Nota do editor: esse texto foi originalmente publicado em março de 2021
Lá em 2021, publicamos um artigo explicando o que são os “voidable years”, um artifício que foi bastante usado por equipes que precisavam de se adequar ao teto salarial antes do início do novo ano fiscal da liga. O texto de hoje tem o mesmo propósito explicativo de um conceito ainda mais simples, mas que é fundamental para entender algumas movimentações feitas pelas equipes para abrir espaço na folha salarial: a reestruturação de contrato.
Reestruturar, como o próprio nome já diz, é montar uma nova estrutura de como o salário que está em contrato será pago. Costumamos calcular e analisar o contrato de um jogador a partir de sua média anual, porém, quase nunca a forma com que esses pagamentos serão feitos está dividida igualmente ao longo dos anos: o dinheiro é dividido de modo a se adequar ao ideal para a organização no momento. Surgem daí os contratos front-loaded, que pagam a maior parte do salário nos primeiros anos, e os contratos back-loaded, onde a maior parte do salário é paga nos anos finais de contrato.
Voltando no texto dos voidable years, vale lembrar que, para efeitos de folha salarial, existem dois métodos principais para pagar um jogador: o bônus de assinatura, que é dividido igualmente durante os anos de validade de um contrato, e o salário base, próprio de cada ano.
Vamos imaginar o seguinte cenário: Jogador X assina um contrato de 5 anos e 50 milhões de dólares com um bônus de assinatura de 15 milhões de dólares (para melhor entendimento, opções contratuais e incentivos não serão utilizados aqui). Essa seria a divisão do contrato:
Imagine que Jogador X recebeu 14 milhões de dólares nos primeiros dois anos e a franquia queira reestruturar seu contrato para abrir mais espaço na folha salarial. A reestruturação de contrato, na prática, significa converter o salário base de um determinado ano em bônus de assinatura para o jogador, já que o bônus de assinatura é dividido igualmente durante os anos restantes de contrato. Isso não significa que Jogador X receberá menos dinheiro – exceção feita a casos específicos em que um jogador aceita diminuir seu salário para permanecer na equipe -, apenas que a estrutura do contrato será diferente.
Pegando o mesmo exemplo do contrato acima, a Equipe Y converteu o salário base de Jogador X no terceiro ano do contrato em bônus de assinatura, de modo que seu salário base caiu de 7 milhões para 1 milhão. Os 6 milhões agora serão divididos igualmente durante os 3 anos restantes de contrato, de modo que essa é a estrutura restante:
Em resumo: Jogador X ainda receberá o mesmo dinheiro da Equipe Y nos próximos 3 anos (36 milhões), porém, a Equipe Y conseguiu abrir 4 milhões na folha salarial daquele ano em questão. Obviamente, como você pode notar, o impacto de Jogador Y na folha salarial cresceu nos outros dois últimos anos de contrato.
Reestruturar contratos, na prática, é um conceito bastante simples. Mais importante ainda para as equipes da NFL que reestruturaram contratos nas últimas semanas é que a liga confirmou ontem a assinatura dos novos acordos de televisão com as emissoras, cujo valor gira em torno de 10 bilhões de dólares por temporada. Em outras palavras, com mais dinheiro rodando entre as franquias, os valores do teto salarial irão disparar, de modo que quem aumentou cap hit nos anos seguintes terá um pouco mais de fôlego pra manejar a situação financeira da organização.
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