Tão comum nos dias de hoje, a franchise tag é uma invenção relativamente recente na história da NFL: ela existe desde 1993, quando a liga promoveu uma grande revolução no esporte ao criar, entre outras coisas, a free agency e o salary cap (folha salarial). De lá para cá, o polêmico recurso já foi usado em mais de 200 jogadores. Os atletas não ficam felizes ao serem “acorrentados” contratualmente às suas equipes, mas quase sempre costumam aceitar o seu destino. Às vezes, porém, a briga atinge um novo patamar, resultando até mesmo em longas greves – o caso Le’Veon Bell não nos deixa mentir.
Seja como for, a franchise tag é um instrumento previsto no acordo trabalhista da NFL e as franquias têm o direito de usá-la quando acharem necessário. Tal utilização, contudo, precisa ser muito bem pensada e analisada, caso contrário, um recurso criado para ajudar os times pode acabar trazendo mais prejuízos do que benefícios.
Com isso mente, preparamos uma série de dois textos com os 10 melhores e os 10 piores usos da franchise tag de todos os tempos. Anteriormente, falamos sobre os exemplos positivos, então hoje é a vez dos negativos. Um mau uso dos diversos tipos de tag normalmente implica em dar dinheiro demais para quem não merece, avaliar mal os talentos do time ou mesmo perder jogadores importantes por não usar os artifícios com inteligência.
EDGE Greg Hardy, Carolina Panthers (2014)
Hardy acabou sendo provavelmente o pior uso de franchise tag da história da NFL, mas, a bem da verdade, a culpa não foi dos Panthers: manter o edge era uma decisão bem fácil em 2014, visto ele ser o melhor pass rusher do time e vir de uma temporada de 15 sacks.
O problema é que, três meses após ser taggeado e assinar o vínculo – o que impossibilitou a posterior rescisão -, Hardy foi formalmente acusado de agredir uma ex-namorada. Seguiram-se meses de investigações e polêmicas, até o defensor ser afastado oficialmente pela NFL e colocado em uma lista de exceção. No final das contas, Greg jogou apenas uma partida em 2014, mas mesmo assim, recebeu integralmente os 13,4 milhões referentes à tag. Além do dinheiro jogado no lixo, Carolina ainda precisou lidar com toda a publicidade negativa do caso.
OG Steve Hutchinson, Seattle Seahawks (2006)
Em vez de usar a franchise tag em Hutchinson, um guard eleito regularmente ao Pro Bowl e escolhido diversas vezes como All Pro, Seattle preferiu economizar alguns trocados aplicando a transition tag. Esta, para resumir, permite que o jogador receba propostas de outras equipes e, caso elas não sejam igualadas pela franquia que usou a tag, o atleta vai embora sem nenhum tipo de compensação.
Foi assim que um excelente jogador foi embora de graça. Minnesota ofereceu um contrato de 49 milhões para Hutchinson, à época o mais valioso da história para um guard, e utilizou um recurso chamado “poison pill”, o qual impossibilitou que Seattle igualasse a oferta.
Os Vikings incluíram uma cláusula especial no acordo dizendo que o salário de Hutchinson se tornaria totalmente garantido caso ele não fosse o offensive lineman mais bem pago do elenco. Para mantê-lo, os Seahawks seriam obrigados a copiar essa cláusula, o que não foi possível por conta de questões financeiras. A manobra um tanto suja usada por Minnesota gerou retaliação e mais tarde foi proibida pela NFL.
TE Charles Clay, Miami Dolphins (2015)
Quem também perdeu um jogador importante por causa de besteira foram os Dolphins. Em 2015, a franquia usou a transition ao invés da franchise tag em Charles Clay, o que significou uma economia irrisória de pouco mais de um milhão de dólares. Na época, o tight end era um dos recebedores mais prolíficos do time e a única opção confiável na posição.
Miami quebrou a cara quando Buffalo ofereceu um vínculo de cinco anos e 38 milhões para Clay. Por se tratar de um valor bastante salgado, a franquia decidiu não igualar a oferta e viu o seu tight end ir embora de graça para um rival de divisão. Se tivessem aceitado pagar um pouco mais com a tag principal, isso teria sido evitado por pelo menos um ano.
CB Josh Norman, Carolina Panthers (2016)
Completando a lista de times que perderam jogadores valiosos de graça, temos o caso Josh Norman e Carolina Panthers – talvez um exemplo único na história da liga. Norman teve uma temporada inacreditável em 2015, passando de completo desconhecido a melhor cornerback da NFL. O problema para Carolina é que ele estava no último ano do seu contrato de calouro, o que o posicionou para receber um contrato gigantesco na próxima intertemporada.
Como as partes não conseguiram chegar a um acordo rapidamente, os Panthers optaram por usar a franchise tag. Contudo, pouco mais de um mês depois, a franquia se enfureceu com a postura de Norman nas negociações e simplesmente rescindiu a tag, fazendo com que Norman virasse free agent. O cornerback não ficou nem dois dias desempregado e rapidamente assinou com os Redskins.
A pergunta é: sabendo que haveria alta demanda por Norman, por que Carolina não tentou trocá-lo? Taggear um jogador e negociá-lo em seguida é uma tática muito comum, vide exemplos como Matt Cassel, Jared Allen e Jarvis Landry. Qualquer coisa que os Panthers conseguissem já seria mais lucro do que perdê-lo a troco de nada. Ou então por que eles não arriscaram mantê-lo por perto mais um ano? Nunca saberemos.
