Na última segunda-feira, dia 04/03, os Texans decidiram colocar a Franchise Tag, não exclusiva, no EDGE Jadeveon Clowney. A Tag (com um valor aproximado de $16,000,000, listando-o como linebacker) mantém o jogador em Houston por enquanto, mas permite que Clowney negocie e receba ofertas de outros times, com a oportunidade de os Texans igualarem as ofertas feitas – se não o fizerem, recebem duas escolhas de primeira rodada como compensação. É quase impossível que algum time aperte esse gatilho, vide a talentosa classe da posição que temos no Draft de 2019.
Outrora primeira escolha geral do Draft de 2014, Clowney tornou-se um jogador de linha defensiva importante para a franquia de Houston, mas nunca chegou em um nível parecido com Aaron Donald ou Khalil Mack. Após uma boa temporada de 2018, qual a linha divisória que os Texans devem estabelecer para decidir entre manter ou trocar o jogador?
A inconsistência e lesões, o que esperar dos próximos anos?
A decisão de “taggear” Clowney já era esperada nessa Free Agency. Pense que você é o técnico de um time de futebol amador e uma de suas maiores apostas revelou-se um jogador com muito talento, mas com sérios problemas físicos e de consistência; Clowney segue o mesmo padrão. O defensor (pausa para um contexto: o jogador foi draftado como outside linebacker, mas tornou-se, majoritariamente, um defensive end com mão na terra em Houston – guiado, principalmente, pela mudança defensiva da NFL atual e a ascensão da defesa nickel) sofre com problemas de lesão, principalmente no joelho, desde seu início de carreira na NFL, tendo participado de apenas 4 jogos em sua temporada de calouro e possuindo apenas uma temporada completa de atuação (em 2017).
Além disso, a inconsistência de Clowney é um fator que pesa em uma possível renovação: o EDGE é excelente na contenção contra o jogo terrestre (desde 2016, é o terceiro da liga em tackles para perda de jardas, com 53; atrás, “apenas”, de Chandler Jones e Aaron Donald) mas nunca teve uma temporada com mais de 10 sacks (seu máximo foram 9.5 sacks em 2016). Se Clowney quer receber um valor de elite para um pass rusher atual, por volta de $20M, é necessário que ele refine sua técnica na “caça” ao quarterback. Em uma liga cada vez mais aérea, ser eficiente unicamente contra o jogo terrestre não lhe garante vaga nem um salário alto.
A desconfiança permanece, mesmo que suas duas últimas temporadas tenham sido boas – estatisticamente falando. Porém, além do fator individual, qual o peso do resto do elenco na decisão de não renovar diretamente com Clowney?
J.J Watt, Whitney Mercilus e Tyrann Mathieu: o peso do elenco na indecisão
Um misto quente bom, é um misto quente com queijo, presunto, requeijão, tomate e orégano? Nem sempre. De vez em quando, apenas um pão com queijo já é incrível. A analogia para os Texans é a mesma. J.J Watt vem de um ano digno de Comeback Player Of the Year – só não o sendo devido ao espetacular ano de Andrew Luck e quarterbacks sempre roubam a cena – e Tyrann Mathieu encaixou muito bem no time (tecnicamente falando e, principalmente, como líder de vestiário) e agora busca uma renovação de contrato. “Beto, você está esquecendo de alguém”.
Deixei para o fim pois Mercilus é um caso especial; subestimado, mas sempre consistente, o jogador teve um ano de 2018 apagado. O motivo? Com as mudanças defensivas já mencionadas e Clowney e Watt atuando em, praticamente, todos os jogos, Mercilus foi parar no miolo da linha defensiva, onde não conseguiu exercer suas principais qualidades – terminando o ano com apenas 4.0 sacks e 5 tackles para perda de jardas. Faz o trabalho “sujo”, diga-se.
A importância de um jogador não pode ser vista apenas nas estatísticas individuais, mas – também – no seu impacto no coletivo. Manter Clowney implica em sacrificar o melhor de Mercilus? Houston tem espaço na folha salarial para renovar com Jadeveon e Mathieu, mas e o espaço para linha ofensiva e cornerbacks? Watt parece de volta ao auge, até onde a presença de Clowney é um diferencial?
Renovar para longo prazo ou não? Eis a questão
Mesmo com os problemas ditos no texto o intuito não é crucificar Clowney. Se refinar seus movimentos no pass rush – o que tornaria sua dupla com Watt uma das mais mortíferas da liga, em um nível de Joey Bosa e Melvin Ingram – sua importância para Houston vai tornar-se ainda mais evidente e os Texans sabem disso. Algumas contas que acompanham de perto o clube no exterior reportaram que o desejo da franquia é manter o jogador em um contrato de longa duração, mas as negociações estavam emperradas – Clowney quer ganhar por volta de $20M por ano como Donald e Mack; mas, como dito, os Texans ainda têm dúvida sobre o real valor de seu jogador.
Contudo, a franquia não vai perdê-lo de graça; e essa, talvez, seja a maior dúvida que paira sobre Houston: tentar um troca favorável ou eventuais duas escolhas de primeira rodada valem mais que a renovação? Mesmo que inconsistente, Clowney possui espaço em vários times da NFL que possuam cap e precisem de reforço na linha defensiva (como Bills e Jets); uma escolha de primeira rodada alta e algum jogador interessante poderia ser uma oferta que balançaria os Texans.
Se não conseguir uma troca e Clowney negociar diretamente com uma outra franquia também não há problema; já que Houston ganharia duas escolhas de primeira rodada se não quisesse igualar a oferta (que poderiam servir para reforçar a urgente necessidade da franquia de renovar sua linha ofensiva).
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Mas os Texans querem isso?
Em economia, costuma-se dizer que uma pessoa nunca deseja ir para um estado de utilidade menor: é melhor um bom bolo de chocolate ou arriscar em um bolo de cenoura que não se sabe se estará perfeito? Clowney pode não ser perfeito, como visto por todos os problemas listados acima, mas é um excelente defensor e ainda possui uma boa janela de crescimento (vale lembrar que ele acaba de completar 26 anos). Se ambas as partes chegarem em um consentimento, pode ser o melhor – a priori – para ambos os lados. Houston mantém um dos melhores defensores contra o jogo terrestre na liga – sabendo que ele pode ser refinado nos movimentos de pass rush – e Clowney permanece em um time que promete brigar forte pelo título da divisão e que possui chances de chegar longe na pós-temporada (em uma liga marcada pelo equilíbrio, a mínima chance de estar na pós-temporada é vital para a escolha de um jogador se seu objetivo é conquistar um anel).
A decisão de colocar a tag foi a mais correta pelo ponto de vista da franquia; porém, ainda existe um longo jogo pela frente – em um campo que possui muito mais que 100 jardas. O melhor caminho para ambas as partes parece o acordo, mas – diferente da noção objetiva de utilidade, mencionada acima – nem sempre o melhor caminho é seguido. Resta aos Texans decidirem qual a melhor via a ser tomada em sua busca pelo Vince Lombardi: ela passa por Clowney ou pelo que pode ser obtido por ele?
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