Após um início de temporada avassalador com cinco vitórias seguidas e ótimas apresentações, Kansas City mudou de patamar, transformando-se em um dos times mais temidos da NFL e em favorito ao Super Bowl. O ataque estava voando baixo, Alex Smith vinha com performances dignas de MVP e Kareem Hunt só faltava fazer chover.
Tudo estava correndo às mil maravilhas para os Chiefs, até que de repente as coisas começaram a desandar: da semana 6 para cá, são três derrotas e apenas uma vitória. Com um record 6-3, franquia ainda está relativamente tranquila na liderança da AFC West e com grandes chances de chegar aos playoffs, mas o desempenho das últimas partidas nos dois lados da bola preocupa bastante.
Por sorte, Kansas City terá sua bye week na semana 10. A folga será importante para Andy Reid pensar na vida, juntar os cacos e tentar solucionar os defeitos apresentados pela equipe – defeitos estes que, por sinal, não são exatamente uma novidade.
Regressão ofensiva
Se olharmos apenas para as estatísticas, constataremos que Kansas City é dono do quinto ataque mais prolífico da liga em média de pontos por jogo (28,1). Contudo, este número sozinho não diz quase nada, principalmente se analisarmos o que aconteceu nas últimas quatro partidas. Hoje, os Chiefs estão longe de possuírem o quinto melhor ataque da NFL.
E antes que apontem o dedo para Alex Smith, vale dizer que pelo menos por enquanto a regressão ofensiva do time não pode entrar na conta dele. O problema, na verdade, é muito maior no jogo terrestre. Juntando os confrontos contra Steelers, Raiders, Broncos e Cowboys, Kareem Hunt soma apenas 191 jardas corridas – ele e o ataque como um todo não ultrapassam a barreira das 100 jardas terrestres desde a semana 5.
Com Hunt apagado pelas defesas, os Chiefs perdem um dos seus poucos playmakers ofensivos e colocam muita pressão no ataque aéreo. Ademais, Andy Reid voltou com a sua mania de abandonar o jogo corrido quando ele não engrena logo de cara, o que agrava o problema. Por exemplo, o running back carregou a bola apenas nove vezes diante de Pittsburgh e Dallas. Smith, por outro lado, lançou pelo menos 34 passes em cinco das últimas seis partidas.
A ineficiência pelo chão escancara outro defeito grave da franquia: a falta de alvos confiáveis. Com exceção de Travis Kelce e Tyreek Hill, Alex Smith basicamente não tem para quem passar a bola. Este é um mal que aflige o time há tempos e nunca é resolvido.
O resultado de tudo isso são as fracas performances ofensivas recentes. Em nosso review do duelo contra os Broncos chegamos a comentar que Kansas City lembrou os Chiefs de 2016, ou seja, uma equipe que para ter sucesso dependia de lampejos ou big plays no ataque e turnovers forçados na defesa. Foi exatamente assim que eles venceram Denver, anotando apenas um touchdown ofensivo, chutando cinco field goals e aproveitando a noite trágica de Trevor Siemian.
Contra Pittsburgh e Cowboys, porém, a história foi outra, mesmo porque ambos são times bem mais consistentes do que os Broncos. Diante de Dallas, por exemplo, os Chiefs entraram na end zone na última campanha do segundo quarto e na primeira do terceiro, sendo que o touchdown de Tyreek Hill só aconteceu graças a um vacilo enorme da defesa adversária[note]https://www.youtube.com/watch?v=_obxWdohlCk Acesso em: 08/11/2017[/note]. Tirando isso, porém, não fizeram mais nada.
A explosão ofensiva na derrota para Oakland pode ser vista como uma exceção, mas ela também precisa ser contextualizada. Os Raiders têm um sistema defensivo que não consegue parar ninguém, logo o nível do desafio enfrentado por Kansas City não foi dos maiores. Ainda assim, Smith merece créditos pela sua performance de 342 jardas aéreas e três touchdowns.
A defesa também não vem ajudando
Do outro lado da bola, as coisas também não vão bem. Na temporada passada, os Chiefs possuíam uma defesa que cedia muitas jardas, mas compensava forçando turnovers e aparecendo nos momentos decisivos.
Em 2017, isso está ocorrendo com menos frequência. Um dos exemplos mais claros a este respeito foi a partida contra Oakland. Kansas City teve várias chances de impedir a pontuação final dos Raiders, falhou em todas elas e tomou uma virada inacreditável com o cronômetro zerado. Ademais, a franquia forçou 13 turnovers até agora, um número até razoável, porém que tende a ficar bem abaixo dos 33 conseguidos em 2016[note]http://www.espn.com/nfl/statistics/team/_/stat/givetake/sort/takeTotal/year/2016 Acesso em: 08/11/2017[/note]. A única coisa que não mudou de um ano para cá foi o caminhão de jardas permitidas (390,3 por partida, quarta pior marca da liga).
Verdade seja dita, os Chiefs também não vem dando sorte com lesões. Eric Berry rompeu o tendão de Aquiles no primeiro jogo do ano e só volta em 2018. Além de ser uma referência técnica e um dos melhores safeties da NFL, Berry é um líder dentro e fora de campo. Outros que também lidaram com problemas físicos foram Justin Houston e Dee Ford, dois dos principais pass rushers do time. A boa notícia é que Tamba Hali finalmente saiu da lista dos machucados e estreou na semana 9.
O momento é ruim, mas nada está perdido
Mesmo sem intenção talvez tenhamos criado um cenário quase apocalíptico para os Chiefs, entretanto a ideia não é essa. Kansas City continua sendo um dos principais times da NFL e tem totais condições de sair do buraco onde está se metendo. Lembrando que a franquia lidera com folga a AFC West, ainda não sendo seriamente ameaçada pelos inconsistentes Raiders, Chargers ou Broncos.
Com exceção do corpo de wide receivers, a equipe está bem servida de talento em todas as outras posições e Alex Smith, embora também tenha caído um pouco de produção, continua vivendo a melhor temporada da carreira. Os problemas apresentados acima podem ser amenizados com alguns ajustes, sobretudo um pouco mais de comprometimento de Andy Reid correndo com a bola. É difícil atingir o mesmo nível de desempenho mostrado nas primeiras cinco semanas do ano, mas ao mesmo tempo é possível render mais do que os Chiefs vem rendendo ultimamente.
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