
Depois de bater tantas vezes na trave, 2019 é o ano do “agora ou nunca” para o Los Angeles Chargers e principalmente para seu quarterback Philip Rivers. Um dos melhores da liga há muito tempo e conduzindo o time muito bem, Rivers nunca esteve num Super Bowl – já bateu na trave, jogando uma final de AFC com ligamento rompido no joelho, mas nunca chegou lá.
Com 38 anos ao final da temporada e no último ano de contrato, ele pode ter a última chance. Com um time bem completo e pronto para vencer, será hora de provar que os Chargers podem sim ser um time vitorioso.
Como foi 2018: (12-4, perdeu na semifinal de conferência). Depois de um começo de temporada irregular com duas derrotas em três jogos, os Chargers encontraram sua melhor forma e arrancaram para uma sequência de seis vitórias. Terminando a temporada regular com 12 vitórias, a equipe foi a Baltimore e venceu os Ravens no wild card, mas não foi páreo para os Patriots e sua famosa força jogando em casa. Dominado, o time perdeu por 41 a 28 na semifinal da conferência, num jogo cujo o placar não demonstra a disparidade ocorrida em campo.
Draft 2019:
Com poucas necessidades urgentes, o time pode apostar em alguns projetos e arriscar em jogadores que devem ser desenvolvidos com o passar dos anos. A melhor escolha foi a de Nasir Adderley, S, Delaware. Vindo de um programa da segunda divisão universitária, ele não mereceu o crédito necessário, sobrando para segunda rodada. Já a seleção mais questionável foi Easton Stick, QB, North Dakota State. Com poucos recursos técnicos, dificilmente o veremos em campo na NFL.
1ª rodada (28): Jerry Tillery, iDL, Notre Dame
2ª rodada (60): Nasir Adderley, S, Delaware
3ª rodada (91): Trey Pipkins, OT, Sioux Falls
4ª rodada (130): Drue Tranquill, LB, Notre Dame
5ª rodada (166): Easton Stick, QB, North Dakota State
6ª rodada (200): Emeke Egbule, LB, Houston
7ª rodada (242): Cortez Broughton, iDL, Cincinnati
Free Agency 2019
Uma inter temporada bem tranquila dos Chargers. O tight end Antonio Gates se aposentou e o time preferiu não renovar com o jogador de linha defensiva Corey Liuget.
O wide receiver Tyrell Williams se mandou para o Oakland Raiders após uma bela oferta contratual. Quem também respira novos ares em outros campos da Califórnia é o cornerback Jason Verrett, que assinou com o San Francisco 49ers. Para compor o elenco dois veteranos chegaram: o linebacker Thomas Davis (ex Carolina Panthers) e o quarterback Tyrod Taylor (que estava no Cleveland Browns).
Principal reforço: Thomas Davis, LB. Claro que Davis já demonstra sinais de declínio e não é mais o jogador que formava com Luke Kuechly um duo fabuloso na ida dos Panthers ao Super Bowl 50. No entanto, ainda trata-se de um jogador com processamento mental acima da média e que conhece os atalhos do campo. Sua imponência física dentro do box ainda se faz valer e é um dos fatores que os Chargers sentiram falta no jogo contra os Patriots nos playoffs da temporada passada.
Principal perda: Tyrell Williams, WR. Os Chargers seguem tendo um bom grupo de recebedores, mas Williams trazia profundidade. Jogador confiável e com boa sincronia com Philip Rivers, produzia em profundidade e teve recepções importantes em jogos difíceis.
As armas são excelentes, mesmo sem Melvin Gordon
Que Philip Rivers continua produzindo em alto nível mesmo com a idade avançada ninguém mais tem dúvidas. Não à toa, foram mais 4000 jardas e 32 touchdowns lançados na temporada passada. Seu braço não demonstra sinal algum de declínio e mesmo com a sua famosa mecânica “diferente”, o quarterback dos Chargers continua sendo muito preciso. Se a mobilidade nunca foi seu forte, a sua capacidade de estender jogadas se movendo no pocket segue intacta e sua capacidade ler as defesas segue ainda mais refinada.
Se no backfield costumeiramente o time tinha Melvin Gordon, talvez vejamos um cenário diferente em 2018. Com o running back querendo um super contrato (e os Chargers sabiamente mostrando não querer pagar), uma divisão entre os bons Austin Ekeler e Justin Jackson deve acontecer.
Ancorado num bom trabalho de uma sólida linha ofensiva, os dois são capazes de produzir e fazer com que a torcida não sinta falta de uma das suas estrelas. Pagar caro num running back nunca é bom negócio, quem dirá num que sofre com várias lesões como Gordon.
No jogo aéreo a expectativa é que o tight end Hunter Henry fique saudável e atinja seu potencial. Após duas boas temporadas, ele perdeu o ano de 2018 por uma lesão no joelho e fez falta para a equipe. Entre os wide receivers, Mike Williams demonstrou evolução em 2018 e começa a dar sinais que irá justificar a sétima escolha do Draft de 2017. Keenan Allen é um dos melhores da liga na posição e cria separação do marcador como poucos. Travis Benjamin é um sólido complemento ao grupo.
Uma fábrica de grandes momentos
Uma das defesas com mais talento reunido de toda liga. É assim que podemos definir a unidade defensiva dos Chargers, com jogadores de alto nível em especial na pressão ao quarterback e na secundária. Secundária aliás, que de tão versátil faz com que o time jogue mais de 60% dos snaps com 6 defensive backs em campo (formação dime). Isso mostra quão talentoso e versátil é esse grupo e como é bem explorado pelo coordenador Gus Bradley.
Casey Hayward e Trevor Williams são uma boa dupla de cornerbacks, mas é na posição de nickel que está o melhor da posição: Desmond King é um dos melhores jogadores da NFL na posição, marcando o slot, e sua capacidade de antecipar os quarterbacks e reagir é muito acima da média. Entre os safeties, Derwin James vai para sua segunda temporada para provar que já é um astro na liga. Capaz de jogar em qualquer lugar e com atleticismo e técnica fenomenais, James chegou no seu ano de novato impressionando a todos e já se tornando um All-Pro. O já citado Nasir Adderley chega para dar ainda mais dinamismo a esse grupo, que deve colecionar interceptações durante o ano.
Na pressão, Joey Bosa e Melvin Ingram são nomes que assustam. Bosa tem sofrido com lesões, mas em 2017 quando ambos estiveram em campo em todos os jogos, a dupla atingiu 22,5 sacks combinados. Além disso, o novato Jerry Tillery chega para ajudar na pressão pelo meio da linha. Conseguir chegar no quarterback será fundamental, em especial nos dois jogos em que o time enfrenta os Chiefs e Patrick Mahomes. Vale destacar ainda a melhora no grupo de linebackers com a chegada de Thomas Davis e a evolução do segundo anista Uchenna Nwosu.
Como efeito, a defesa certamente tem talento para ser uma das melhores da NFL em 2019.
O que mudou na Intertemporada? Muito pouco. O time fez movimentos pontuais na free agency e boas escolhas no início do Draft. Melvin Gordon está em greve por que quer um novo contrato e a novela parece que irá se estender até o início da temporada. Philip Rivers foi pai pela nona vez.
Aspecto tático: O coordenador defensivo Gus Bradley é adepto de um sistema que utiliza múltiplos defensive backs em campo e tem como base a cobertura em cover 3, com carta branca do head coach Anthony Lynn. O sistema é muito parecido com o utilizado pela famosa “Legion of Boom” do início da década do Seattle Seahawks, mas ainda precisa de ajustes, em especial contra o jogo corrido.
Jogo mais importante: @ Chiefs, Semana 17. Numa divisão polarizada pelos dois times, a última semana pode realmente ser uma decisão de quem vence a divisão e possivelmente garante folga na primeira rodada dos playoffs bem como mando de campo na semifinal de conferência. Tem tudo para ser eletrizante – e para ser o Sunday Night Football da Semana 17.
Pergunta a ser respondida: É a última chance de Philip Rivers chegar ao Super Bowl? Provavelmente sim. Tendo por vezes elencos de qualidade, o time derrapou em momentos cruciais e ficou sempre a um passo da glória. Com 38 anos e em seu último ano de contrato, é vencer ou vencer para Rivers.
2019: O que você precisa saber! O time é forte e bem treinado por Anthony Lynn. Não existem grandes buracos no elenco e as vitórias contra Chiefs e Ravens em terreno hostil em 2018 mostram que o time já tem uma “casca” necessária para grandes momentos. Derwin James é uma estrela em ascensão. Vencer a divisão e não ter que ir a Foxboro ou Kansas City nos playoffs é fundamental para chegar ao Super Bowl.
Com a batata assando: Melvin Gordon: Fazendo greve para ter um novo contrato, Gordon pode rapidamente perder valor caso Austin Ekeler e Justin Jackson comecem a produzir. Com um ataque aéreo eficiente e que abre espaços para o jogo corrido, além de um bom trabalho da linha ofensiva, podem fazer com que Gordon mude de ideia ou dê adeus a Los Angeles.
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Muito mais maduro e com menos buracos no elenco que nas últimas temporadas, os Chargers tem nos Chiefs um adversário direto pela divisão e que pode ser crucial nas suas pretensões. Vencer a AFC Oeste é essencial para ter uma folga nos playoffs. Philip Rivers vai para seu possível último tiro em direção ao Super Bowl com muitas armas e uma grande defesa lhe dando suporte. Não ficarei em cima do muro: O time vence 13 jogos, ganha a AFC, chega ao Super Bowl e finalmente ganha o título.
