Semana 2011: De novo azarões, Giants vencem outro Super Bowl

Temporada mágica e outra improvável vitória no Super Bowl cimentaram o legado de Eli Manning

Dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, mas no caso do New York Giants isso é obviamente mentira. Quatro anos após protagonizarem uma das maiores zebras da história derrubando o invicto New England Patriots no Super Bowl XLII, os Giants repetiram a dose, de novo conquistando um título depois de uma arrancada inimaginável, de novo vencendo Tom Brady e Bill Belichick na grande final, de novo com Eli Manning como herói.

A gigante vitória dos Giants no Super Bowl XLVI foi o desfecho perfeito para um ano de futebol americano memorável. Não por acaso, o quarto Troféu Vince Lombardi da história de New York e a consagração de Eli encerram a nossa semana especial de textos dedicados à temporada de 2011.

Imperfeitos, mas cheios de histórias épicas para contar

Assim como ocorreu quatro anos antes, 2011 também não foi um ano marcado pela consistência e a dominação da equipe comandada por Tom Coughlin. Muito pelo contrário, na verdade. Os Giants, por exemplo, foram o primeiro time da história a vencer o Super Bowl depois de sofrerem sete derrotas na temporada regular, terminarem com um saldo negativo de pontos (394 contra 400 cedidos) e somarem o menor número de jardas terrestres da NFL (1427). Eles também tiveram a 8ª pior defesa da NFL em pontos permitidos por partida (25) e a 6ª pior em jardas totais (6022).

Foi uma temporada marcada por alguns momentos péssimos, como o inacreditável revés diante do Seattle Seahawks na semana 5 ou a sequência de quatro derrotas consecutivas entre as semanas 10 e 13, e vários momentos extraordinários, entre eles: o touchdown de 99 jardas anotado por Victor Cruz na véspera de Natal; o field goal bloqueado por Jason Pierre-Paul nos segundos finais do duelo contra o Dallas Cowboys; a Hail Mary agarrada por Hakeem Nicks no intervalo do Divisional Round, calando o Lambeau Field; o monumental lançamento de Eli para Mario Manningham, provavelmente o maior de toda a sua carreira; Ahmad Bradshaw caindo de bunda na end zone para anotar o touchdown da vitória no Super Bowl.

Mas como um time tão imperfeito conseguiu sagrar-se campeão? A resposta é simples: Eli Manning. Em 2011, o quarterback viveu o auge de sua carreira, consolidando o seu legado na franquia, na NFL e provavelmente sua futura vaga no Hall da Fama.

A consagração de Eli – e de um jovem recebedor chamado Victor Cruz

O fato dos Giants de 2011 serem tão inconsistentes colocou a franquia em situações complicadas, exigindo que Manning se desdobrasse para buscar vitórias que pareciam impossíveis. Claro, nem sempre deu certo e alguns turnovers seus em momentos decisivos resultaram em derrotas, porém Eli foi brilhante na maior parte do tempo. O signal caller liderou cinco viradas nos últimos 15 minutos dos jogos, além de ter estabelecido o recorde da NFL de 15 passes para touchdown no último quarto (18 se contarmos os playoffs).

Por falar em playoffs, suas estatísticas na pós-temporada foram excelentes mais uma vez: completando 106 de 163 passes para 1,219 jardas, nove touchdowns e apenas uma interceptação em quatro partidas. Eli foi sinônimo de decisivo, de “clutch”, durante o ano inteiro.

Outro que também se consagrou foi Victor Cruz, um wide receiver não-draftado vindo de UMass em 2010. Cruz foi fundamental para o sucesso da equipe, terminando o ano com 82 recepções para 1.536 jardas e nove touchdowns (uma média insana de 18,7 jardas por recepção). Junto com Eli, ele e Nicks foram as grandes estrelas da equipe na pós-temporada.

“Road Warriors” 2.0

Em 2007, New York recebeu o apelido de “Road Warriors” (Guerreiros da Estrada) graças às suas seguidas vitórias fora de casa durante os playoffs. Em 2011, vimos algo parecido, embora o primeiro compromisso da franquia na pós-temporada tenha sido um tranquilo 24 a 2 sobre o Atlanta Falcons no MetLife Stadium. Os Giants tiveram o direito de jogar o Wild Card em casa porque ganharam a NFC East na bacia das almas, após as vitórias sobre New York Jets e Dallas Cowboys nas semanas 16 e 17.

Em seguida, contudo, veio o difícil duelo diante do Green Bay Packers no Lambeau Field, um adversário que ostentava o título de atual campeão do Super Bowl e havia ganhado 21 dos seus últimos 22 jogos. Impulsionados pela Hail Mary que já mencionamos antes, os Giants não tomaram conhecimento do time de Aaron Rodgers e venceram por 37 a 20, com atuações brilhantes de Manning e Hakeem Nicks (7 recepções, 165 jardas e dois touchdowns).

Uma semana depois, New York viajou à Califórnia para decidir a Conferência Nacional contra o San Francisco 49ers no enlameado gramado do Candlestick Park, naquele que provavelmente foi o confronto mais épico de toda a temporada – talvez mais até do que o próprio Super Bowl.

Foi uma verdadeira batalha física na chuva e na lama, decidida na prorrogação com um field goal de Lawrence Tynes após o infame fumble de Kyle Williams num retorno de punt. Eli lançou a bola 58 vezes em condições climáticas péssimas, completando 10 desses passes para Victor Cruz, que terminou a noite com 142 jardas e foi o principal personagem na vitória do seu time por 20 a 17.

Os Giants estavam de volta ao Super Bowl e outra vez teriam os Patriots pela frente.

Os azarões vencem de novo

A defesa, tão inconsistente durante a temporada regular, foi bem melhor no Super Bowl, por exemplo, forçando um safety logo na primeira campanha de New England e interceptando Tom Brady no início do último quarto. Dessa vez, contudo, não dá para dizer que ela foi a grande responsável pela vitória como aconteceu em 2007.

Mais do que nunca, Eli mereceu o título de MVP do Super Bowl XLVI. Ele foi incrível durante o jogo inteiro, mas principalmente na campanha da vitória, um drive perfeito, sacramentado pela entrada de Bradshaw de bunda na end zone – a ideia era que ele caísse dentro de campo, gastasse relógio e os Giants ganhassem chutando o field goal, mas o running back não resistiu à tentação de anotar o touchdown. Foi no início dessa campanha, aliás, que aconteceu o lendário passe para Mario Manningham.

Brady jogou bem e talvez tido melhor sorte se não fossem os seguidos drops dos seus recebedores nos minutos finais do duelo, o motivo para o famoso chilique de Gisele Bundchen após a partida. Ele até tentou uma Hail Mary no lance derradeiro, mas não teve jeito, os Giants venceram por 21 a 17, conquistando o seu quarto Super Bowl. O raio caiu pela segunda vez no mesmo lugar, os azarões de novo levaram a melhor – e Eli Manning escreveu para sempre o seu nome na história do futebol americano.

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