Um jogador que cada líder de divisão não pode se dar ao luxo de perder por lesão

Na semana 13, o Seattle Seahawks teve uma vitória amarga contra o Carolina Panthers. Ainda que tenham batido o time da NFC South por 40 a 7, a equipe comandada por Pete Carroll perdeu o safety Earl Thomas pelo restante da temporada, com uma fratura na tíbia. Thomas é o jogador mais importante da defesa de Seattle, responsável por cobrir o fundo do campo, liberando Kam Chancellor para atuar próximo à linha de scrimmage.

A lesão de Thomas aconteceu poucos dias depois de outro forte concorrente ao Super Bowl, o New England Patriots, anunciar que o tight end Rob Gronkowski fora colocado na injury reserve, ficando portanto longe dos gramados até a próxima temporada. Russell Wilson e Tom Brady são os jogadores mais importantes para Seattle e New England – não só por sua inegável qualidade, mas também pela importância que a posição de quarterback tem para os times da NFL – mas Thomas e Gronkowski são, discutivelmente, os próximos da lista de importância para suas respectivas equipes. Esta coincidência entre os dois líderes de divisão nos instigou a seguinte questão: quem seriam os piores desfalques – fora os quarterbacks – que cada um dos atuais líderes divisonais poderiam sofrer?

Ainda que o futebol americano seja, fundamentalmente, um esporte extremamente coletivo, em que o todo normalmente supera a soma de suas partes, tentamos chegar a uma resposta para este dilema. E, durante este exercício, concentramos todas nossas energias desejando que cada um destes jogadores termine intacto a temporada.

Pittsburgh Steelers – Le’Veon Bell

Sim, DeAngelo Williams é o reserva e não é qualquer reserva. Sempre que entrou em campo, foi bem. Mas quando se trata de Pittsburgh Steelers e quando falamos de running backs, existe a Dolly, a Pepsi e a Coca-Cola. Talvez Williams seja uma Pepsi. Mas não há nada como uma Coca-Cola geladinha.

Principalmente se for, ao invés de gelo, neve no copo. A semana 14 demonstrou bem a importância de Bell para os Steelers: nevava em Buffalo e, com isso, existe uma dificuldade mais natural em passar a bola (nada que justifique as 4 jardas passadas por Colin Kaepernick duas semanas atrás, mas de toda forma faz com que a vida fique mais difícil). Correr na neve, em comparação, não fica tão mais difícil. A defesa sabe que você vai usar o jogo terrestre e passes para o back. Sabendo, ela marca mais fácil. No caso de Bell na semana passada, não marcou.

Com o inverno ficando mais rigoroso, partidas como essas do último domingo, ainda mais na AFC North, podem acontecer de novo. E se acontecerem você precisa de um cara como Le’Veon Bell, ultrapassando 200 jardas totais (recebendo/passando). Os Steelers estariam bem sem ele? Provavelmente. Mas com ele são imensamente mais fortes.

Houston Texans – Jadeveon Clowney

O Houston Texans é um caso à parte, já que é a única equipe nesta lista que provavelmente não seria pior se perdesse seu quarterback titular. A força desta equipe é sua defesa, e é nela que se encontram os dois principais jogadores do time – A. J. Bouye e Jadeveon Clowney.

Já teci diversos elogios a Bouye anteriormente, e tudo que disse continua valendo, mas se Houston pretende manter sua (frágil) liderança na AFC South, o time precisa derrotar o Tennessee Titans. E isto implica em parar Marcus Mariota. Aí entra Clowney. Desde a lesão de J.J. Watt, Clowney assumiu o papel de principal jogador da defesa de Houston, e não tem decepcionado. Atuando em diversas posições da defesa, Clowney já jogou como linebacker, defensive end e até defensive tackle em alguns snaps, mantendo um alto nível em todas elas. Em 12 partidas em 2016, Clowney tem quatro sacks e 44 tackles. Excelente tanto na pressão ao quarterback quanto na contenção do jogo corrido, Clowney precisará de todas as ferramentas de sua caixa para deter o elusivo e Mariota, assim como o fez com Andrew Luck no último domingo. É uma tarefa árdua, mas se alguém deste elenco pode desempenhá-la, este alguém é Jadeveon.

Kansas City Chiefs – Travis Kelce

Os Chiefs sofreram uma grande perda no último Thursday Night, contra o rival Oakland Raiders. O linebacker Derrick Johnson sofreu uma ruptura no tendão de Aquiles de sua perna esquerda e está fora do restante da temporada. Johnson é um dos líderes da equipe que lidera a AFC West e um dos jogadores mais produtivos e respeitados em todo o elenco, mas Andy Reid tem opções no elenco para lidar com sua ausência – passando pelo crescimento de Ramik Wilson, que está pronto para ser o comandante desta unidade defensiva, e pelas boas atuações de Daniel Sorensen, safety que atua como linebacker quando a defesa se encontra em nickeldime.

Outro jogador que poderia ser considerado é Marcus Peters. O cornerback é a principal arma da secundária dos Chiefs, mas o surgimento de Terrance Mitchell – que tem sido o melhor jogador da posição nas últimas duas partidas – suavizaria o impacto da perda de Peters.

Nossa escolha vem do time ofensivo. Travis Kelce é a principal arma do ataque comandado por Alex Smith. Ele é um pesadelo em termos de matchup para as defesas adversárias, e sua incrível capacidade atlética é a grande responsável pela maior parte das estatísticas do quarterback de Kansas City. E, como todo craque que se preza, Kelce vem crescendo de produção quando mais importa, na reta final. Nas últimas quatro partidas disputadas pelos Chiefs, o tight end acumulou 450 jardas – mais do que qualquer outro jogador da posição na liga e mais do que qualquer outro recebedor do elenco de Kansas City. Na vitória sobre o Atlanta Falcons, Kelce FOI o ataque dos Chiefs, sendo responsável por mais de 35% de todas as jardas conquistadas pelo ataque de seu time.

Sem Kelce, Alex Smith perderia o único alvo em que confia em passes de mais de 10 jardas, e o ataque passaria a depender exclusivamente das corridas de Spencer Ware a nas jardas conquistadas após a recepção por Tyreek Hill. Esta não é a fórmula para vencer um Super Bowl.

Dallas Cowboys – Tyron Smith

Eu sei que parece estranho. Como não escolher Ezekiel Elliott, o líder em jardas terrestres conquistadas em toda a liga, e o motor que tem propulsionado o ataque de Dallas? A resposta passa pelas ambições do time. A meta do líder da NFC é o Super Bowl e, no caminho que leva a ele, se encontra um obstáculo chamado Seattle Seahawks. O primeiro colocado da NFC West possui uma das melhores defesas da NFL, e tem sido particularmente eficaz no combate ao jogo corrido. Para vencer Seattle, Dallas inevitavelmente vai precisar de Dak Prescott jogando em alto nível, e as chances disso acontecer aumentam consideravelmente se ele estiver bem protegido. Tyron Smith é um dos três melhores left tackles da NFL, e a proteção ao quarterback é seu ponto (mais) forte. Seu reserva, Chaz Green está bem aquém do nível de qualidade de Smith.

O ataque dos Cowboys perderia em qualidade se Alfred Morris – um reserva sólido, mas nada espetacular – substituísse Elliott, mas se Green tomasse o lugar de Tyron Smith, Dak estaria constantemente preocupado com a pressão defensiva em seu blind side. O center Travis Frederick também seria uma grande perda, mas a pressão pelo interior da linha ofensiva é mais fácil de ser controlada do que a vinda do perímetro, por isto a escolha tem que ser Tyron.

Detroit Lions – Darius Slay

Esta foi a escolha mais fácil de toda a lista. O ataque equilibrado de Detroit não depende de um único jogador que não se chame Matthew Stafford. Todos são importantes, mas todos são substituíveis – seja no grupo de recebedores, na linha ofensiva ou no time de running backs.

Na defesa, os destaques são escassos. A unidade, como um todo, vem demonstrando um ótimo progresso no último mês, mas isto se deve mais à sua atuação conjunta do que ao surgimento de grandes estrelas. Kerry Hyder tem sido uma agradável surpresa em 2016, mas sua ausência não dinamitaria a defesa dos Lions. O mesmo não é verdade quando nos referimos a Darius Slay.

Um jogador agressivo, mas que sabe evitar faltas, Big Play Slay – como foi apelidado – possui um faro para as jogadas que mudam o rumo de uma partida e não tem medo de assumir riscos. O cornerback dos Lions viu a bola ser lançada na direção do jogador que estava cobrindo 53 vezes nesta temporada. Destes passes, apenas 29 se converteram em recepções, que renderam 314 jardas e quatro touchdowns e dois deles foram interceptados. Quando seu alvo é o jogador coberto por Darius, os quarterbacks adversários têm um quarterback rating de apenas 81.8. Ele não é capaz de eliminar completamente o principal recebedor dos adversários, mas chega bem perto disto.

Slay também é fenomenal no combate às corridas e é um dos melhores executores de tackles na posição, registrando 32 até o momento. Esta versatilidade faz de Darius Slay um dos melhores cornerbacks de toda a NFL e a principal estrela defensiva em Detroit.

Atlanta Falcons – Julio Jones

Nada de inesperado aqui. Julio Jones continua sua impressionante carreira em altíssimo nível nesta temporada. Mesmo recebendo apenas o 11º maior número de bolas lançadas em sua direção, e tendo o 8º maior número de recepções, Jones lidera a NFL em jardas de recepção, com 1253 – 165 a mais que o segundo colocado, T.Y. Hilton. Entre os jogadores com pelo menos 60 recepções, ele também é o líder em jardas por recepção e jardas por partida – com a média impressionante de 104,4 neste último quesito. Matt Ryan é um dos principais candidatos a MVP da temporada, e grande parte disto se deve a Julio Jones.

E o assustador é que ele poderia ser ainda melhor. Jones mantém o que vem sendo um tema recorrente em sua carreira – a baixa produção de touchdowns. São apenas cinco em 2016, o que indica que ele provavelmente não ultrapassará sua melhor marca – 10, marcados em 2012. O baixo número de touchdowns se explica pela pouca utilização de Jones em jogadas na red zone. O wide receiver dos Falcons tem apenas três recepções nestas situações em toda a temporada – menos que outros 67 recebedores. Com 1,90 m, 100 kg e uma das maiores impulsões da liga, o fato de Jones não ser utilizado com frequência em jogadas próximas à end zone consiste em um dos maiores mistérios de toda a NFL.


“RODAPE"

E quanto aos Seahawks e Patriots?

Faltam dois times nesta lista – justamente os dois que já foram vítimas de lesões aos seus melhores jogadores não-quarterbacks. Nenhum jogador nesses dois elencos (não chamados Brady ou Wilson) representaria uma perda tão grande quanto foram as de Gronkowski e Thomas, mas quais chegariam mais perto disto?

New England Patriots – Malcolm Butler

O ataque dos Patriots continua fenomenal, mas a defesa também tem feito sua parte recentemente. Grande parte disto se deve às ótimas atuações do cornerback Malcolm Butler. O defensor dos Patriots tem sido o principal jogador de uma secundária que conta com pouco apoio de seus pass rushers, contribuindo com 15 passes defendidos – quinta melhor marca da liga – além de mais duas interceptações e 54 tackles.

Seattle Seahawks – Thomas Rawls

Antes de mais nada, é preciso deixar algo claro: Thomas Rawls é um bom running back, mas não está entre os melhores jogadores da posição na NFL. Por que então colocá-lo nesta lista, ao invés de jogadores extremamente talentosos como Richard Sherman, Kam Chancellor ou Michael Bennett? A resposta é profundidade. A defesa dos Seahawks é uma das melhores – se não a melhor – de toda a NFL, e possui jogadores de rotação suficiente para amenizar futuras perdas em seu elenco. Já o ataque é, na melhor hipótese, inconstante.

Russell Wilson vem fazendo a pior temporada de sua carreira, e isso se deve quase exclusivamente ao baixo nível de sua linha ofensiva. E é aí que entra Rawls. Com seu estilo punitivo de correr com a bola, o running back consegue mascarar as deficiências de seus bloqueadores e possui uma ótima média de 4,1 jardas por corrida – ainda que tenha tido apenas 72 tentativas no ano, uma amostra muito pequena que pode criar estatísticas distorcidas.

A presença de Rawls em campo tem sido uma das poucas coisas capazes de aliviar um pouco a pressão sobre Russell Wilson. e isto, hoje, é muito valioso para o Seattle Seahawks.

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