Eleger uma divisão da NFL como a mais forte de todas costuma ser algo tão complicado quanto definir o melhor time da liga, pois a escolha inevitavelmente virá acompanhada de uma grande dose de subjetividade. Nossas ideias podem ser diferentes dos suas, caro leitor, e isso muitas vezes gera atritos nas redes sociais (os famosos rages). Deste modo, antes de mais nada cabe explicar nossos critérios e deixar claro porque algumas divisões foram preteridas em favor de outras.
Os dois principais indicadores para medir a força de uma divisão são meio óbvios: qualidade técnica apresentada pelos times e competitividade. De nada adianta a presença de uma ótima equipe se a concorrência é fraca e ninguém mais consegue brigar pelo título. Por exemplo, os Patriots venceram a AFC East em 13 das últimas 15 temporadas e provavelmente vão continuar triunfando por um tempo. Por outro lado, uma divisão bastante competitiva, mas “nivelada por baixo” também não costuma ser das mais interessantes. Estamos falando de você, AFC South, que atualmente continua sendo o poço da mediocridade na NFL – para a tristeza de quem embarcou no bonde do Jaguarzão sem freio na intertemporada.
Seguindo estes critérios, a divisão que por ora está equilibrando melhor os dois indicadores citados acima, e por consequência é a mais forte da liga, é a AFC West (não se preocupe, vamos falar também um pouco da NFC East). A poderosa NFC West era uma boa concorrente ao posto, porém o começo de ano ruim de Seahawks e Cardinals fez diminuir a badalação. Já a AFC North poderia ser melhor se os Browns não fossem discutivelmente o pior time da NFL.
Três times candidatos aos Playoffs e mais um correndo por fora
Há alguns meses já havíamos cantado a bola sobre a qualidade da AFC West, inclusive a colocando no topo do nosso power ranking divisional. Após três semanas de temporada regular, as boas expectativas estão se confirmando. No momento, ela e a NFC East são as únicas divisões com três equipes possuindo um record positivo.
O Denver Broncos é o líder da AFC West e uma das cinco franquias da liga que estão invictas até aqui (junto com Patriots, Ravens, Eagles e Vikings). O grande destaque sem nenhuma surpresa está sendo de novo a defesa, a qual parece ter retomado do lugar onde parou na temporada passada (no caso, o título do Super Bowl). Os números de jardas e pontos cedidos por partida pioraram um pouco, contudo o pass rush segue feroz: 12 sacks, segunda melhor marca da NFL. Por sua vez, o ataque vem saindo-se surpreendentemente bem. Trevor Siemian está mostrando ser uma espécie de Batman ao contrário: ele não é o herói quarterback que os Broncos merecem, mas é o que eles precisam agora. Ajudado pelas performances do running back C.J. Anderson, o jovem está conduzindo o ataque da equipe e colocando pontos no placar. Ao que tudo indica, Denver não passará por nenhum tipo de ressaca pós-conquista de Super Bowl, algo que deveria deixar os adversários da Conferência Americana bastante preocupados.
Na segunda posição, empatado com os Raiders, estão os Chiefs. Os comandados de Andy Reid seguem a mesma fórmula que os levaram aos Playoffs em 2013 e 2015: uma defesa muito forte e um ataque que faz o básico do básico. A franquia teve apresentações pouco convincentes nas semanas 1 ou 2, embora tenha conseguido uma virada espetacular diante dos Chargers. Já na semana passada, triturou o bom time dos Jets por 24 a 3 com um verdadeiro show defensivo. Kansas City é extremamente competitivo mesmo sem encantar.
Oakland, por sua vez, é a antítese dos Chiefs: uma defesa mais ou menos e um ataque empolgante. O time da Califórnia foi devastado pelos potentes ataques de Saints e Falcons, inclusive saindo de campo derrotado em casa por Atlanta. Do outro lado da bola, Derek Carr está sendo muito consistente e jogando em alto nível. Os problemas defensivos podem ser um diferencial lá na frente, principalmente em uma divisão com Broncos e Chiefs, porém os Raiders tem um grupo talentoso para fazer barulho e colocar pressão em cima dos seus adversários diretos.
Por fim, temos os inconsistentes Chargers. A equipe apresentou até aqui a média de uma contusão importante por rodada: Keenan Allen (joelho) na semana 1, Danny Woodhead (joelho) na semana 2 e Manti Te’o (tendão de Aquiles) na semana 3. Se continuar desse jeito, San Diego precisará pegar emprestado alguns jogadores do time de beisebol dos Padres para terminar o ano. Mesmo assim, de algum modo a franquia vem conseguindo se manter competitiva, massacrando os Jaguars e vendendo caro as derrotas para Chiefs e Colts. Sinceramente é difícil ver os Chargers nos Playoffs com tantos desfalques – eles são os que “correm por fora”. Entretanto, com um cara do nível de Philip Rivers under center, San Diego tem condições de beliscar algumas vitórias e fazer jogo duro contra vários adversários.
São boas as chances da AFC West colocar dois times nos Playoffs – três já seria uma previsão ousada demais. Broncos (os virtuais favoritos), Chiefs e Raiders deverão se digladiar pelo título divisional e por uma possível vaga na pós-temporada como Wild Card. Pelo menos é isto o que indica o começo de 2016 e torna a divisão oeste da Conferência Americana tão atrativa.
A NFC East também merece um pouco do nosso carinho
Apontada com razão como uma das piores divisões do futebol americano em 2015, a NFC East está surpreendentemente boa nesta temporada. Os Eagles estão voando (pedimos perdão pelo péssimo trocadilho involuntário), jogando muito bem dos dois lados da bola e chocando o mundo com o calouro Carson Wentz. Logo atrás, Cowboys e Giants já venceram dois jogos e também têm pontos positivos a serem destacados, sendo respectivamente o quarterback calouro Dak Prescott e a renovada defesa. Apenas Washington começou o ano cambaleando com duas derrotas, mas em compensação se recuperou vencendo New York fora de casa na semana 3. A NFC East é completamente aberta e qualquer um dos quatro pode sagrar-se campeão daqui a alguns meses.
A razão para a colocarmos atrás da AFC West, entretanto, é simplesmente falta de confiança. Ainda não superamos o show de horrores apresentado no ano passado, então suas equipes precisarão jogar bem por mais tempo para apagar a má impressão e provar que são uma realidade. Ademais, ninguém tem um time tão sólido como Denver, por exemplo. Em todo o caso, a divisão leste está sendo a melhor da Conferência Nacional até agora.
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