A cada dia que passa, fica mais claro que algumas novelas da intertemporada 2017 acabaram antes mesmo de realmente começar. O New Orleans Saints, por exemplo, esteve nas manchetes ao reforçar sua defesa (tanto com contratações quanto com o corte de Jayrus Byrd que, bem, é um reforço). E parecia que a cada dia que passava, os Saints dariam ainda mais armas para que Drew Brees não terminasse sua carreira sem mais uma ida à pós-temporada.
O grande nome da vez era Malcolm Butler. Estrela da secundária do New England Patriots e herói na conquista do Super Bowl XLIX, Butler é um agente livre restrito. Ou seja: ele até pode negociar com outros times. Mas se o fizer, o time que detém os direitos atuais de seu “passe” pode igualar a proposta ou receber uma escolha de Draft.
Butler visitou os Saints, foi elogiado, colocou no instagram uma foto vestindo preto e dourado. Mas embora o cortejo tenha sido bem sucedido, o preço era alto: a tender para tirar Butler dos Patriots seria uma escolha de primeira rodada e mais o salário que seria pago ao jogador em seu novo contrato. O problema é que não seria a 32ª escolha que os Patriots enviaram a New Orleans pelo WR Brandin Cooks. Teria de ser a escolha original dos Saints na primeira rodada, a 11ª. Em outras palavras, Belichick cometeria mais um crime do século. New England teria conseguido uma ameaça em profundidade para Brady ao mesmo tempo que substituído Butler por Gilmore E SUBINDO NO DRAFT no processo.
Ao mesmo tempo, os Saints devem ter (finalmente) percebido que a classe de cornerback no Draft de 2017 é uma das mais profundas que temos em anos na posição. Isto é: há vários talentos de primeira rodada. Marshon Lattimore (Ohio State) é digno das primeiras 15 escolhas. Ainda na primeira rodada, facilmente poderíamos ter nomes como Marlon Humphrey (Alabama) e Gareon Conley (Ohio State). Com a 32ª escolha ou com a escolha de segunda rodada, Adoree Jackson (USC), Kevin King (Washington), Tre’Davious White (LSU), Jalen Tabor (Florida) e por aí vai. Se juntarmos prospectos na posição de cornerback que são dignos de primeira a terceira rodada, temos pelo menos uns 10 nomes.
E o principal: vários deles “moldáveis” ao sistema que New Orleans quer empregar na defesa. Algo parecido com o que Seattle e Atlanta fazem, com bastante cover 3. Falando nisso, os Saints ainda podem querer um cara que cresceu nesse sistema – Richard Sherman, já que o boato que corre é que os Seahawks estariam dispostos a ouvir propostas de trocas.
Embora a tender seja da escolha número 11, nada impede que os Patriots assinem com Butler e depois lhe troquem por outra coisa. A 32 original de New England de volta, por exemplo. “Nós podemos assinar com ele (Butler), mas não acho que faremos isso, abrindo mão da 11ª escolha. De fato, eu sei que não faremos isso”, disse Sean Payton, técnico dos Saints, no Congresso de Donos de Franquias. No mesmo local, mais cedo nesta semana, Robert Kraft – dono dos Patriots e entusiasta de gravatas rosas – disse que o time não pretende trocar Butler. Não que Kraft mande alguma coisa em futebol americano, ele só assina cheques, levanta troféus e troca ideia com Brady de vez em quando. Ok, é uma vida que eu queria ter. Mas de toda forma, se ele abriu a boca sobre o assunto, é provável que não aconteça mesmo.
Teríamos, então, um desfecho provável para essa novela. Os Saints – dado o contexto do Draft, o custo alto da troca e o assalto que Belichick teria feito – não devem apertar o gatilho e eles estão certos em não fazê-lo. Ao mesmo tempo, Butler deve ou assinar contrato de longa duração ou jogar com sua tender de primeira rodada. Isto é: contrato de um ano e 3,91 milhões de dólares. E aí temos a continuação desta novela no ano que vem. Mas aí Malcolm seria agente livre irrestrito e poderia assinar com quem quiser – e tendo apenas 28 anos.
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