Russell Wilson começou a temporada 2021 exatamente como ele começou 2020: destruindo a defesa adversária e levando o Seattle Seahawks a uma ótima vitória. O quarterback teve uma exibição com pouquíssimos erros, soube explorar muito bem a diversidade de armas à sua disposição e não teve problemas executar o sistema ofensivo implantado por Shane Waldron nos últimos meses.
Vindo da árvore de treinadores de Sean McVay, Waldron traz princípios ofensivos do Los Angeles Rams que farão bastante diferença no ataque de Seattle ao longo da temporada. Sem estar preso nas amarras de Darrell Bevell ou Brian Schottenheimer, a primeira semana animou bastante o torcedor dos Seahawks: com Waldron comandando o ataque, esse pode ser o melhor ataque em toda a era Russell Wilson.
Wilson teve conforto, balanço e ritmo
Fala sério, não dá pra assistir o condensado de Colts e Seahawks e não ficar impressionado com a qualidade daquele ataque. É uma coisa surreal se comparada ao que víamos com Bevell ou Schottenheimer, mesmo que o período de Let Russ Cook nas primeiras semanas de 2020 tenha sido, estatisticamente, onde Wilson mais se destacou.
Se com Schottenheimer o que víamos era um jogo aéreo com pouco ritmo imprimido e baseado apenas em chamadas aleatórias de passes longos para DK Metcalf ou Tyler Lockett, esperando que Wilson ou os ótimos recebedores resolvessem as coisas, Waldron imprimiu ritmo e desenhos muito melhores tanto por ar quanto por terra. Ele soube como chamar o jogo terrestre de forma consistente, quais duelos explorar no jogo aéreo e quando arriscar jogadas mais explosivas. O resultado foi um ataque eficiente e coeso, embora com um pouco menos de força no segundo tempo após os ajustes dos Colts.
Waldron utilizou um princípio básico do ataque de McVay nos Rams: tudo parecia igual pré-snap e tudo era completamente diferente pós-snap. O meio-segundo de confusão que isso causa num defensor é o suficiente para que o ataque leve vantagem numa determinada jogada.
Outro ponto importante sobre o ataque dos Seahawks na primeira semana envolve a utilização de play-action. Dos 23 passes tentados de Wilson durante a partida (18 completos), 10 desses envolveram fakes, com 8 resultando em conexões. Foram 10 jardas por tentativa a cada play-action, cuja utilização esteve em 26,4% ao longo do último ano e saltou para 42,9% na primeira semana.
Ao longo da partida, ficou claro como o ataque parecia fluir de maneira mais natural. Lockett teve dois touchdowns anotados e Metcalf teve um, além do jogo terrestre apresentar média de 5,2 jardas por carregada em 27 tentativas. Não foi, é claro, a exibição mais explosiva do mundo, mas não precisa ser num time como os Seahawks. Só de ver Russell Wilson jogando num ataque melhor desenhado e mais organizado, a expectativa para sua temporada de 2021 fica muito mais animadora.
Atuação individual do quarterback também merece destaque
Já que estamos falando de como o ataque foi muito bem feito para tirar o máximo de Wilson, vale também elogiar o quão bem o quarterback jogou na sua primeira exibição com o novo sistema. Sua precisão nos passes esteve quase que impecável, as tomadas de decisão com a bola estavam afiadas e ele soube explorar muito bem as melhores qualidades de Metcalf e Lockett nas várias zonas do campo.
O nível do adversário não era nada baixo: os Colts terminaram a temporada de 2020 como a 7ª melhor defesa da NFL[foot]DVOA, Football Outsiders[/foot], e Wilson ainda assim se apresentou num nível altíssimo no domingo.
Antes da equipe entrar numa sequência brutal de jogos contra 49ers, Rams, Steelers e Saints, o ataque ainda terá duas semanas para acertar os ponteiros contra defesas mais fracas dos Titans e dos Vikings. O balanço e o ritmo que se mostraram presentes na primeira semana precisam ser constantes ao longo de toda a temporada para que os Seahawks possam brigar com unhas e dentes na fortíssima NFC West. Para um primeiro teste, Waldron e o ataque de Seattle foram aprovados com louvor.
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