É impossível para o ser humano que o sofrimento eventualmente não venha. Na NFL, menos ainda. Com o equilíbrio sendo marca da liga e um dos seus principais atrativos – e até por isso salary cap e Draft são tão valorizados -, em algum momento da temporada todas equipes sentirão o peso de um jogo mais complicado que o esperado ou aquele dia em que nada funciona. Não é uma opção e não existe exceção, tanto que o último é único campeão invicto do Super Bowl foi o Miami Dolphins no longínquo 1972.
Entretanto, nada é pior que passar por maus bocados tendo um quarterback limitado atrás do center. Essa era a realidade do Los Angeles Rams até a temporada passada. Nem considero Jared Goff um quarterback tenebroso como muitos analistas, mas era clara a discrepância entre seu talento e do restante da unidade ofensiva. Recebedores como Cooper Kupp e Robert Woods por diversas vezes criaram oportunidades, especialmente em profundidade, que Goff deixou passar por seus problemas processando o jogo quando algo fora do desenho usual acontecia.
Do inferno ao céu em 2 minutos
Contra o Indianapolis Colts, os Rams tiveram seu calvário. Após estarem vencendo durante toda primeira etapa, viram o adversário virar, por conta de um erro tolo no snap para um punt de dentro da end zone. Porém, com Matthew Stafford o sofrimento durou apenas 2 minutos. Foi o tempo que ataque precisou para atravessar o campo e colocar a vantagem novamente ao seu favor. O segredo? Um quarterback que sabe explorar o campo verticalmente, como já falamos.
A jogada crucial da campanha foi um passe em que bola viajou 22 jardas além da linha de scrimmage até chegar macia nas mãos de Kupp. Durante todo 2020, Jared Goff completou 13 passes que percorreram pelo menos 20 jardas no ar. Em apenas dois jogos, Stafford já tem 4. Obviamente todos os coordenadores defensivos sabiam dessa dificuldade do time de Los Angeles em atacar o fundo do campo e se poucos se preocupavam em ocupar/marcar esse espaço. Não por acaso, os Rams foram a sexta equipe que mais enfrentou jogadores no box na temporada passada[foot] Football Outsiders[/foot], mesmo tendo muita velocidade entre seus wide receivers.
O impacto positivo vai além: a tendência é que o número de blitzes caia consideravelmente em razão da capacidade de produzir fora do script, em jogadas que se desenvolvam diferente do lido antes do snap, vai deixar as defesas temerosas. Contra o antigo titular foram 33% de snaps em que 5 ou mais homens foram para pressão. Nas duas primeiras semanas esse número é de apenas 20%[foot]Pro Football Focus[/foot]. Isso traz um alívio para linha ofensiva, que pode trabalhar de forma mais tranquila nos ajustes.
