Schefter: “Os jogadores tratam os Browns como College. 4 anos e acabou”

Ontem publicamos um texto sobre as recentes decisões do Miami Dolphins na Free Agency da NFL – ou seja, em estabelecer as bases do elenco por meio de veteranos e não de jogadores escolhidos e moldados em seu sistema. Isso não é bom, como demonstramos por extensa argumentação. Mas, mesmo assim, não é o pior exemplo possível. Cleveland consegue superar.

Primeiramente porque a equipe não tem a menor ideia do que está fazendo no Draft. É a pior média de aproveitamento em primeira rodada – quando, teoricamente, você tem que escolher jogadores que sejam potenciais titulares na mesma temporada. Cleveland teve 8 escolhas de primeira rodada desde 2011. Dessas, contando com o recente corte de Johnny Manziel, apenas 4 jogadores continuam no elenco – e considerando que um deles é Justin Gilbert, não está fácil. Em 5 anos, haver 50% de aproveitamento com essa quantidade de escolhas (e escolhas altas, quase sempre) é surreal.

A franquia não vai à pós-temporada desde 2002 – são 16 anos de seca. Ao que tudo indicava, as coisas poderiam mudar de maneira não-ortodoxa: a franquia “roubou” Paul DePodesta do New York Mets. DePodesta é mais conhecido como o cara que ajudou Billy Beane a implementar o “moneyball” (do filme homônimo com Brad Pitt) em Oakland nos A´s – um sistema baseado em estatísticas avançadas para contratar jogadores. Num ambiente sem teto salarial rígido como a Major League Baseball, era o necessário para que a franquia estivesse em nível competitivo.

Pois bem. Como essa adaptação de DePodesta seria realizada a nível de futebol americano?

Um desastre até agora. Múltiplos insiders americanos reportam que Cleveland vem vacilando em quase todas as negociações em que se meteu. “Múltiplos empresários ecoando críticas sobre os Browns sendo bastante hesitantes em negociações”, disse Jason Cole, do Bleacher Report. Jason LaCanfora, da CBS Sports, completou dizendo que “estou ouvindo pra todo lado que, mesmo antes do fiasco com Alex Mack, vem sendo um primeiro rodeio bem difícil para esta diretoria”. Embora essas declarações choquem, a de Adam Schefter na ESPN americana, ontem, choca e revela muito mais. Veja no Vine abaixo.

“Jogadores tratam a organização dos Browns como sendo o College. 4 anos e acabou”. Ou seja, como se a equipe fosse um trampolim para um novo contrato ou qualquer coisa do gênero. Quando existe esse mindset, é difícil vislumbrar uma equipe vencedora. Em resumo, muitos jogadores (como o sólido center Alex Mack) deixaram a equipe por conta da falta de habilidade e experiência de DePodesta. Ele e os outros membros da diretoria atual nunca tiveram que negociar contratos na NFL. Eles não tem ideia de como isso é feito.

A diretoria (front office), aliás, tem membros ainda mais inexperientes em outras posições. O olheiro-chefe (head scout) da equipe é Andrew Berry, com apenas 28 anos e vindo dos Colts. Como efeito, Tashaun Gipson, Travis Benjamin, Alex Mack e Mitchell Schwartz foram embora e ninguém chegou. Manziel, ao invés de ter sido cortado já no dia 9, só foi cortado hoje – reports indicam que a organização estava tentando trocá-lo (mas só passaram vergonha, porque ninguém vai querer dar escolha de Draft por um jogador com sintomas de alcoolismo – que é uma doença, não critiquemos ele a toa – e que precisa se cuidar).

Confira aqui a cobertura completa do Mercado Livre 2016 da NFL

Se você acha que as coisas não estão tããão absurdas assim neste mercado para Cleveland, Tashaun Gipson deu um murro de direita na cara da diretoria dos Browns. Na coletiva de apresentação do jogador em Jacksonville, ele disse o seguinte: “A todos que estão olhando de fora, como você perde dois pro bowlers, um bom right tackle, um dos melhores retornadores da liga e um dos melhores recebedores disponíveis no mercado?”. Pois é. Ninguém entende mesmo. Inexperiência resume.

Aos torcedores dos Browns – e a todos que simpatizam com a equipe – resta esperar pelo melhor no Draft. Para que o Moneyball de DePodesta, dado que não precisará negociar contratos, dê certo. Mas, até agora, foi uma falha espetacular. Um elenco que já era raso de talento ficou ainda mais frágil.

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