Troca Tannehill, contrata Fitzpatrick: o correto tank dos Dolphins

A NBA e a MLB possuem uma estrutura que complica – muito – um time jogando com vontade em todos os jogos da temporada regular. A primeira conta com 82 partidas e a segunda com uma maratona de seis meses e 162 jogos. A temporada do beisebol, para você ter ideia, vai do final de março até o final de setembro. Assim, no início de agosto, você já pode descontar algumas equipes. Foi assim ano passado com o Cincinnati Reds, San Diego Padres, Baltimore Orioles, Kansas City Royals e tantas outras.




Isso estimula o tank. Por “tank”, leia-se perder de propósito ou, de alguma maneira, não jogar com tanta intensidade e vontade de vencer. O prêmio no caso do beisebol são escolhas no topo do Draft tanto quanto na NBA – e, em ambas, a diferença de talento de um prospecto de topo de Draft para os demais é bem superior à diferença que encontramos na NFL dum cara pego na primeira rodada e no topo da terceira. Saquon Barkley foi escolhido na primeira rodada da NFL. Alvin Kamara na terceira. Não é tanta diferença. Esse delta é mais raro nas outras ligas.

Com temporadas longas e essa diferença maior no pool de talento, natural que equipes realizem o tank no basquete e no beisebol. Os dois exemplos mais notórios de “processo” que temos em ambas residem no Houston Astros e no Philadelphia 76ers. No primeiro caso, o time saiu de 100 derrotas para 100 vitórias e o título da World Series de 2016. No segundo, um processo ainda em curso – mas é indubitável que o time de Ben Simmons e cia é um dos favoritos na Conferência Leste após anos no fundo da tabela.

Agora, o processo de tank parece chegar de uma maneira mais forte na NFL. Mas por que não acontecia antes? O principal motivo é que os motivos acima, das outras ligas, raramente encontram-se na NFL.

Para começar, um time de futebol americano profissional tem apenas 8 jogos em casa por ano. Tankar com vigor significa uma sinalização forte aos fãs – que certamente deixarão de ir ao estádio. O resultado é feio e, com poucos jogos, o risco de tank muitas vezes não compensa. Ainda, para que o tank faça sentido, é necessário que uma boa joia esteja à disposição no Draft seguinte. Foi assim em 2011 com o Indianapolis Colts e o #SuckForLuck: o time teve apenas uma vitória naquela temporada e escolheram Andrew Luck com a primeira escolha geral do Draft de 2012. Com isso, o futuro da franquia foi assegurado mesmo ante a incerteza de Peyton Manning voltar a jogar em alto nível após a lesão no pescoço (voltou, mas isso fica para outro dia).

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No caso do Dolphins, há esse incentivo.

Já há algum tempo há rumores reportados por insiders locais e eles dizem que o dono do time, Stephen Ross, quer o quarterback de Alabama, Tua Tagovailoa. Canhoto e com um canhão no braço, Tua é forte candidato a sair no topo do Draft de 2020 e compete com Jake Fromm (Georgia) e Justin Herbert (Oregon) pelo posto de melhor quarterback da classe. Ainda precisa lapidar sua consistência, mas é sem dúvidas um cara com muito potencial.

Poucos tanks fazem sentido como este

A bem da verdade, Stephen Ross, dono do time, não vai ligar muito se o estádio ficar vazio. É algo até comum no sul da Flórida e chegou a acontecer em alguns jogos da Era LeBron James no Miami Heat. Então o que é isso para quem já está lidando com a situação? Ainda, o time tem uma certa conta de cartão de crédito para pagar em 2019: o legado das administrações anteriores. Ryan Tannehill, mesmo trocado para os Titans, contam em 18,4 milhões como dinheiro morto no teto salarial – o dindin garantido do contrato dele que os Dolphins têm que pagar. Ainda, Ndamukong Suh conta em 13,1 milhão.

Não é como se fizesse sentido investir na free agency agora, com um dos elencos mais fracos da liga, e ainda ter que pagar essa conta. O elenco, como dito, é fraco e contratações pontuais fariam no máximo esse time brigar por um Wild Card da Conferência Americana. No máximo e, com todo respeito, precisando de sorte. Assim, o custo de oportunidade é alto demais. No final das contas, é provável que acabassem com um sonoro 7-9 como em tantas temporadas anteriores.

Leia também: Afinal, há plano nos Giants ou Gettleman está seguindo seu horóscopo?

Ante esse cenário, é melhor implodir tudo. Nesse processo, que deve durar 2019 e 2020, estaremos diante do crepúsculo da carreira de Tom Brady no New England Patriots. O final do processo a là 76ers dos Dolphins deve acontecer quando Brady já estiver aposentado. É a melhor coisa possível para a franquia, que não vence um jogo de pós-temporada desde 2000, um ano após a aposentadoria de Dan Marino. Depois dele, Miami tentou diversas vezes por um substituto e em todas fracassou – de uma forma ou outra.



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Ter uma escolha alta no Draft e pegar Tua é um recomeço e um processo que pode dar certo. A melhor coisa possível é que o time saiba o que tem em mãos e possa se preparar com um plano de médio/longo prazo. É o oposto do que David Gettleman está fazendo nos Giants, com movimentos de “vai-e-vem” em mostrar que está tankando e, ao mesmo tempo, apoiando Eli Manning em final de carreira.

Não temos ideia como os Dolphins vão ficar daqui dois anos. Tudo sinaliza para um tank, com Ryan Fitzpatrick sendo o tutor do quarterback escolhido em 2020. O que temos certeza é: ao contrário dos Giants, há um plano em curso no sul da Flórida.

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