Ryan Tannehill tem todas as condições para finalmente decolar – Resta saber se irá.

A carreira de Ryan Tannehill não tem sido das mais fáceis. Desde que entrou na liga, em 2012, o jovem quarterback tem experimentado problemas em diversas frentes. A diretoria dos Dolphins, no entanto, parece ter sanado cada um desses problemas em 2016 com novo offensive tackle, técnico com mente ofensiva brilhante e etc. “Tannehill não tem mais desculpas para falhar” é o que passa na cabeça da maioria dos fãs de Miami.

O novo contrato de Tannehill, assinado há aproximadamente um ano atrás, permite que os Dolphins possam cortar o jogador após essa temporada, economizando cerca de 10 milhões de dólares em seu salary cap. Dessa forma, é essencial que o jogador se saia bem esse ano, para garantir sua permanência na equipe. Mas será que, pela primeira vez em sua carreira, a diretoria de Miami criou um ambiente que possibilite que Tannehill obtenha sucesso? Para descobrirmos isso, vamos relembrar todas as dificuldades enfrentadas pelo jogador e as medidas tomadas para corrigi-las.

A ausência de alvos de qualidade

Em seu primeiro ano nos Dolphins, Tannehill teve que lidar com um dos piores conjuntos de recebedores da NFL, com Brian Hartline, Davone Bess e o tight end Anthony Fasano sendo suas principais opções. Desde então, a diretoria tem buscado reforçar o setor com free agents e escolhas no Draft. Dentre os free agents, os erros se sobrepõe aos acertos. Jogadores como Mike Wallace e Greg Jennings chegaram e partiram sem deixar saudades. Jordan Cameron e Kenny Stills (que, tecnicamente, não era um free agent) continuam na equipe, mas nunca compensaram o investimento feito. No Draft, as coisas parecem ter sido melhores. Jarvis Landry já se tornou um dos principais slot receivers da NFL, e DeVante Parker e Leonte Carroo possuem características que indicam carreiras de sucesso entre os profissionais.


No geral, Miami conta em 2016, pela primeira vez desde que Tannehill chegou na equipe, com um grupo de recebedores bastante talentoso. E, tão importante quanto, são talentos que se complementam e se adequam perfeitamente às funções de um ataque da NFL. Desde que sejam usados adequadamente

Jarvis Landry é um ótimo slot receiver, mas tem sido largamente superestimado. Ele se destaca em rotas curtas, principalmente em slants, flats, curls e screens, lutando bravamente por jardas extras após suas recepções curtas. E isto é tudo que ele é capaz de fazer. Essa característica, em si, não é um grande problema. Temos muitos jogadores bem sucedidos na história da NFL com características similares às de Landry. O problema é quando um técnico tenta conduzir seu ataque através de um jogador com essas características. Em 2015, Landry foi alvo de 28,7% dos passes de Ryan Tannehill. Isso se traduz em 167 bolas lançadas em sua direção, a sexta maior marca da liga. E o que ele fez com esses lançamentos? Não muita coisa. Landry conquistou uma média de 10,52 jardas por recepção, o que o coloca na 94ª posição nessa categoria em 2015. Dentre os jogadores que tiveram uma média superior estão Dion Lewis e Charles Sims, que são running backs.

Esse uso exagerado do slot receiver se dá devido à ausência de um x receiver confiável. Essa é a função que, em tese, será desempenhada por DeVante Parker nesta temporada. Selecionado na primeira rodada do Draft de 2015, o jovem recebedor teve poucas oportunidades para mostrar seu talento em sua temporada inicial na liga, demorando para se recuperar de uma lesão no pé sofrida na pré-temporada. Nas seis últimas partidas da temporada, Parker conquistou 445 jardas em 22 recepções, o que dá uma média de jardas por recepção que é quase o dobro da de Landry. DeVante tem o tamanho, velocidade, explosão e histórico de produção no college para se tornar um jogador dominante na posição, nos moldes de A.J. Green. Isso, claro, se sua evolução na NFL seguir o caminho esperado.

Completando a configuração dos wide receivers temos Kenny Stills, que deve ser o responsável por esticar o campo verticalmente com sua incrível velocidade. A expectativa em 2015 era que Stills, aliando sua velocidade à sua boa execução de rotas e capacidade de ajuste corporal, melhorasse a conexão dos passes longos em Miami, que não era nada boa quando Mike Wallace era o responsável pela função. Essa melhora, no entanto, não aconteceu. Tannehill não é um especialista em passes longos, mas é muito melhor nesse quesito (apesar de uma certa inconsistência) do que lhe dão crédito. O problema maior tem sido o grande número de drops de seus recebedores de profundidade. Isso havia sido um grande problema de Mike Wallace em 2014 e se repetiu com Stills em 2015. E não só com ele. Tannehill teve o terceiro maior número de passes precisos que não se converteram em recepções na temporada passada, com 63. Outro jogador que contribuiu consideravelmente para esse número foi o tight end Jordan Cameron, que em alguns momentos da temporada parecia perdido em campo. E isso nos leva ao próximo obstáculo enfrentado por Tannehill.

Uma comissão técnica abaixo da média até o ano passado

Joe Philbin, o head coach de Miami desde que Tannehill foi selecionado no Draft de 2012, foi demitido após a quarta partida da temporada passada, a derrota dos Dolphins para o New York Jets em Londres. Bill Lazor, seu coordenador ofensivo, foi demitido algumas semanas depois, após outra derrota para os Jets. E ambos mereceram. Mesmo não levando em conta a série de más decisões táticas adotadas pela dupla, a maneira como ambos lidaram com o desenvolvimento de seu quarterback foi um desastre.

Lazor retirou toda a autonomia de Tannehill, impedindo que o quarterback mudasse as jogadas na linha de scrimmage, após fazer a leitura inicial da defesa. Além disso, devido à sua insistência em não utilizar o jogo corrido para aliviar a pressão do jogo aéreo, através de play actions, a ineficiência de sua linha ofensiva obrigava o ataque dos Dolphins a fluir através dos passes rápidos para Jarvis Landry, o que o tornava estagnado e previsível. Aliás, a linha ofensiva merece um capítulo à parte nesse texto. Basta dizermos por hora, que Ryan Tannehill sofreu 184 sacks desde 2012, a maior marca da NFL.

Joe Philbin foi ainda pior para o desenvolvimento de Tannehill. Armando Salguero, repórter que cobre de perto o Miami Dolphins, revelou que, em 2014, o head coach fez uma campanha aberta na semana anterior ao Draft para que o general manager Dennis Hickey  selecionasse o quarterback Derek Carr na primeira rodada do Draft. Salguero acredita que essa teria sido uma manobra de Philbin para salvar o emprego do coordenador ofensivo Mike Sherman: jogar a culpa pelo fracasso ofensivo do time em Ryan Tannehill. Hickey, entretanto, não entrou no jogo de Philbin. Com a primeira escolha daquele Draft, os Dolphins selecionaram o offensive tackle Ja’Waun James, para melhorar a proteção a Tannehill, e Sherman acabou perdendo seu emprego.


A partir desse ponto, a relação entre head coachquarterback em Miami estava destruída. Dizem, inclusive, que a pouca confiança demonstrada por Bill Lazor em Tannehill seria um reflexo da sabotagem de Philbin. Lazor não só não deixava que Tannehill escolhesse jogadas na linha de scrimmage como também não se importava muito com as opniões do quarterback durante o planejamento tático para as partidas.

Tudo isso muda em 2016, com a chegada de Adam Gase. Um dos mais promissores jovens técnicos da NFL, Gase terá em Miami sua primeira oportunidade como head coach. E o novo técnico já demonstrou ostensivamente seu apoio a Tannehill, elogiando sua inteligência e lhe devolvendo o controle do ataque quando em campo.

Os buracos da linha ofensiva com os quais Tannehill sofreu

É muito difícil para um quarterback ser bem sucedido na NFL quando sua linha ofensiva não faz um bom trabalho protegendo-o. Isto até é possível, como Russell Wilson mostrou ano passado. Mas Ryan Tannehill não é Russell Wilson. Como já dissemos anteriormente, nenhum quarterback em toda a NFL recebeu mais sacks que Ryan Tannehill nas últimas quatro temporadas.

Branden Albert é um dos reforços que a diretoria foi buscar para tentar corrigir esse problema. O offensive tackle, ex-Chiefs, é um excelente jogador, mas rompeu seu ligamento cruzado anterior em 2014 e, claramente, não estava jogando com todo seu potencial na temporada passada, chegando a ficar de fora de duas partidas. Ja’Wuan James, o jogador que os Dolphins selecionaram no Draft de 2014, contra a vontade de Joe Philbin, teve uma boa temporada de estréia, mas jogou apenas sete partidas em 2015. O melhor jogador do grupo é o center veterano Mike Pouncey, que também sofreu com lesões na temporada passada. Todos os outros jogadores que atuaram na linha ofensiva dos Dolphins nos últimos anos se mostraram muito abaixo da média da liga, com alguns deles não sendo ao menos dignos de figurar em um plantel da liga.


Em 2016, os três jogadores-chave da linha ofensiva começam a temporada em boas condições físicas, e uma “polêmica” no dia do Draft fez com que o melhor offensive tackle desta classe de calouros, Laramy Tunsil, caísse no colo do general manager Chris Grier na décima terceira escolha geral. Ainda não sabemos se Tunsil ou James serão improvisados como guard, mas o certo é que nesta temporada Tannehill terá a seu dispor a melhor linha ofensiva que já teve em sua carreira.

O que esperar de Ryan Tannehill em 2016

Quando consideramos sua performance em condições adversas, Tannehill provou ser um bom quarterback, que já pode, ao menos, ser considerado um titular adequado. Mas uma das coisas que a NFL nos tem mostrado, é que na maioria das vezes, ter um quarterback adequado é pior que não ter um. Esses jogadores não conseguem carregar seus times aos playoffs, mas os tiram das piores colocações da temporada e, consequentemente, das melhores escolhas do Draft seguinte, onde os melhores prospectos da posição são selecionados. Tannehill precisa galgar o próximo degrau em sua evolução como jogador e, para isto, precisará da ajuda de Adam Gase, que deve ajustar seu ataque aos pontos fortes do quarterback. E a história nos mostra que isso provavelmente vai acontecer. Seja trabalhando como técnico de quarterbacks na curta era Tim Tebow, ou como coordenador ofensivo de Peyton Manning e Jay Cutler, Gase nunca pareceu tentar forçar esses jogadores tão distintos em um único esquema. Ao contrário, ele adaptou seus ataques às características de seus jogadores, como um bom treinador deve fazer.

Por tudo que os Dolphins fizeram recentemente reforçando seu ataque, inclusive em detrimento de uma defesa que é uma das piores da liga, esta é a temporada definitiva para Ryan Tannehill. E ela é definitiva não necessariamente por poder ser a última dele como titular dos Dolphins, e sim porque após ela, saberemos definitivamente quem Ryan Tannehill é: um franchise quarterback ou um titular mediano. Caso fique claro que Tannehill não é o jogador que os Dolphins esperavam que fosse quando o selecionaram com a oitava escolha geral do Draft de 2012, pode ter certeza que Adam Gase irá atrás de um quarterback escolhido a dedo em 2017. E desta vez, a diretoria não irá recusar o pedido de seu head coach.

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