RBs mais bem pagos da década: qual foi o resultado?

Traçamos uma perspectiva histórica para elencar os running backs mais pagos da última década

O novo contrato de Christian McCaffrey com o Carolina Panthers inflamou, mais uma vez, o debate acerca de ser correto ou não dar contratos caros para running backs. Durabilidade, queda de produção vertiginosa e importância nos esquemas ofensivos modernos são alguns dos pontos que envolvem essa discussão que permeará o mundo do futebol americano enquanto esse possuir a aparência que conhecemos hoje.

O objetivo deste texto não é tentar esclarecer pontos sobre a desvalorização da posição, mas olhar para o passado em busca de encontrar uma linha de tendência. Analisando os contratos dos running backs mais bem pagos da última década – ou desta década, como preferir -, observaremos quais foram as consequências desses acordos e se os altos valores foram um acerto, pensando pela ótica dos clubes. Para isso, realizei uma ponderação entre o peso dos contratos no salary cap e o valor total dispendido nos jogadores, como forma de evitar malabarismos contratuais feitos pelas franquias, para definir quais foram os atletas mais bem pagos da posição.

Chris Johnson (Tennessee Titans)

O running back que abre a lista assumiu por pouco tempo o posto de mais bem pago da posição, mas possui uma história muito semelhante à de McCaffrey. Johnson foi escolha de primeira rodada dos Titans no Draft de 2008 e teve um começo excepcional, atingindo a marca de 2006 jardas corridas em seu segundo ano, tornando-se o principal nome do ataque da franquia de Nashville naquele período. Após seu terceiro ano de contrato de calouro, Johnson decidiu entrar em greve até receber uma renovação contratual, afinal, como Tennessee poderia deixar de pagar seu jogar ofensivo mais importante?

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Como não poderia ser diferente, os Titans cederam e pagaram o atleta 10 dias antes do início da temporada regular, com mais de 30 milhões de dólares garantidos em um contrato de quatro anos. O resultado? Nas três temporadas seguintes, Johnson se manteve acima da marca das 1000 jardas terrestres, mas não repetiu nenhuma convocação ao Pro Bowl e muito menos ao All-Pro; ademais, o ataque terrestre de Tennessee esteve abaixo da média, em DVOA, nesse período, longe de justificar o valor da renovação. Consequentemente, Johnson foi trocado para o New York Jets em 2014 e partiu para o Arizona Cardinals em 2015, equipe na qual permaneceu até 2017. Nos dois últimos clubes, o running back recebeu contratos ínfimos e nunca bateu as 900 jardas terrestres, terminando a carreira no esquecimento.

Adrian Peterson (Minnesota Vikings) 

Peterson é provavelmente o caso mais emblemático desta lista. Último não-quarterback a vencer o prêmio de MVP, o histórico running back recebeu um contrato de mais de 100 milhões de dólares e com sete anos de duração apenas nove dias após Chris Johnson ter seu vínculo renovado pelo Tennessee Titans. Na época, o acordo entre o Minnesota Vikings e Peterson foi de outro patamar, mesmo com este sendo um dos melhores corredores da liga nas suas quatro primeiras temporadas de carreira – Adrian foi Pro Bowler em todos os anos e foi selecionado duas vezes ao All-Pro.

É difícil, porém, dizer que o contrato multimilionário se pagou, pois nas seis temporadas após a renovação contratual, Minnesota só atingiu a pós-temporada em duas delas, sofrendo a eliminação na rodada de Wild Card em ambas as vezes. Sim, durante o mesmo período, Peterson atingiu sua histórica temporada de 2097 jardas terrestres em 2012, na qual foi MVP, e foi o principal nome do ataque da franquia, mas até que ponto valeu a pena? Hoje no Washington Redskins, o running back não alçou mais o estrelato após a temporada de 2015, mas foi sólido nos seus dois últimos anos dividindo carregadas e não recebendo o foco defensivo – com a diferença que, agora, Peterson recebe pouco mais de 3 milhões de dólares.

Arian Foster (Houston Texans) 

Um dos running backs de maior impacto na última década, mas desconhecido ao olhar dos fãs mais jovens, Arian Foster foi um dos pilares do Houston Texans. O running back chegou à franquia após não ser escolhido no Draft e teve performances incríveis a partir de seu segundo ano na liga, tornando o ataque terrestre de Houston o terceiro melhor da NFL em DVOA na temporada de 2010. No início de 2012, Foster recebeu um contrato de 5 anos com mais de 20 milhões de dólares garantidos, após mais uma temporada fantástica; ao lado de Andre Johnson, o running back era a base do ataque dos Texans e, portanto, o contrato era, em tese, justificável.

A partir da temporada de 2013, tudo começou a desandar. Foster começou a ser avassalado por lesões e, nos seus três anos seguintes em Houston, atuou em apenas 52% das partidas, com problemas em boa parte do corpo. Ao fim da temporada de 2015, o running back foi dispensado pelos Texans e assinou com o Miami Dolphins, apenas para se lesionar novamente na temporada seguinte e, assim, encerrar sua carreira precocemente. Com uma carreira que ascendeu e decaiu de forma vertiginosa, Foster marcou uma era em Houston, mas pouco de seu legado é lembrado nos dias atuais, devido à baixa durabilidade de seu auge.

LeSean McCoy (Buffalo Bills) e Devonta Freeman (Atlanta Falcons)

Prefiro mencionar McCoy e Freeman em conjunto, pois seus contratos possuíram valores semelhantes, mas histórias diferentes. Após inúmeras temporadas bem sucedidas com o Philadelphia Eagles e duas seleções ao All-Pro, McCoy foi trocado para os Bills no ano de 2015, em um acordo de 40 milhões de dólares, com a perspectiva de levar o time de volta à pós-temporada. Mesmo com um bom início, a equipe só chegou aos playoffs na temporada de 2017 e foi derrotada logo de cara, em atuação apagada do running back. Dispensado após um péssimo 2018, McCoy foi campeão do último Super Bowl com o Kansas City Chiefs, mas não passou das 500 jardas na temporada regular e sequer teve carregadas nos playoffs, o que mostra sua nula importância na equipe.

Diferentemente de McCoy – e semelhante a Foster -, a história de Freeman termina tão rápido quanto começa. Despontando como uma das estrelas do Atlanta Falcons com o ataque comandado por Kyle Shanahan, em 2015 e 2016, Freeman chegou a marcar o primeiro touchdown do Super Bowl LI, no ano em que fez uma dupla mortal com Tevin Coleman. Pouco antes do início da temporada de 2017, o running back recebeu um novo contrato de 5 anos e 41 milhões de dólares, o que o tornou o atleta mais bem pago da posição na época. O que parecia a atitude correta, contudo, logo se provou um erro. Em 2017, Freeman não passou das 900 jardas terrestres; em 2018, atuou em apenas duas partidas e, na última temporada, não chegou às 700 jardas pelo chão. O resultado? Cortado pelos Falcons no último mês e sem nenhum clube até o momento.

Todd Gurley (Los Angeles Rams) 

O caso mais recente e um dos mais emblemáticos desta lista reside em Todd Gurley, durante seu período com o Los Angeles Rams. O running back chegou à franquia no último ano dessa em St. Louis e, desde seu primeiro ano na liga, mostrou-se como um jogador explosivo e com muito potencial de ser a principal peça do ataque da equipe. Gurley despontou de vez após a contratação de Sean McVay, em 2017, ano em que passou das 2000 jardas totais, anotou 19 touchdowns e foi cotado fortemente para ser o MVP, mas contentado-se com o prêmio de jogador ofensivo do ano.

Bom, neste ponto da lista você já deve ter notado que, quando seu running back tem um bom ano, a atitude tomada é assinar uma extensão multimilionária, e com os Rams não foi diferente. Alçado ao estrelato da NFL, Gurley assinou um contrato de 4 anos e de quase 60 milhões de dólares, com 45 milhões garantidos: a maior média salarial e dinheiro garantido da história da posição na época. Bom, acho que todos sabem bem quais foram as consequências: após o fim da temporada regular de 2018, na qual alcançou a marca de 21 touchdowns, Gurley nunca mais foi o mesmo, declinando na pós-temporada que culminou na derrota para o New England Patriots no Super Bowl LIII – partida na qual Gurley teve 35 jardas terrestres.

No fim das contas, o contrato se transformou em uma bomba na mão dos Rams, após Gurley realizar um 2019 bem abaixo da média, anotando pouco mais de 1000 jardas totais, mesmo com os 14 touchdowns. O que restou à franquia foi cortá-lo, arcando com mais de 20 milhões em dinheiro morto (ou seja, aquele que deve ser pago a Gurley mesmo com sua saída do time), pois nenhuma equipe viu vantagem em realizar uma troca. Hoje nos Falcons, Gurley assinou um contrato de um ano, por pouco mais de 5 milhões de dólares, como tentativa de provar que ainda pode voltar a ser o jogador explosivo que demonstrou ser um dia.

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