Em 11 de março do ano passado eu disse que não falaria mais de Johnny Manziel a menos que tivéssemos alguma notícia realmente relevante sobre o ex-Cleveland Browns. Aquela data foi justamente aquela na qual Manziel foi cortado pelo seu único time até o o momento. Mas parece que ele estaria com vontade de voltar e parece profissional quanto ao assunto.
Muitos de vocês podem ter começado a acompanhar a NFL no ano passado – e outros tantos já devem ter esquecido a quantidade monumental de besteiras que ele aprontou. Então, um refresco.
Escolhido na 22ª pick do Draft de 2014, Manziel foi o segundo quarterback escolhido na classe, apenas atrás de Blake Bortles. Ou seja: os Browns tiveram a chance de escolher Teddy Bridgewater e Derek Carr, mas acabaram indo em outra direção.
Na ocasião, o produto de Texas A&M chegou a enviar mensagens de texto para os técnicos de Cleveland, prometendo que, caso escolhido iria se portar como um profissional. “Corre e me escolhe, porque eu quero estar ai. Eu quero detonar essa liga junto de vocês”, disse Manziel no SMS. Após receber a mensagem, o técnico de quarterbacks da equipe repassou para o dono, Jimmy Haslam. Este deu o aval, dizendo para o time trocar “para cima”, podendo assim escolher o camisa 2.
O que acontece quando o dono do time se mete no Draft? Bom, não costuma dar certo. Mais uma vez, como já é de costume há quase duas décadas em Cleveland, quem sofreu foi o torcedor. A instabilidade entre a diretoria, os jogadores e o dono do time acabou produzindo mais um bust. Claro: Manziel tem sua bela cota de culpa, mas não forçou ninguém a fazê-lo.
Exatamente como Ryan Leaf após o Draft de 1998, Manziel resolveu ter a bela ideia de ir para Las Vegas antes do training camp. Sendo bastante claro aqui: não condeno quem faça isso, o problema é quando você é um quarterback profissional que precisa lutar contra o tempo para se adaptar e aprender o livro de jogadas. Naquela ocasião ficou famosa a foto de Johnny visivelmente bêbado e num cisne de plástico, bebendo um champagne diretamente da garrafa. Na mesma viagem, outra foto que ficou famosa foi a dele usando um bolo de dinheiro como telefone. Na pré-temporada, ele mostrou o dedo do meio para o banco de reserva do adversário. Enfim, era um show de imaturidade, inadequada para um jogador profissional na posição mais exigente do esporte.
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Em outubro, Manziel e sua namorada se envolveram num incidente que até hoje não ficou muito claro. Eles foram parados pela polícia em Avon, Ohio, e o quarterback disse para o policial que ele e a companheira haviam bebido – mas houve rumor de que ela fora agredida por ele. No mês passado, as duas histórias pareceram se conectar: a polícia de Dallas abriu inquérito para investigar múltiplas agressões físicas do jogador a, agora, sua ex-namorada. Manziel foi denunciado e será julgado por juri popular (como é o procedimento para quase tudo na justiça americana).
E não foi só. Houve alegações de que Manziel chegou a estar bêbado em treinos e antes do último jogo da temporada de 2014, teve de ser buscado pelos seguranças da franquia para que acordasse e fosse ao treinamento. “Eu realmente acredito que se eles não puderem ajudá-lo, ele não viverá para ver seu aniversário de 24 anos”, disse o pai de Johnny em fevereiro do ano passado. Bom, ele chegou aos 24 anos. E quer mais uma chance.
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“Eu sei a situação na qual me coloquei”, disse Johnny ao Dallas Morning News durante uma convenção de Fantasy Football no fim de semana. “Mas estou esperançoso. Realmente esperançoso. Fiz algum progresso nesse assunto. Seja lá quando eu receber uma ligação, farei o que puder para aproveitar”, completou.
Em março deste ano, Ian Rapoport – repórter da NFL Media – disse que Manziel re-contratou seu antigo empresário, Erik Burkhardt, na esperança de ter uma segunda chance na NFL. Antes, durante a semana do Super Bowl LI, Johnny teria tomado café da manhã com o técnico do New Orleans Saints, Sean Payton. “Acho que o que percebi nesse ano longe do futebol americano é o quanto sinto falta dele. É duro ficar aqui durante os treinamentos de intertemporada e aí antes dos camps não ser parte disso. Mas ao mesmo tempo, estou realmente otimista em receber outra chance. É o que espero todos os dias”.
Segundas – ou no caso de Johnny, múltiplas – chances não são o costume na NFL. Ele até pode receber essa nova (e, com certeza, derradeira) oportunidade. Mas deve ser apenas para o training camp e ele terá que mostrar uma evolução monumental. Não só no profissionalismo, coisa que passou longe em sua curta carreira. Mas em diversos outros conceitos que um quarterback profissional tem que ter. Manziel jogou nos Browns com o mesmo improviso que tinha no college football. O resultado óbvio foi o que vimos.
Palpite deste redator: a chance dificilmente virá. Manziel é um jogador aquém do desejado pelos times. Em muitos aspectos. Sob o aspecto físico, dada sua baixa altura para um quarterback. Sob o aspecto mental, dada sua porca leitura de defesas. E sob o aspecto profissional, dado sua falta de comprometimento com os treinos e em ficar sóbrio (neste caso, chega a ser problema de saúde mesmo).
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