Longe de New England, sem Bill Belichick, em outra conferência. Não importa. Tom Brady reafirmou mais uma vez sua condição de maior jogador da história do futebol americano neste domingo, liderando o Tampa Bay Buccaneers ao segundo título da franquia com uma vitória por 31 a 9 e conquistando o sétimo em sua carreira, aumentando seu recorde como atleta que mais Super Bowls conquistou em toda a história da NFL.
O adversário na final poderia ser comparado ao último nível de um videogame, aquela fase final que as vezes parece impossível de passar. Patrick Mahomes e Andy Reid, afinal, não eram os atuais campeões por nada, responsáveis pelo melhor ataque da NFL e as principais faces de um time que passou por seus principais adversários com notória facilidade ao longo da temporada regular. No entanto, diferente do que aconteceu há um ano atrás, o Kansas City Chiefs pouco pôde fazer frente a um time que não tirou o pé do acelerador em momento algum e dominou a final do começo ao fim.
Brady e o ataque dominaram inteiramente
Um ponto importante para decidir o vencedor da partida: você podia confiar na defesa de Kansas City contra o jogo terrestre? Bem, os ótimos números de Leonard Fournette e Ronald Jones provaram que não. A linha ofensiva dos Buccaneers, uma das melhores da NFL, dominou completamente as trincheiras, mesmo sem a presença de Alex Cappa, e a eficiência do jogo terrestre foi vital para manter o domínio da partida quando Tampa Bay disparou no placar no primeiro tempo.
Brady disputou seu 10º Super Bowl – outro recorde disparado na história da liga – e, pela primeira vez em sua carreira, ele lançou três passes para touchdown ainda no primeiro tempo. Talvez mais importante ainda seja o fato de que, diferente das três interceptações contra Green Bay na final de conferência, Brady cuidou muito bem da bola, não cometendo turnovers. Com faltas e mais faltas, os Chiefs deram vários tiros no pé e permitiram que os Buccaneers pudessem estender seus drives e anotar touchdowns, além de um gerenciamento de relógio bastante questionável de Andy Reid no final do primeiro tempo.
Além de Brady, a outra grande estrela da partida no ataque dos Buccaneers foi Rob Gronkowski, completando uma história fantástica junto de Brady após retornar da aposentadoria e sendo decisivo com os dois primeiros touchdowns na partida. O tight end encerrou o confronto com 6 recepções para 67 jardas, liderando a equipe em ambas as estatísticas. Se Gronkowski não teve o impacto de outrora recebendo passes ao longo da temporada, ao menos no Super Bowl ele não ficou devendo.
No segundo tempo, Brady não precisou fazer muito, já que o ataque dos Chiefs precisou correr atrás do placar e não conseguiu anotar touchdowns o suficiente. Os Buccaneers ampliaram o placar com Leonard Fournette passando sem ser tocado pela defesa de Kansas City e, a partir dali, já praticamente celebravam o título com uma vantagem inalcançável.
Defesa de Todd Bowles respondeu à altura
Não dá pra deixar de mencionar a atuação mais do que fantástica de toda a unidade defensiva de Tampa Bay, que anulou completamente o melhor ataque da liga com um plano de jogo efetivo de seu treinador e muito bem executado pelos jogadores. Mahomes não teve paz em momento algum ao longo da partida, com desenhos de blitzes que funcionaram perfeitamente e, especialmente, com os jogadores da linha defensiva vencendo seus duelos individuais frente à uma proteção que não esteve em dia.
3 sacks não parecem um número significativo, mas ele só foi baixo porque Mahomes teve de correr por sua vida ao longo da partida – fazê-lo com um dedão machucado e que necessitará de cirurgia não ajudou sua causa. Se a secundária dos Buccaneers deixou muito a desejar na partida da semana 12, o resultado foi completamente diferente: o jogo aéreo dos Chiefs foi completamente anulado, não conseguindo atacar verticalmente em momento algum e pouco ameaçando a end zone.
Vale citar individualmente as exibições de Lavonte David e Devin White, que foram fantásticos defendendo as zonas intermediárias e também pressionando Mahomes em momentos de blitzes. A inteligência de David foi essencial para que a unidade pudesse atuar no seu mais alto nível e ter uma dupla de linebackers desse nível causa inveja em quase todos os torcedores das outras equipes. Em suma: foi um dia perfeito do Tampa Bay Buccaneers nos dois lados da bola.
Brady mencionou ao ProFootball nas coletivas pré-Super Bowl que seus filhos diziam, em português, que “papai não sabe de nada”. Papai sabe de uma coisa: vencer títulos. Conquistar mais um aos 43 anos só nos mostra que temos que admirar Tom Brady enquanto ele ainda está em atividade.
