Os fãs de NFL que acompanham menos o futebol americano universitário talvez não tenha noção da importância do quarterback Tim Tebow na história. Considerado um dos maiores jogadores de todos os tempos no College, ele foi uma máquina de vencer jogando pela universidade da Flórida: foram dois títulos nacionais, um Heisman Trophy – prêmio dado ao jogador mais dominante da temporada – e as incríveis marcas de 88 touchdowns passados e 57 corridos, com apenas 16 interceptações.
Mesmo assim, Tebow nunca foi cogitado como um quarterback titular para NFL. Sua mecânica era ruim, sua presença de pocket era igualmente frágil e ele vencia em grande parte por ser um excelente atleta, coisa que na NFL não é suficiente. Seu maior trunfo passava pela ética de trabalho impecável e a grande liderança, além do espírito vencedor.
Tebow ajudou um vestiário repleto de jogadores problemáticos – Aaron Hernandez e Percy Harvin são alguns exemplos – a se manter unido e estável; mesmo assim, ninguém esperava ver Tebow selecionado antes da terceira rodada do Draft de 2010. Josh McDaniels, então head coach do Denver Broncos, resolveu arriscar e o selecionou na escolha 25 geral, surpreendendo o mundo da NFL.
A péssima fase do Denver Broncos ajudou Tebow
A fase não era nada boa para a franquia de Denver. Josh McDaniels trocou Jay Cutler para o Chicago Bears em 2009 e Brandon Marshall para o Miami Dolphins no dia do Draft de 2010; Kyle Orton era o titular do time ao começo da temporada – obviamente isso não deu certo. No início de dezembro do ano em que Tebow foi draftado, McDaniels foi demitido e a equipe terminaria com um trágico 4-12. John Fox chegou para 2011, só que mesmo com ele, Orton seguiu como titular no começo do novo ano. E tudo seguiu na mesma toada, com o time chegando na semana de folga com uma vitória e quatro derrotas.
Com Tebow nomeado titular contra o Miami Dolphins, parecia que o final seria o mesmo. Faltando pouco mais de 5 minutos para o fim da partida, os Broncos perdiam por 15 a 0. O quarterback dos Broncos tinha 5 passes completos para pouco mais de 40 jardas, porém, nos dois drives seguintes foram 8 conexões e 120 jardas, fora as jardas pelo chão. Tebow empatou o jogo, com o time recuperando onside kick e vencendo o jogo na prorrogação. Começavam os “milagres de Tebow”.
Depois de uma dura derrota contra o Detroit Lions na semana seguinte, Fox e o coordenador ofensivo Mike McCoy entenderam que era preciso moldar o ataque a Tebow: se montou um esquema recheado de corridas, options e passes fáceis. Quanto menos o quarterback precisasse ousar, melhor. E assim o time começou a vencer: 6 vitórias seguidas, todas com viradas ou drives decisivos do quarterback. Em 5 delas, Tebow não completou mais de 10 passes. Contra o Kansas City Chiefs foram apenas 2(!) passes completos em 8(!) tentados. O Tebowing, ato de se ajoelhar em um joelho e orar como Tebow fazia na sideline, virou febre entre os fãs.
Nas últimas semanas, 3 derrotas consecutivas ligaram o sinal de alerta, mas com a divisão enfraquecida, os Broncos não só conseguiram a vaga nos playoffs como também o título da AFC West. O Pittsburgh Steelers seria o adversário na semana de Wild Card dos playoffs.
O ápice e a queda
Por mais que jogassem em casa e tivessem vencido sua divisão, os Broncos eram azarões nas casas de apostas por 8 pontos. Os Steelers tinham uma defesa comandada pelo coordenador Dick LeBeau e o safety Troy Polamalu, ambos hoje no Hall da Fama, além de um ataque com Ben Roethlisberger, Antonio Brown e Hines Ward, entre outros nomes importantes. Era normal o favoritismo estar ao lado do visitante, mas durante a partida, os Broncos executaram muito bem seu plano de jogo e estiverem em vantagem até quatro minutos do fim, quando os Steelers empataram. Tebow não conseguiu o drive da vitória e a partida foi para prorrogação.
Os Broncos venceram o sorteio e tiveram a posse inicial. Após um touchback, o time tinha a bola na sua linha de 20 jardas – lembremos, era a regra antiga do kickoff – e a mágica enfim apareceu. Preocupados com o jogo corrido, os Steelers colocaram os 11 (!) homens no box. Demaryius Thomas bateu Ike Taylor numa rota para o meio e Tebow, depois do play-action, conseguiu a conexão para marcar o touchdown da vitória. Muito marcante, ficou eternizado na memória do torcedor brasileiro, em grande parte por conta da brilhante narração de Everaldo Marques na ESPN. A magia estava viva!
Na semana seguinte, era hora de enfrentar o New England Patriots em pleno Gilette Stadium. Mas como todo carnaval tem seu fim, os Broncos foram dizimados, perdendo por 45 a 10. Tebow chegou a ser confirmado para 2012, mas John Elway teve a oportunidade de contratar Peyton Manning e não hesitou. Com a reserva iminente, Tebow acabou sendo trocado para o New York Jets e sua carreira basicamente se resume a isso. Hoje é comentarista no College e tenta também a carreira na MLB jogando nas divisões inferiores, na busca de um espaço no elenco principal do New York Mets.
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