[dropcap size=big]E[/dropcap]m um intervalo de aproximadamente um ano, os Jets deixaram de possuir o corpo de quarterbacks mais caótico da liga e passaram a ter um dos mais interessantes.
Christian Hackenberg e Bryce Petty, dois jovens que não levariam a franquia a lugar nenhum, foram cortados, dando lugar ao calouro Sam Darnold e Teddy Bridgewater. Apenas o veteraníssimo Josh McCown foi mantido, após um desempenho sólido em 2017.
O resultado de todas essas mudanças é que, aparentemente, New York hoje tem três signal callers com potencial de titularidade, pelo menos de acordo com o que vimos até agora durante o Training Camp e as partidas de pré-temporada.
McCown é quem tem mais chance de ser o starter na semana 1 da temporada regular. Ele foi apontado como o titular do time pelo head coach Todd Bowles durante toda a offseason e, a bem da verdade, não fez nada de errado que justificasse a perda de posição – pelo contrário, o veterano recebeu vários elogios na abertura do Training Camp. Sam Darnold, por sua vez, vem impressionando a todos com o seu desenvolvimento nos treinamentos e as boas participações nos amistosos – ele foi exaltado até por Josh Norman, veja só -, embora sua performance contra os Redskins tenha sido inferior ao desempenho diante dos Falcons, no primeiro jogo de pré-temporada.
Por fim, temos o caso de Bridgewater e é aí que as coisas ficam realmente interessantes. Teddy teve duas ótimas apresentações na pré-temporada até aqui, mostrando talvez enfim estar totalmente recuperado da lesão no joelho que quase acabou com a sua carreira. O que mais chamou a atenção foi a sua mobilidade, movimentação no pocket e precisão nos lançamentos, justamente os atributos mais colocados em dúvida pela lesão.
Trocar Bridgewater, agora ou um pouco mais para frente, é a decisão mais esperta a ser tomada
O aparente retorno à boa forma de Bridgewater é uma excelente notícia para os Jets, nem tanto pelo que ele poderá fazer dentro de campo, mas sim pelo seu potencial de render um ótimo negócio.
A verdade é que, mesmo jogando bem, Teddy não parece ter espaço no elenco de New York e nem uma chance razoável de atuar quando a temporada regular se iniciar. A bem da verdade, ter três quarterbacks no plantel é cada vez mais raro e… Bem, inútil.
A titularidade quase garantida de McCown e a ascensão de Darnold talvez o deixem na condição de 3º quarterback, o que não seria produtivo nem para ele e nem para a equipe.
Por exemplo, Darnold é o calouro badalado, escolhido na terceira posição geral do último Draft, que todos irão querer ver em campo caso McCown se machuque ou caia de rendimento. O fato dele estar indo bem nos treinos e na pré-temporada só reforça isso. De fato, o lógico para a franquia seria apostar no seu provável franchise quarterback em uma eventualidade, até mesmo para testá-lo e prepará-lo melhor pensando no futuro, ao invés de se voltar para Bridgewater, que com certeza não estará mais com o time em 2019.
Ou seja, tudo indica que Teddy não terá função nos Jets em curto ou longo prazo – salvo, é claro, que McCown e Darnold se machuquem e fiquem fora de combate por um período considerável de tempo, mas isso definitivamente seria algo fora do comum. Antes, havia pelo menos a expectativa de Bridgewater talvez ser o futuro da franquia na posição, o que não é mais o caso depois da escolha de Darnold.
Dito tudo isso, a decisão mais coerente a ser tomada é trocar Bridgewater ainda em 2018, tendo a chance de receber alguma compensação por ele, ao invés de perdê-lo de graça na próxima Free Agency – Teddy assinou um contrato de um ano e seis milhões com os Jets. Não é todo dia que um time tem a chance de lucrar algo com o seu (provável) terceiro quarterback, então New York deveria aproveitar.
Quanto vale Bridgewater atualmente?
[dropcap size=big]S[/dropcap]em dúvida, o valor de Bridgewater subiu após as sólidas atuações nos dois jogos da pré-temporada, justamente por ele ter mostrado pela primeira vez que estava recuperado da lesão no joelho, porém ainda assim é difícil imaginar alguma franquia oferecendo escolhas de Draft muito valiosas por ele neste momento.
Dificilmente as equipes estarão dispostas a fazer mudanças drásticas no seu corpo de quarterbacks tão perto do início da temporada regular, salvo uma situação emergencial.
Para ser titular, Teddy teria que um decorar um novo playbook, aprender um novo sistema e criar entrosamento com seus novos companheiros em pouco mais de três semanas. Seria uma aposta arriscada. Por outro lado, ninguém investirá uma pick altíssima para trazê-lo e deixá-lo no banco. Assim, Bridgewater, hoje, deve valer mesmo uma escolha de terceiro dia no recrutamento. No máximo, ele poderia render uma escolha condicional, daquelas que sobem de valor a depender de metas e objetivos atingidos (número de partidas disputadas como titular, ida aos playoffs, ida ao Super Bowl etc.).
O valor de Bridgewater só vai explodir mesmo na hora que um signal caller titular importante se machucar gravemente – tal como aconteceu com Ryan Tannehill no ano passado. Teddy iria se tornar instantaneamente a melhor (e talvez única) opção disponível no mercado.
Nesse caso, os Jets poderão tirar proveito e explorar uma franquia desesperada, mais ou menos como os Eagles fizeram com os Vikings quando o próprio Bridgewater se machucou em 2016 – na ocasião, Philadelphia conseguiu uma escolha de primeira rodada no Draft por Sam Bradford.
Possíveis candidatos à troca
Como é impossível prever quais quarterbacks irão se machucar – e, bem, isso seria um pouco sádico – vamos focar apenas nas franquias que fariam sentido tentar uma investida por Bridgewater hoje, levando em conta diversos aspectos.
New England Patriots
Uma marca dos Patriots nos últimos anos foi sempre ter quarterbacks reservas jovens e promissores. Foi assim com Ryan Mallett (tudo bem, ele acabou sendo um fracasso retumbante depois de sair de New England, mas ele era promissor lá), foi assim mais recentemente com Jimmy Garappolo e Jacoby Brissett.
Hoje, porém, esta não é a realidade. O reserva imediato de Brady é Brian Hoyer, sem dúvida um backup capaz, mas não uma solução em longo prazo. E como sabemos, Brady está no two-minute warning de sua carreira, então New England precisa começar a se preparar para sua aposentadoria. Bridgewater é jovem – mesmo com tudo pelo que já passou, ele ainda vai fazer 26 anos de idade – e tem talento para ser candidato ao posto de príncipe herdeiro. Sua aquisição certamente deixaria o resto da NFL em estado de alerta.
Entretanto, o que poderia inviabilizar tal negócio é a falta de interesse dos Jets em trocar um possível franchise quarterback para seu eterno rival. Imagine o seguinte: eles trocam Bridgewater com New England, Brady aposenta ano que vem, Teddy vira titular e mantém a dinastia viva. Não é exatamente o cenário ideal para New York, já bastou perder Bill Belichick em 2000.
New Orleans Saints
No geral, é um contexto parecido com o dos Patriots. Drew Brees não vai durar para sempre e New Orleans nem de longe está se preparando para a sucessão. No caso dos Saints, todavia, a situação é ainda mais séria, pois eles atualmente nem mesmo possuem um reserva confiável – hoje, os backups de Brees são Tom Savage e Taysom Hill.
Teddy chegaria para ser um seguro de vida em curto prazo e, se tudo desse certo, talvez ser o substituto de Brees quando ele pendurar as chuteiras. Lembrando que New Orleans herdaria o contrato que ele assinou em Nova York. Isso não chega a ser um problema, afinal, do ponto de visa do valor, pagar seis milhões para um reserva do nível de Bridgewater é algo bastante razoável
Los Angeles Chargers
Nos perdoem pela repetição, mas o caso dos Chargers é extremamente similar ao de Patriots e Saints, ou seja, um veterano consagrado em fim de carreira (Philip Rivers) e nenhuma perspectiva no horizonte, a menos que Los Angeles acredite no potencial de Cardale Jones ou Geno Smith.
Nos três casos, aliás, nenhum grande prospecto foi escolhido no Draft 2018.
Buffalo Bills
Saindo um pouco do óbvio, vamos pensar nos Bills. Ao mesmo tempo em que parece um time em reconstrução, com um “quarterback ponte” (A.J. McCarron) e um quarterback para o futuro (Josh Allen), Buffalo também é uma equipe que poder pensar em ter sucesso imediato, afinal manteve quase o mesmo elenco que se classificou aos playoffs em 2017 – a defesa continua sendo muito boa, aliás.
A questão é que nem McCarron e nem Allen parecem ser capazes de proporcionar este sucesso imediato. Ambos são signal callers inconsistentes. Já Bridgewater, em teoria, talvez pudesse oferecer uma chance maior para os Bills serem competitivos em 2018, prolongando a janela de pós-temporada da franquia por mais um ano. Sem contar que ele seria uma ponte (sem trocadilhos com o fato do seu nome ser Bridgewater) mais confiável para o início da era Josh Allen.
Contudo, dois problemas surgem quando pensamos na possibilidade de Teddy ir para Buffalo. O primeiro é o pouco de tempo de preparação para ele ser titular – e sua aquisição só faria sentido para ele ser titular imediatamente. O segundo é que, assim como no caso dos Patriots, os Bills também são rivais de divisão dos Jets.
Jacksonville Jaguars
Jacksonville acabou de renovar o contrato de Blake Bortles, logo eles estão comprometidos com o seu quarterback, mas não faria mal algum trazer alguém qualificado para aumentar a disputa e colocar um pouco de pressão sobre ele. Bortles, como se sabe, é uma roleta russa de passes incompletos e interceptações, embora ele mereça elogios por conta de suas atuações nos playoffs passados.
Bridgewater, por outro lado, possui um potencial bem maior, sobretudo pensando no futuro. Ademais, sua chegada corrigiria um erro histórico. Os Jaguars deveriam tê-lo draftado na terceira posição geral do Draft 2014, ao invés de Bortles. Seria como ver a franquia escrevendo certo por linhas tortas.
Cincinnati Bengals
Cincinnati é outro time que também poderia se beneficiar com um pouco mais de concorrência na posição de quarterback. A paciência dos torcedores com Andy Dalton não é das maiores após inúmeros anos de decepções, tanto que muitos cogitavam uma investida dos Bengals em um novo signal caller cedo no Draft, o que acabou não acontecendo.
Teddy daria uma injeção de vida nova ao elenco e aos fãs. Além disso, Cincinnati deveria ter um reserva melhor do que Matt Barkley.
Tampa Bay Buccaneers
Tampa Bay poderia estar cansado de esperar que Jameis Winston pare de agir como um imbecil longe dos gramados – sem contar que, dentro de campo, o desempenho de Winston também deixa a desejar. Nesse caso, eles deveriam ter apostado em alguém como Bridgewater, que, além de outras qualidades, tem uma personalidade completamente oposta.
Como a franquia já sabe da suspensão de três jogos do quarterback há quase dois meses e, ainda assim, não tentou nenhuma movimentação durante o período, parece óbvio que Jameis terá mais uma chance. Teddy não foi cogitado nem para ser seu substituto – os Bucs vão de Ryan Fitzpatrick mesmo.
Bônus: Philadelphia Eagles
Carson Wentz está se recuperando de um ligamento rompido no joelho e ninguém tem certeza se ele estará pronto para a estreia da temporada regular. Já Nick Foles machucou o ombro contra os Patriots, na semana 2 da pré-temporada.
Ao que tudo indica, a lesão de Foles não é grave, mas sabe como é, o seguro morreu de velho. Mesmo que trocar por Bridgewater pareça uma ideia absurda, Philadelphia precisa ter um plano de contingência para um cenário de catástrofe, caso contrário eles terão Nate Sudfeld under center na semana 1.
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