no caso Tyreek Hill, que muito possivelmente receberá uma suspensão da liga.
A situação é desfavorável se compararmos ao ano passado, no entanto, Mahomes ainda continuará sendo o quarterback que lança de forma precisa em plataformas incrivelmente desfavoráveis aos seus lançamentos, e que ainda terá o gênio ofensivo Andy Reid desenhando planos de jogo. Acredito que os adversários estarão melhor preparados para lidar com o agora terceiranista, mas que ele ainda continuará a apresentar um nível altíssimo. Só não o suficiente para liderar essa lista ou receber o prêmio de MVP pelo segundo ano consecutivo.

1. Drew Brees, New Orleans Saints
Preciso confessar que uma parte de mim está receosa de colocar um quarterback de 40 anos como líder numa lista de uma temporada que ainda está por vir, mas não há qualquer sinal de que Brees esteja em declínio por conta da idade. Nem mesmo a queda de produção perto do final da última temporada pode ser justificada por argumentos rasos como “o braço de Brees estava cansado”: primeiro, os Saints possuíam recebedores horríveis se excluirmos Michael Thomas; segundo, porque há a indicação que a precisão nos passes longos do jogador sumiu após uma pancada sofrida na semana 11. Uma intertemporada inteira para se recuperar é mais do que suficiente.
Quando falamos de quarterback, jamais podemos fingir que o fator mental e que a liderança não existem, e bem, Drew Brees é um símbolo gigante desse aspecto que estamos falando, dada sua influência no levante da moral da cidade de New Orleans pós-Furacão Katrina em 2005. Isso não tem nenhuma relação direta com o desempenho do jogador na temporada de 2019, é óbvio, mas há de se considerar que somente um grande líder poderia fazer isso. Brees é o símbolo desse time não só pelo que faz dentro de campo, mas também por tudo que representa fora deste, seja no vestiário, seja na comunidade.
Depois, quando passamos para a parte dentro de campo, estamos também falando de um jogador que é excepcional. Como exemplo, as cinco interceptações no último ano foram a marca mais baixa da carreira do jogador, mesmo com a queda de desempenho no fim da temporada por conta da supracitada lesão. Brees continua sendo um mestre do passe vertical, e sua conexão com Michael Thomas é praticamente imparável – fato que se torna ainda mais importante quando levamos em consideração que o restante dos recebedores dos Saints não chama a atenção. A idade é um problema? Bem, Brees teve em 2018 a melhor temporada de sua carreira segundo a métrica ANY/A, com 8.47.
A situação à volta do quarterback é excelente, e é nisso que me baseio para dar a vantagem sobre Mahomes pela primeira posição. Com uma ótima linha ofensiva à sua frente e com um jogo corrido consistente, Brees não terá de forçar passes ou ser o ponto focal do ataque em 100% dos snaps, como vimos no período 2014-16 dos Saints. Ele ainda é excelente nos passes longos, mas New Orleans não precisa que ele as lance todos os jogos para triunfar. Dessa forma – e aí sim podemos citar a idade como um fator -, o braço do veterano não fica tão desgastado e seu desempenho se mantém de forma consistente. Suas últimas duas temporadas foram excelentes. Não há nada que nos faça pensar que isso não pode se repetir em 2019.








