Será 2016 o ano de Donte Moncrief?

Foi divulgado nessa terça-feira que Donte Moncrief, wide receiver do Indianapolis Colts, se submeteu a uma cirurgia no dedão do pé, para reparar uma condição conhecida como turf toe. A lesão prejudicou Moncrief durante as partidas finais da temporada passada, e um agravamento na semana 17 acabou retirando-o mais cedo do confronto. A cirurgia aconteceu no início da offseason e, como a recuperação é simples, Moncrief já deve estar em plena forma para o começo da pré-temporada. E para a mais importante temporada de sua carreira.

A classe de wide receivers do Draft de 2014 já é uma das melhores da história. Odell Beckham Jr., Sammy Watkins, Mike Evans, Allen Robinson, Brandin Cooks, Kelvin Benjamin, Jordan Mathews e Jarvis Landry  são os principais jogadores da posição em seu times, e a maioria deles tem tudo para serem presenças constantes nos Pro Bowls dessa década. Essa lista, entretanto, ainda não está completa. Ao final da temporada 2016, Donte Moncrief fará parte dela. O jovem recebedor finalmente terá a chance de atuar como titular absoluto no ataque dos Colts. Esta oportunidade, aliada ao seu talento e à presença de Andrew Luck constituem a fórmula de seu iminente sucesso. Mas não será muito cedo para atribuirmos tanto talento a um jogador escolhido na terceira rodada do Draft? Será que ele realmente terá tanta oportunidade? E será que ele desenvolverá um bom entrosamento com Luck? Eis porque consideramos que todas essas dúvidas já têm resposta:

Talento

Considerado um prospecto de quatro estrelas (em um máximo de cinco), Moncrief foi recrutado por Ole Miss em 2011, e já se tornou uma importante peça no ataque dos Rebels ainda em sua primeira temporada. Naquele ano, ele atuou em 12 partidas, registrando 31 recepções, para 454 jardas e quatro touchdowns, números impressionantes para um calouro de apenas 18 anos. Nas duas temporadas seguintes, ele anotou mais 1917 jardas e 16 touchdowns, terminando sua carreira universitária com números quase idênticos ao de seu companheiro de equipe Laquon Treadwell, escolhido na primeira rodada do Draft desse ano. Moncrief, por sua vez, acabou caindo para a terceira rodada do Draft de 2014, mas isso se deu muito mais pela já citada abundância de talento na posição naquele ano do que por alguma deficiência sua como prospecto. Na verdade, se estivesse disponível no Draft desse ano, ele provavelmente seria o primeiro wide receiver selecionado. Além de sua boa produção pela universidade de Mississipi, o jovem prospecto demonstrou sua incrível capacidade atlética no Combine, obtendo as melhores marcas da classe no tiro de 40 jardas e nos saltos em altura e distância. Com 1,88 m e 100 kg, ele tem o tamanho prototípico para um jogador de elite em sua posição.

Sua carreira na NFL começou mais devagar, já que ele se encontrava “preso” atrás de Reggie Wayne, T.Y. Hilton e Hakeem Nicks no depth chart de Indianapolis. Entretanto, uma lesão no cotovelo de Reggie Wayne, na semana 7 contra os Bengals, ofereceu a oportunidade que Moncrief precisava para entrar em campo com mais frequência e mostrar seu valor. E ele não decepcionou, atropelando o Pittsburgh Steelers com 7 recepções, para 113 jardas e um touchdown. Na semana seguinte, no entanto, o veterano Wayne foi liberado para a partida e o calouro foi pouco utilizado até o final da temporada.

Na offseason seguinte, com as saídas de Hakeem Nicks e Reggie Wayne, tudo parecia indicar que Moncrief teria sua chance entre os titulares. Isso é, até que a contratação de Andre Johnson, lenda do rival Houston Texans, jogou um balde de água fria em suas expectativas. Para piorar tudo, os Colts selecionaram Phillip Dorsett, outro wide receiver, com a sua escolha de primeira rodada do Draft daquele ano.

Mas a temporada finalmente chegou, e com ela veio a constatação de que Andre Johnson já não era mais o mesmo. Lento e fora de ritmo, a idade havia finalmente alcançado o grande wide receiver, e suas atuações eram apenas uma sombra do que foram pelos Texans. A oportunidade havia aparecido novamente, e Moncrief mais uma vez estava pronto para agarrá-la. Ele rapidamente conquistou a confiança de Andrew Luck, registrando 17 recepções para 200 jardas e três touchdowns nas três primeiras partidas da equipe. Na quarta semana essa dinâmica foi interrompida. Com uma lesão no ombro, Luck ficaria de fora pelas próximas duas partidas, sendo substituido pelo veterano Matt Hasselback. Moncrief teve uma boa primeira partida com Hasselback, mas na semana seguinte acabou preterido em favor de Andre Johnson. Luck retornou para a partida seguinte, contra os Patriots e sua relação com Moncrief parecia estar reestabelecida. Ele anotou touchdowns nas duas partidas seguintes, mas desapareceu contra Carolina e Denver, duas das melhores defesas da liga.

E isso não foi a pior coisa que aconteceu a Moncrief contra Denver. Andrew Luck sofreu uma laceração no rim, após um tackle sofrido no último quarto da partida, que o afastaria dos gramados pelo resto da temporada. A partir desse ponto, Moncrief teve uma temporada muito irregular – assim como todos os jogadores de ataque dos Colts – recebendo passes de Matt Hasselback, Charlie Whitehurst e Josh Freeman, além de ter que lidar com a lesão a que nos referimos no parágrafo inicial.

O que ficou, no entanto, foi a percepção de que os Colts contam com um jogador capaz de correr com eficiência todas as rotas exigidas na NFL, vencendo seus oponentes tanto em marcação individual quanto por zona, e se livrando com facilidade de press coverage.

No final das contas, Donte Moncrief encerrou a temporada passada com seis touchdowns, liderando os recebedores do time nessa categoria, e suas 733 jardas e 64 recepções  só foram superadas por T.Y. Hilton.

Oportunidade

Em seu terceiro ano na liga, ele finalmente começará a temporada como titular absoluto. Andre Johnson se foi, deixando vagos os 77 passes lançados em sua direção em 2015. O único recebedor do plantel capaz de desmpenhar adequadamente a função de recebedor X (um recebedor alto, rápido e bom em passes contestados) é Donte Moncrief, o que garante que grande parte desses passes passará a vir em sua direção. E com a volta de Andrew Luck e a vulnerabilidade da defesa de Indianapolis, a tendência é que o time passe a bola com mais frequência do que o fez ano passado, aumentando ainda mais a oportunidade para o camisa 10.

A volta de Andrew Luck

Moncrief teve 105 passes lançados em sua direção em 2015, mas se extrapolarmos os jogos que Luck disputou para uma temporada inteira, esse número chegaria a 123. Luck confia nele, devido à sua eficiência. O quarterback atinge uma média de 9,3 jardas por tentativa quando Moncrief é seu alvo. Essa é a melhor média que ele já teve com qualquer um de seus recebedores. Como base de comparação, quando T.Y. Hilton é o alvo, a média cai para 8,6 jardas por tentativa.

O que aguarda Moncrief em 2016

O Indianapolis Colts passou a bola 619 vezes na temporada passada, mas o time passa ainda mais quando Luck está em campo. E Luck é mais eficiente quando seu alvo é Moncrief. Com a titularidade garantida, e as saídas de Andre Johnson e Coby Fleener, é fácil imaginar Donte Moncrief tendo 140 passes lançados em sua direção. Por um dos melhores quarterbacks da liga.

Se consideramos sua eficiência de 2014, quando disputou todas suas partidas tendo Luck como seu quarteback, esses passes se converteriam em 91 recepções para 1.264 jardas. Esses números são quase iguais aos obtidos por A.J. Green em 2015, e seriam suficientes para estabelecê-lo como um dos 10 wide receivers mais produtivos da liga. Pode parecer um exagero projetar que um jogador que nunca atingiu 800 jardas em uma temporada terá um aumento tão grande em seus números, mas Allen Robinson nos provou ano passado que, com talento e oportunidade, isso é possível. E ele nem tinha Andrew Luck a seu lado. Com apenas 23 anos quando a temporada começar, Donte Moncrief ainda se encontra a três anos da idade em que a média dos wide receivers vivencia o auge de sua carreira, o que oferece uma perspectiva de carreira bem animadora para os fãs dos Colts. E para todos nós, fãs do espetáculo da NFL, a classe de 2014 está prestes a se tornar ainda mais impressionante.

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