A notícia você já viu. Se você torce para Dolphins, Jets ou Bills, com certeza viu e pensou “ah não é possível, não vamos nos livrar desse cara nunca mais”. Durante o Congresso dos Donos de Franquias, houve várias entrevistas com figuras-chave da liga – além da aprovação de novas regras e da aprovação quanto à realocação dos Raiders para Las Vegas.
Uma das entrevistas chamou a atenção. Como dito acima e na manchete, Robert Kraft – dono dos Patriots – contou para a imprensa o seguinte: Brady lhe disse que planeja jogar mais seis ou sete anos na NFL.
Se Brady quiser ficar mais essa quantidade – quase que sem precedentes – de anos na NFL, ele entraria em campo aos 45 ou 46 anos. O mais velho jogador a entrar em campo como quarterback na NFL tinha 44 anos. Três deles, para ser específico: Steve DeBerg, Warren Moon e Vinny Testaverde. Se considerarmos idade com os meses/dias, DeBerg é nosso vencedor – ou não, visto que ele só passou para 369 jardas em 1998.
E como foi o desempenho desses caras?
Meh. Aos 44 anos, Testaverde passou para 952 jardas em 2007. É a maior relação de quantidade de jardas-idade que temos na liga. Aos 43, George Blanda teve 461 jardas passadas em 1970. Warren Moon teve 1632 aos 42 em 1998. Forçando um pouco mais a amizade, temos Brett Favre pelos Vikings em 2010 (2509 jardas aos 41 anos) e a impressionante temporada de 2009, finalista da NFC (4202 jardas aos 40 anos). Basicamente, é isso.
Digamos que o “termômetro Brady” começa daí: nas comparações com Brett Favre. A escala-39-Peyton ele já passou, visto que o Brady de 39 anos produziu anos luz mais do que o Peyton Manning de 39. Falando nele, se o quarterback patriota tiver média de 2,2 touchdowns passados por jogo, ele ultrapassa Peyton no sétimo jogo da temporada 2019. O que parecia impossível, depois das palavras de Brady para Kraft, tornou-se plausível. E a gente calculando para ver se Andrew Luck seria o cara capaz de atingir os 540 touchdowns.
Depois de Favre, a comparação seria com Blanda, Moon e, finalmente, Vinny Testaverde. Lembro-me que, no caos que foi a temporada de 2007 para os Panthers, eu dizia “Eu não tinha nascido quando Vinny entrou na NFL”.
Brady entrou em 2000 na liga, com um ano amadurecendo a leitura de jogo e esquentando o banco de Drew Bledsoe. Ele tem contrato até 2019 com os Patriots – e se chegar até lá, seriam 20 temporadas em New England. Em termos de mais temporadas com apenas um time, o máximo é o kicker Jason Hanson, 21 em Detroit. Se excluirmos os chutadores, Darrell Green/CB/Washington e Jackie Slater/OL/Rams com 20.
Sai de cima do muro, caramba. E aí, dá?
Parece completamente impossível, a primeira vista. Mas quando lembramos que há precedentes – e de atletas que não se cuidaram como Brady nos últimos anos – é possível afirmar que, embora a probabilidade do camisa 12 jogar até o fim de seu contrato não seja tão gigantesca, ela existe. Em agosto de 2019 ele faria 42 anos e Favre, que apanhou 23023 vezes mais na carreira, esteve em campo.
Agora, mais seis anos? Bom, quem sou eu para duvidar desse cara – convenhamos que a última vez que eu fiz isso não deu muito certo. Ele teria 45 anos. Ajustando o fato de que ele se cuidou e se protegeu bem mais que os pares da lista – Moon/Favre/Testaverde – não é impossível. Diria que a chance existe sim. Não é maior de 50%, mas existe. Claro: uma coisa é jogar como os outros de nossa lista. Outra completamente diferente é jogar bem.
O que faria ele desistir dessa meta? Talvez um sexto título, sendo o único atleta da liga com seis anéis de Super Bowl. Seria cabalístico. Escolhido na sexta rodada com seis Vince Lombardi.
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