Uma das coisas que mais deixa perplexos torcedores de times que sofrem com a falta de um franchise quarterback é ver equipes que tem essa peça conseguindo pouco sucesso. Chicago Bears e Jacksonville Jaguars são exemplos de franquias que num passado recente deixaram chances grandes escaparem em grande parte pela falta de um nome de maior peso atrás do center: apesar das boas defesas e mesmo das peças de suporte no ataque, brigar por um título com Mitchell Trubisky e Blake Bortles é algo improvável e em algum momento cobrou seu preço.
Apesar de ter vencido um Super Bowl e chego a outro, o Seattle Seahawks é constantemente citado quando se fala de não aproveitar todo potencial de seu quarterback. Desde sua última aparição no jogo mais importante da temporada em 2014, a equipe não passou das semifinais de conferência: pouco para quem tem Russell Wilson. Uma das narrativas mais sustentadas é da falta de suporte ao camisa 3, seja da comissão técnica ou mesmo das peças ao seu redor. Porém, cabe o questionamento: qual a culpa de Wilson nisso tudo?
Tem faltado regularidade
Claro que nem tudo foram flores em Seattle nas temporadas citadas. Existe sim, uma deficiência na comissão técnica dos Seahawks, com Pete Carroll tomando decisões estranhas em relação ao comando do ataque e dos planos de jogo. A grande predileção do treinador pelo jogo corrido – algo que deve ganhar força nesta temporada, segundo o próprio – causa estranheza, já que a expectativa é que Wilson sempre fosse o ponto focal da unidade ofensiva. Entretanto, isso não tira a parcela de responsabilidade do quarterback, em especial por um fator: falta de regularidade.
Já virou meme: Wilson começa a temporada voando, com excelentes números e de destacando na corrida pelo prêmio de MVP. Chega a segunda metade da temporada, as coisas desandam, as interceptações aparecem e fazem com que ele saia dessa conversa. Não é para menos, afinal a diferença nos números é gritante nas duas últimas temporadas combinadas: até a semana 8 sua média de jardas de 285 por partida, com um TD/INT ratio[foot] Divisão dos números de touchdowns pela número de interceptações [/foot] de mais de 6; já na segunda metade caem 240 e 2,5 respectivamente. Contra times que tiveram campanha vitoriosa Wilson também teve problemas em 2020: foram 5 touchdowns e 5 interceptações.
Não é o fim do mundo
Vale ressaltar que até 2018 isso não era comum, com Wilson sendo linear durante a temporada toda: ou seja, ele pode jogar bem de novembro em diante. O período de oscilação também coincide com o tempo de Brian Schottenheimer como coordenador ofensivo e sua notória incapacidade em sair do plano de jogo inicial. Isso não isenta o quarterback de sua culpabilidade: como líder e melhor jogador da unidade, ele precisa tomar as rédeas na parte crucial do ano, quando realmente o caldo entorna e as equipes já estão ajustadas, pensando na briga pela pós-temporada.
