Quando selecionou Saquon Barkley com a 2ª escolha geral do Draft 2018, o New York Giants deixou claro que o plano era transformá-lo no ponto focal do ataque. Esperava-se que o running back carregasse o piano e se transformasse naquele tipo de jogador que encosta na bola 30 vezes por jogo, assim como Le’Veon Bell nos tempos de Pittsburgh Steelers. Até agora, contudo, poucas vezes vimos Barkley atingir tal volume de produção em dois anos de carreira, ainda mais pensando só em 2019, embora ninguém negue que ele é o mais talentoso nome do ataque de New York.
A pergunta que surge, então, é: por que os Giants têm resistido tanto em usar sua principal arma ofensiva? Em nossa opinião, existem algumas circunstâncias que ajudam a explicar a aparente subutilização do running back na atual temporada, além, claro, do plano de jogo montado pelo head coach Pat Shurmur semana a semana.
O baixo envolvimento de Saquon em determinadas partidas parece ser mais uma consequência indireta dos sérios defeitos do time do que uma pura opção do treinador. A derrota para o New York Jets no último domingo foi um grande exemplo disso, mostrando como, às vezes, simplesmente não dá para insistir no jogo corrido mesmo tendo um running back com talento geracional no time.
UTILIZAÇÃO É BASICAMENTE A MESMA DE 2018 – JÁ A PRODUÇÃO…
Muita gente acha que atualmente Shurmur está usando Barkley muito menos do que em 2018, quando o corredor venceu o prêmio de calouro ofensivo da temporada. Na verdade, a participação do segundanista realmente caiu um pouco, mas não é nada tão considerável assim.
No ano passado, Saquon teve uma média de 16 corridas e 22 toques na bola (corridas + passes recebidos) ao longo das 16 partidas da temporada. Em 2019, a média é de 14 corridas e 19 toques na bola depois de sete jogos, sendo que ele saiu machucado no segundo quarto do duelo contra o Tampa Bay Buccaneers. Se tivesse ficado em campo o tempo inteiro certamente teria sido acionado na segunda etapa e as estatísticas seriam ainda mais parecidas.
Talvez o grande motivo para as pessoas acharem que Barkley está sendo menos utilizado seja a queda na sua produção
Talvez o grande motivo para as pessoas acharem que Barkley está sendo menos utilizado seja a queda na sua produção. A média de jardas por corrida caiu de cinco para quatro, os touchdowns pararam de acontecer – apenas 3 em 2019, contra 15 no ano passado -, os jogos com mais de 100 jardas de scrimmage se tornaram mais raros e as big plays diminuíram. Como o running back não vem tendo o impacto gigante no ataque que muitos esperavam – principalmente após lesionar o tornozelo na semana 3 -, talvez fique a impressão de que ele está em campo menos do que deveria.
QUASE TUDO JOGA CONTRA ELE
Certo, mas por que então Barkley é o cara de 15 carregadas por jogo e não 25 como se imaginava na época do Draft? Ora, muita coisa conspira para que New York precise “esquecê-lo” ao longo das partidas e focar no jogo aéreo.
Em primeiro lugar, a defesa é péssima e cede muitos pontos. Os Giants estão quase sempre precisando correr atrás do placar porque os adversários basicamente anotam pontos a hora que querem, logo lançar a bola torna-se uma obrigação. Na semana 1, na derrota para o Dallas Cowboys, isso ficou claro. A equipe até tentou correr e ser mais equilibrada no primeiro tempo, porém, depois de Dallas disparar na liderança, não restou outra alternativa a não ser confiar no braço de Eli Manning.
Em seguida, há a questão do elenco de apoio ao redor de Saquon Barkley. Os Giants não estão preparados para controlar o adversário nas trincheiras e ganhar as partidas correndo com a bola. A ideia era fazer isso, mas a linha ofensiva continua sendo um problema.
Contra os Jets, Barkley correu 13 vezes e conseguiu o total de uma jarda. À parte a baixíssima produção, o que vale destacar é o running back ter sofrido o primeiro contato atrás da linha de scrimmage em 11 das suas 13 tentativas de corrida, acumulando um total de -13 jardas antes do contato. Outra estatística chocante é que oito das 17 tentativas de corrida dos Giants acabaram em tackles para perda de jardas. Isso evidencia como o trabalho de bloqueios da linha ofensiva foi horrendo – linha ofensiva que, por sinal, não tinha o center Jon Halapio, o right tackle Mike Remmers e perdeu o left tackle Nate Solder no segundo quarto.
No domingo, mesmo com o placar próximo, chegou um momento em que simplesmente não valia mais a pena continuar insistindo com Saquon pelo chão porque era evidente que ele não iria a lugar nenhum. Daí a necessidade de Daniel Jones lançar 40 passes.
Ano passado, Barkley liderou a liga em tackles quebrados (94) e jardas terrestres conseguidas depois do contato (736) – ao todo, 56% das suas jardas vieram depois de ser tocado pelo defensor. Por um lado, isso mostra o seu talento muito acima da média, mas por outro revela como ele tem recebido pouca ajuda da linha ofensiva. Às vezes é possível quebrar um ou dois tackles e conseguir um avanço gigante de 40 jardas, mas não é sempre que vai acontecer.
Por fim, existe também a preocupação que Barkley não tenha retornado 100% saudável da sua torção no tornozelo e isso o esteja atrapalhando. Ao ser questionado sobre o assunto, ele apenas se limitou a dizer que neste ponto da temporada todo mundo está meio machucado, porém o fato é que seu desempenho e seus números não têm sido dos melhores desde a lesão. Em todo o caso, sem maiores informações, o máximo que podemos fazer é especular.
MAIS SAQUON É O IDEAL, MAS COMO?
Provavelmente os Giants adorariam que Barkley fosse o Christian McCaffrey ou o Dalvin Cook de Nova York, ou seja, um running back carregador de piano. Shurmur não é um técnico avesso a correr com a bola, haja vista o Minnesota Vikings de 2017, no qual era coordenador ofensivo, ter terminado aquela temporada com média de 31 tentativas de corrida por partida, a segunda maior marca da NFL – os Giants, hoje, são o 10º time que menos corre com a bola, apresentando uma média de 21 carregadas.
A grande questão é como envolver Barkley no plano de jogo de uma equipe tão cheia de buracos. Não adianta ficar correndo quando você está perdendo por duas ou três posses de bola no segundo tempo, assim como não adianta se o seu running back mal consegue chegar ileso à linha de scrimmage. Antes de pensar em transformar Barkley em um “workhorse”, New York precisa resolver vários outros problemas que afligem o time.
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