Qual a chance de Cam Newton ser MVP novamente em 2016?

Caso o Carolina Panthers volte ao Super Bowl nesta temporada, ela se tornará a primeira franquia a retornar à grande final entre os campeões da AFC e NFC depois de perdê-lo desde o Buffalo Bills de 1993. Apenas dois times venceram o Super Bowl no ano seguinte após serem derrotados, e nenhum o fez depois do Miami Dolphins de 1972. A equipe busca um grande feito e procura manter o ataque explosivo que, em muitos aspectos, surpreendeu a NFL em 2015.

Postulo que foi surpreendente a eficiência – na red zone, sobretudo – do Carolina Panthers do lado ofensivo da bola pois havia uma enxurrada de críticas quanto à capacidade do seu corpo de recebedores em se destacar – em especial após a lesão que fez com que Kelvin Benjamin perdesse todo seu segundo ano como profissional. Com exceção de Greg Olsen, havia muita dúvida ao redor de Ted Ginn Jr., Corey Brown, Jerricho Cotchery e o então calouro Devin Funchess.




Mas, como todos sabemos, o Carolina Panthers não tomou conhecimento e teve uma produção ofensiva brilhante. Cam Newton foi eleito MVP, se tornando o primeiro jogador a lançar para 30 touchdowns e correr para 10 em apenas uma temporada. O camisa 1 mostrou a eficiência da equipe na redzone, como dissemos acima: a equipe anotou touchdowns em 68% das suas posses nessa faixa do campo, a segunda melhor marca da NFL. O jogador mostrou enorme evolução: sua mecânica melhorou, e seu conhecimento sobre o jogo – como seu ataque funciona, como atacar coberturas e blitzes – subiu consideravelmente.

Posto isso, fica a seguinte questão: será que Cam Newton conseguirá se colocar no páreo para conquistar mais um prêmio de MVP? O Carolina Panthers seguirá com uma perfomance ofensiva brilhante em 2016?

A diferença do calendário de 2015 e 2016


A primeira grande dificuldade a ser ultrapassada pelo Carolina Panthers é o calendário. Muitos apontaram que a campanha de 15 vitórias e uma derrota no ano passado se deu pela força do calendário – ou melhor, pela “fraqueza” das equipes que enfrentou. Afinal, os Panthers enfrentaram duas vezes o New Orleans Saints, que ficou em penúltimo da NFL em jardas cedidas e em último em pontos cedidos, o New York Giants, último colocado no quesito jardas cedidas e 30º em pontos, além de seis outras equipes que ficaram abaixo da marca de 16º da liga em pontos cedidos por partida – incluindo o Tampa Bay Buccaneers, duas vezes.

Verdade seja dita, enfrentar a NFC South, a NFC East e a AFC South ano passado era de fato um cronograma fácil. As equipes que o Carolina Panthers enfrentou, em sua maioria, tinham dificuldades defensivas flagrantes, e foi fácil para Cam Newton e seu rolo compressor atropelarem muitos adversários. Claro, os Panthers mostraram que poderiam enfrentar as grandes defesas da liga, batendo o Seattle Seahawks no Century Link Field e atropelando o Arizona Cardinals na pós-temporada, portanto, isso não tira o mérito da equipe no ano passado (o caminho ficar mais fácil não significa que ele deixou de ser atravessado com maestria).

Agora, para 2016, o calendário é menos gentil. A equipe enfrentará, fora da própria divisão, a AFC West de Denver Broncos, Kansas City Chiefs e Oakland Raiders; a NFC West de Arizona Cardinals, Seattle Seahawks e Los Angeles Rams; além do Washington Redskins e Minnesota Vikings. Ou seja, das 10 partidas fora da NFC South, o Carolina Panthers enfrentará sete unidades defensivas sólidas, quatro delas fora de casa, um cenário bem diferente daquele que enfrentou em 2015. O 15-1 será mais complicado de acontecer.

O caminho das pedras para a pós-temporada

Pode soar óbvio e previsível o que falarei agora, mas é a verdade: o Carolina Panthers precisa se estabelecer dentro da própria divisão. Os seus rivais dentro da NFC South estão buscando a fórmula defensiva ideal para disputar a temporada de 2016; o New Orleans Saints tentou achar um substituto para Jimmy Graham e busca se encontrar após mais um ano terrível defensivamente, o Atlanta Falcons trouxe mais talentos para se encaixar na filosofia defensiva de Dan Quinn e o Tampa Bay Buccaneers buscou reforços na secundária para melhorar o desempenho geral da unidade. Dessa forma, vencer os duelos dentro da própria divisão é a prioridade número um para que o Carolina Panthers vença mais uma vez a NFC South e carimbe a vaga para os playoffs.


Após termos falado sobre essa visão no quadro geral do que os Panthers devem fazer, vamos ao que acontece dentro de campo. A equipe demonstrou em 2015 que o jogo corrido ainda tem espaço – e muito – numa NFL tão focada no passe. O Carolina Panthers foi a segunda equipe que mais correu com a bola em termos percentuais, ficando atrás apenas do Buffalo Bills.  As jogadas do time são construídas de forma a inserir a ameaça da corrida de Cam Newton. O arsenal de jogadas terrestres dos campeões da NFC envolve um grande número de options, jogadas nas quais a leitura dos defensores decide o rumo da jogada. Se o linebacker focar sua agressividade no running back, é o signal caller que corre com a bola, e vice-versa.

Dessa forma, as defesas tem que segurar sua própria agressividade para não sofrerem com grandes ganhos no jogo terrestre. Caso elas optem por trazer um jogador da secundária para o box, criando um front de oito homens, Cam Newton, com sua evolução no aspecto mental do jogo, pode aproveitar os buracos criados pela defesa, mudar a jogada na linha de scrimmage e conquistar primeiras descidas cruciais.

Esse foi o modus operandi do ataque do Carolina Panthers em 2015. E todos prestaram bastante atenção nisso – inclusive o Denver Broncos, que conseguiu neutralizar esse poderoso ataque no Super Bowl 50. Com um pass rush pra lá de incisivo, os Broncos conseguiram conter Newton dentro do pocket, tirando muito do impacto do jogo corrido e forçando turnovers. Para alguns, ficou a impressão de que os Panthers simplesmente sentaram em cima da fórmula e não preparam nada específico para bater o Denver Broncos. Alguns jogadores de defesa do Denver Broncos, inclusive, declararam que eles sabiam exatamente no que cada formação do Carolina Panthers resultaria, facilitando e muito o diagnóstico das jogadas e a consequente ação para pará-los.

Assim, os Panthers precisam mostrar mais opções dentro da sua própria filosofia. A impressão de que nada de novo foi planejado para o Super Bowl 50 precisa ser superada; as defesas que os Panthers enfrentarão neste ano – sobretudo as da própria divisão – tiveram meses e meses para estudar as fitas do ataque e preparar formas de atacar as jogadas ofensivas dos Panthers. Newton precisa mostrar novas jogadas para fugir do plano de jogo defensivo dos adversários e conquistar vitórias contra as defesas topo de linha. Se ele vencer esses jogos difíceis e as partidas dentro da divisão, a pós-temporada vai ficar muito mais próxima.

Enfim, Cam Newton pode ser novamente o MVP?

Naturalmente, é impossível cravar o que acontecerá na NFL em 2016. As mudanças que ocorrem de um ano para o outro dentro do futebol americano profissional são muito rápidas, e às vezes uma equipe que foi a pior numa temporada acaba vencendo sua divisão na seguinte. Posto isso, é possível, sim, que Cam Newton seja novamente MVP – embora o caminho para tal seja muito difícil.

O primeiro motivo para isso é que existe uma expectativa muito grande em cima do desempenho do camisa 1. Suas perfomances em 2015 foram excepcionais, e criou-se uma expectativa para que ele as repita em 2016. Lidar com a pressão será um elemento a mais nessa jornada pelo Super Bowl LI.

Além disso, o produto de Auburn e atual MVP precisa mostrar mais presença ainda dentro do pocket. É difícil isso fazer sentido depois de vermos uma temporada na qual ele desfilou passes fundos para Ted Ginn Jr., mas ele precisa mostrar que pode conduzir o ataque sem o respaldo do jogo corrido. O signal caller do Carolina Panthers aprimorou sua mecânica de lançamento e teve a melhor produtividade em termos de passes lançados de dentro do bolsão, mas o trabalho de pés do jogador ainda apresenta inconsistências – em especial a tendência de lançar a partir do seu backfoot.


Por exemplo, se observarmos a interceptação de Cam Newton contra o Arizona Cardinals, na qual Patrick Peterson faz o pick quatro jardas atrás de Ed Dickson (o alvo na jogada), o camisa 1 faz o lançamento apoiado no seu pé de trás. Ao invés de apoiar o seu pé da frente e fazer o movimento de rotação com o corpo, Newton confia no seu braço e acaba lançando um passe impreciso – mais de três jardas de distância do alvo. Apesar do jogador ser dono de um braço forte, a tendência de lançar passes sem o trabalho de pés ideal podem gerar janelas para turnovers.

Se observarmos os jogos da temporada regular do Carolina Panthers em 2015, em seis das dez vezes que Cam foi forçado a passar a bola pelo menos 30 vezes, ele foi interceptado ao menos uma vez na partida. Quando o jogador é obrigado a encontrar espaços pequenos para lançar a bola, a inconsistência no trabalho de pés pode gerar passes imprecisos e turnovers. E ele precisa mostrar mais evolução ainda nesse quesito para tornar o ataque do Carolina Panthers mais imprevisível, forte e, claro, colocá-lo como favorito para MVP novamente. No momento, é possível apontar Newton, Aaron Rodgers, Russell Wilson e Ben Roethlisberger como candidatos. Para despontar como o fez em 2015, a fórmula é a mesma: corrigir os erros – como fez de 2014 para 2015, mas agora que os coordenadores defensivos estarão desafiados a pará-lo, será um pouco mais complicado.

Newton está numa situação mais difícil do que em 2015, até porque agora todos os olhos estão voltados para ele. Ele tem que lidar com a pressão que segue uma temporada brilhante, ele tem um calendário duro pela frente. Mesmo com a volta do seu wide receiver número um, Kelvin Benjamin, o desafio é enorme. Entretanto, o camisa 1 do Carolina Panthers tem condições de evoluir como quarterback para 2016, aprimorando mais ainda seu trabalho de pés e presença no pocket, e dar um salto como jogador do mesmo tamanho – ou maior – de 2014 para 2015.

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